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Uma exposição criada pelos seguranças. No Museu de Arte de Baltimore, os guardas viraram curadores

Museu de Arte de Baltimore

A iniciativa pretende mostrar a visão de quem não é tecnicamente um especialista, mas convive com obras de arte todos os dias. O museu espera que outras instituições adotem iniciativas semelhantes.

Já há anos que Rob Kempton e 16 outros trabalham no Museu de Arte de Baltimore como seguranças. Mas por estes dias, a descrição de trabalho destes guardas mudou, já que passaram a ser curadores por uns dias.

A exposição “Guarding The Art” inclui 25 obras de arte e foi inteiramente escolhida pelos membros da equipa de segurança de museu. Abriu no dia 27 de Março e pode ser visitada até 10 de Julho.

A ideia partiu de Amy Elis, uma curadora no museu, após uma conversa que teve com um amigo que lhe disse que “os guardas passam mais tempo com a arte do que qualquer outra pessoa”, diz à CNN. “Por isso fui para casa e pensei, bem, não seria interessante ouvir os guardas sobre quais as obras que são mais importantes?”.

Rob Kempton já trabalha no museu desde 2016 e nem pensou duas vezes antes de aceitar o convite. “Nunca tinha sido um segurança antes. Mas trabalhar no BMA, estar rodeado de arte, foi algo que me pareceu importante”, afirma, revelando que agora gosta tanto de arte que até já tirou uma licenciatura na área e que considera a exposição uma oportunidade para aplicar o que aprendeu.

O processo de preparação para a exposição demorou dois anos, com a escolha das obras, o design da instalação, a criação de conteúdos para o catálogo e outros materiais e o planeamento das visitas e outros programas públicos.

“O que é mais interessante é que, através das obras que são escolhidas aprendemos mais sobre os guardas e o porquê das escolherem, através das histórias que eles contam ligadas a cada obra”, explica Elias.

Kempton espera que os visitantes saiam da exposição com uma “nova experiência” e que se sintam “desafiados e inspirados” ao verem “objetos tão díspares com conversa uns com os outros”.

Asma Naeem, curadora chefe do museu, acredita que a iniciativa reflete as tentativas da instituição para mudarem o status quo e darem voz a pessoas pouco representadas no mundo da arte.

“É uma ideia simples. Mas faz algumas perguntas profundas sobre para quem a arte é. Para quem são os museus? Quem pode falar sobre arte? Quem é que é conhecedor? Há outros tipos de pessoas que têm conhecimento sobre arte e que queremos ouvir?”, questiona.

As obras escolhidas abrangem temas desde o movimento Black Lives Matter, a pandemia e as relações dos guardas com os seus trabalhos. Elias lembra que outros museus podem copiar esta iniciativa. “Acho que seria muito interessante para muitos outros museus fazer isto”, remata.

ZAP //

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