Museu no Peru usa “huacos eróticos” para ensinar homens a despistar o cancro

BluesyPete / Wikimedia

A iniciativa foi feita em parceria com a Liga Contra o Cancro peruana, depois desta ter notado que 45% dos diagnósticos oncológicos em homens em 2021 já foram tardios.

O Museu Larco, em Lima, tem uma das melhores coleções de esculturas da cultura Moche em todo o mundo, sendo que muitas delas são explícitas. Em vez de as esconder, o museu decidiu apostar numa função didática e usá-las para incentivar os homens a fazerem testes de despiste ao cancro da próstata e dos testículos.

De acordo com a Reuters, a exposição chama-se “Toque os Genitais da Mochica” e abriu a 25 de Fevereiro de 2022, e incentivou os homens a tocarem nas esculturas, que têm mais de 1000 anos.

As esculturas de argila mostram vários atos sexuais e deixaram alguns visitantes constrangidos, mas isso não deteve a direção do museu. “O objetivo é aproximar-mos o conhecimento dos nossos antepassados sobre o corpo humano, exprimido através destas esculturas de cerâmica a que chamamos ‘Huacos Eróticos‘”, revelou Ulla Holmquist, diretora do museu e antiga Ministra da Cultura do Peru.

A pandemia também teve dedo nesta iniciativa, já que o foco dos serviços de saúde no combate ao coronavírus levou a que os diagnósticos de cancro fossem adiados. As autoridades de saúde ficaram preocupadas quando os diagnósticos de cancro nos homens subiu da média de 8700 para mais de 10 000 em 2021.

O Museu Larco aliou-se ainda à Liga Contra o Cancro, uma empresa privada que avança que 45% destas diagnósticos já foram feitos demasiado tarde para serem curados, escreve o All That’s Interesting.

O diagnóstico atempado do cancro é assim essencial, mas é ainda raro nas doenças que afectam os homens, dado que muitos não sabem como o fazer. Os visitantes masculinos do museu foram assim incentivados a apalpar as estátuas em busca de nódulos ou partes mais ásperas.

A Liga Contra o Cancro aconselha ainda os homens a adoptarem esta práctica no seu dia a dia, devendo usar luvas e lubrificarem um dedo, que devem inserir no reto.

A cultura Moche viveu no norte do Peru desde 150 D.C. até ao fim do século VIII e a sua arte continua a ser fascinante. As esculturas e pinturas da civilização representavam atividades desde a pesca, a caça, os sacrifícios humanos e, no caso dos ‘huacos’, o foco era a sexualidade.

Tantos séculos depois, para além de serem ainda uma forma de sabermos mais sobre esta antiga civilização, estas esculturas são agora úteis na luta contra o cancro.

ZAP //

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