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Mulheres que aderem à jihad são cheerleaders, não são vítimas

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ranoush / Flickr

As mulheres ocidentais que se juntam ao grupo extremista Estado Islâmico são atraídas pela mesma paixão ideológica que muitos dos homens recrutados e deverão ser vistas como “chefes de claque” potencialmente perigosas e não como vítimas.

Um estudo do Instituto para o Diálogo Estratégico (ISD), sediado em Londres, sustenta que se espera que as cerca de 550 mulheres que viajaram para o Iraque e para a Síria se casem, sejam donas-de-casa e tenham filhos.

Mas apesar de serem impedidas de combater, muitas são ativas propagandistas da causa nas redes sociais, celebrando a brutal violência dos militantes do Estado Islâmico (EI) e agindo como sargentos recrutadores e mesmo encorajando ataques no estrangeiro.

“A linguagem violenta e a dedicação à causa são tão fortes como as que existem em alguns dos homens”, disse o co-autor do estudo, Ross Frenett, um especialista em extremismo.

“A preocupação é que à medida que o EI perca terreno, como toda a gente espera que aconteça, cada vez mais destas mulheres se transfiram do mundo doméstico em que estão agora para um mais violento“, observou o investigador.

Muito se tem escrito sobre as jovens mulheres que se tornam “noivas jihadistas“, mas a narrativa prevalecente de que são atraídas por um sentimento de entusiasmo subestima a importância da sua própria fé e paixões.

“Quem me dera ter sido eu”

Os investigadores do ISD têm monitorizado centenas de mulheres nas redes sociais, mas centraram-se para este estudo em 12 mulheres de cinco países – Áustria, Reino Unido, Canadá, França e Holanda – que estão a viver com o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Algumas das mulheres apoiaram as decapitações executadas pelos militantes – “Quem me dera ter sido eu a fazê-las”, disse uma delas depois de o jornalista norte-americano Steven Sotloff ter sido morto – bem como os protestos contra os Governos ocidentais e o sofrimento dos muçulmanos.

“A minha melhor amiga é uma granada… E, ainda por cima, é americana. Que Alá permita que eu mate os soldados Kanzeer (porcos) com as suas próprias armas”, disse outra.

As mulheres desempenham outra função importante: aconselham e encorajam outras mulheres que estejam a pensar em juntar-se ao EI.

“Elas estão a recrutar ativamente mulheres e a dar-lhes conselhos e referências para entrarem em território controlado pelo EI”, indicou Frenett, que acrescentou que aquelas mulheres “agem como chefes de claque incentivando ataques terroristas nos seus países natais”.

“Tem havido este ângulo-cego de género, em que se vê as mulheres como vítimas em vez de potenciais terroristas“, sustentou Jayne Huckerby, professora associada na Faculdade de Direito da Duke University que se está a especializar no estudo da relação entre mulheres e contra-terrorismo.

Para a académica, “os legisladores não prestaram atenção e subestimaram o terrorismo feminino tanto em termos de motivação para aderir como quanto aos papéis por elas desempenhados”.

Criar uma imagem para o EI

Segundo Jayne Huckerby, muitas mulheres decidem abandonar os países ocidentais por causa da perda ou de restrições à liberdade de praticarem a sua fé e são atraídas para o EI por um sentido de aventura e entusiasmo por uma nova utopia islâmica.

O seu papel fundamental, além de serem mulheres e mães, é passar para o mundo exterior uma imagem do quotidiano sob o poder do EI, através de ‘posts’ nas redes sociais que intercalam vídeos violentos com fotos dos seus cozinhados.

“Elas são muito importantes em termos de criar uma nova imagem para o EI, menos de um grupo terrorista e mais como exercício de criação de um Estado”, frisou Huckerby.

A investigadora indicou que muitas estão também dispostas a combater, um ponto também sublinhado por Melanie Smith, do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização, no King’s College, em Londres.

Smith, que mantém uma base de dados com cerca de 70 mulheres que são membros do EI, diz que as mulheres britânicas estão a incitar ataques ao sugerirem-nos a pessoas que não podem viajar para o Iraque ou para a Síria.

“Vê-se mulheres online a sentirem-se frustradas por não poderem combater e sugerem umas às outras que poderiam fazer outra coisa”, indicou ao jornal The Observer.

Apesar do seu ímpeto guerreiro, muitas das mulheres têm dificuldade em deixar para trás as famílias, um fator que poderá ser fundamental para as manter em casa.

Frenett indicou que as autoridades deveriam dar mais apoio aos parentes dessas mulheres e também oferecer uma saída àquelas que se desiludem.

“É preciso que haja um caminho disponível para elas quando regressam a casa”, defendeu.

/Lusa

1 Comment

  1. É uma mistura muito estranha de sentimentos em relação a este problema e talvez até esteja a ser egoísta pensando apenas na nossa segurança, a primeira é que todos o que tem afinidade com a causa da jihad devíamos deixa-los ir embora, e todos os que valorizam a causa no nosso território deviam ser sinalizados porque mais dia, menos dia vamos ter problemas com estes tipos a rebentar-nos em sítios como supermercados ou outros quando estivermos lá a fazer compras, e depois há-de vir o governo a dizer que devia ter sido feito mais pela nossa segurança….., pois mas nessa altura é tarde, a medida radical, é que os que saíram jamais poderiam entrar em Portugal, isso era abrir as portas as bombas saltitantes.

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