De civis a soldadas, há milhares de mulheres ucranianas a combater os russos

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Desfile militar em homenagem ao Dia da Independência da Ucrânia, em 2018.

As mulheres não se escondem durante a invasão russa e muitas delas juntaram-se aos militares ucranianos na defesa do seu país.

A reforma militar ucraniana de 2014 permitiu que mulheres adotassem funções de combate no exército. No início de 2021, havia cerca de 57.000 mulheres nas forças armadas da Ucrânia, representando 22,8% do total, segundo o Ministério da Defesa.

Num artigo do The Wall Street Journal, do dia 17 de fevereiro, lia-se que caso os russos invadissem a Ucrânia, as mulheres estariam na linha da frente.

E assim foi. A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. Apesar de apenas haver indicação para os homens ficarem a lutar, várias mulheres juntaram-se à causa.

“O risco de dizer adeus à vida está sempre presente. Não temos medo da morte; temos medo de ser escravas”, disse Kristina em declarações à VICE. “Estarei na minha terra até ao fim”.

Não são apenas as mulheres das forças armadas que mostram a sua coragem. Até mesmo civis ucranianas manifestaram a sua força contra os invasores russos.

Nas redes sociais, circulou um vídeo de uma mulher a confrontar soldados russos, entregando-lhes sementes de girassol para as flores desabrocharem na terra “quando morreres aqui”.

Na CNN, uma avó de um subúrbio de Kiev mostrou os cocktails molotov que estava a fazer a partir de instruções que encontrou no Google. “Deixe esses m***** russos virem aqui”, disse a mulher. “Estamos prontos para recebê-los”.

Em Dnipro, no leste da Ucrânia, através de imagens transmitidas pela Sky News, também é possível ver um grupo de mulheres a preparar cocktails molotov.

A deputada ucraniana e líder do partido político Voz, Kira Rudik, recorreu às redes sociais para partilhar uma fotografia sua a empunhar uma arma.

“Aprendo a usar uma Kalashnikov e preparo-me para segurar armas. Parece surreal, pois há apenas alguns dias isto nunca me ocorreria. As nossas mulheres protegerão o nosso solo da mesma forma que os nossos homens. Força Ucrânia!”, escreve Rudik no Twitter.

As mulheres sofrem um risco extra. Além de poderem enfrentar a morte, são também vítimas de violação. O próprio ministro dos Negócio Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou para a situação.

“Quando as bombas caem nas nossas cidades, quando os soldados violam mulheres em cidades ocupadas — e temos inúmeros casos de violações, infelizmente — é difícil falar em aplicação de leis internacionais”, disse Kuleba, esta sexta-feira, citado pela Reuters.

A ex-miss Anastasiia Lenna, que representou a Ucrânia no concurso Miss Grand International de 2015, tornou-se uma sensação nas redes sociais.

“Todos que cruzarem a fronteira ucraniana com a intenção de invadir serão mortos! Parem a agressão russa! Fale, mundo!! Agora!!”, escreveu a jovem de 31 anos numa história divulgada no Instagram.

Numa outra publicação, Lenna aparece equipada a rigor com equipamento militar e a empunhar uma arma de fogo.


Daniel Costa, ZAP //

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