Além de ter sido embrulhada numa “carapaça de lama”, algo nunca antes visto na mumificação egípcia, esta múmia com 3400 anos foi também descoberta no caixão errado.
De acordo com o site Live Science, esta foi uma descoberta surpreendente porque os restos mortais estavam embrulhados numa espécie de “carapaça de lama”, que é, segundo os investigadores, “um tratamento mortuário que não tinha sido documentado anteriormente no registo arqueológico egípcio”.
É possível que a lama tenha sido usada para estabilizar a múmia depois de esta ter sido danificada, ou então para tentar imitar práticas usadas pela elite da sociedade que, por vezes, usava materiais à base de resina.
“A lama é um material mais acessível”, explicou ao mesmo site Karin Sowada, investigadora do departamento de História e Arqueologia da Universidade Macquarie, na Austrália, e líder do estudo publicado, a 3 de fevereiro, na revista científica PLOS ONE.
Esta não é, porém, a única característica estranha da múmia, que data de um período em torno do ano 1207 a.C. Os investigadores descobriram que, além de ter sido danificada após a morte, estava no caixão errado.
Tal como muitas outras múmias egípcias, esta “múmia de lama” e o seu caixão foram adquiridos por um colecionador ocidental (neste caso, o político inglês-australiano Sir Charles Nicholson). Mas parece que quem lhe vendeu estes artefactos tinha uma carta na manga porque o caixão é mais recente do que os restos mortais que estão dentro dele.
“Os traficantes locais colocaram provavelmente um corpo mumificado não relacionado neste caixão para venderem um ‘conjunto’ mais completo, uma prática bem conhecida no comércio local de antiguidades”, escreveu a equipa no estudo científico.
O caixão tem inscrito o nome de uma mulher – Meruah ou Meru(t)ah – e data aproximadamente do ano 1000 a.C., de acordo com a iconografia que o decora, o que significa que é cerca de 200 anos mais novo do que a múmia.
No entanto, embora os restos mortais e o caixão não coincidam, as pistas anatómicas mostraram aos arqueólogos que também se tratava de uma mulher, que terá morrido quando tinha entre 26 e 35 anos.
“Esta é uma descoberta genuinamente nova na mumificação egípcia. Este estudo ajuda a construir uma maior imagem – e com mais nuances – de como os antigos egípcios tratavam e preparavam os seus mortos”, concluiu Sowada.