As mulheres devem ficar “preocupadas” com o livro que Passos Coelho apresentou

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Manuel de Almeida / LUSA

Pedro Passos Coelho no lançamento do livro “Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”

O que impede a procriação não são os homossexuais. A identidade e a família voltam a ser assuntos “quentes”.

Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade

O livro, que teve apresentação de Pedro Passos Coelho, é o assunto “quente” em Portugal no início desta semana.

A obra apresentada nesta segunda-feira foi escrita por 22 autores conversadores – nenhum deles é Passos Coelho. Há colaborações, entre outros, de Manuela Ramalho Eanes, Manuel Clemente e José Ribeiro e Castro.

A iniciativa surgiu por parte do Movimento Ação Ética (MAE) – coordenado por António Bagão Félix, Victor Gil, Pedro Afonso e Paulo Otero – e contou com a participação de várias personalidades de direita conservadora.

Os textos mostram uma posição contra “iniciativas” que têm “lesado a instituição familiar”: eutanásia, aborto, “ideologia” de género, ou casamento entre homossexuais.

“Não podemos desvalorizar os adversários da família, umas vezes mais à luz do dia, outras vezes de um modo mais subtil e larvar, mas nem por isso menos dissolvente”, lê-se por exemplo na introdução.

Os “adversários” da família são a “escola pública”, as “posições radicais e mediaticamente potenciadas” e ainda “a chamada ideologia de género”.

É uma espécie de manifesto anti-progressista, como retrata o jornal Expresso.

Na apresentação, Pedro Passos Coelho acrescentou, por exemplo, que Portugal não deve ter um ensino ao estilo da União Soviética. Disse que o Estado precisa de ajudar “as famílias”, mas avisa que as escolas não devem transmitir “ideologia” e “ideias e valores que são muitas vezes opostos àqueles que os pais querem transmitir aos seus filhos”.

“As famílias precisam de ser ajudadas na educação dos filhos, mas dificilmente o conseguiremos com uma espécie de sovietização do ensino”, justificou o antigo primeiro-ministro.

Porque as mulheres não se queixavam

Este livro é preocupante. Sobretudo para as mulheres, avisou Catarina Marques Rodrigues.

A jornalista e activista sente-se “preocupada” porque, a poucos dias de assinalarmos os 50 anos do 25 de Abril, estamos focados em temas como a “igualdade de género e as pessoas transexuais”.

“Há frases (no livro) que são muito preocupantes para uma geração de mulheres que não quer voltar para trás, mas que quer avançar”.

Dizem que as mulheres nunca se queixaram, como se nunca tivesse havido desigualdade de género, como está a haver. Nunca se queixaram de forma activa, até há alguns anos – porque, se o fizessem, eram violentadas ou mesmo mortas“, explicou, na CNN Portugal.

“Há 50 anos as mulheres não podiam votar, não podiam abrir uma conta bancária, não podiam sair do país sem autorização do marido, não podiam ser diplomatas ou militares, por exemplo”.

“Não foi assim há tanto tempo. E querer voltar ao tempo de discutir se o papel da mulher deve ser mais em casa, e se o papel do homem deve ser no espaço público, é regredir“, analisou Catarina.

Não há ideologia de género

Em relação à “ideologia de género… é algo que não existe. O que existe é identidade de género, pessoas que não se sentem homens ou mulheres – que são uma minoria”.

E, com números, falou sobre as críticas ao casamento homossexual: “Dizem que é um ataque ao conceito de família tradicional. Os números dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo são bastantes inferiores aos de casamentos entre pessoas de sexos diferentes” – em 2020 houve quase 19 mil casamentos no total e apenas 445 foram entre homossexuais; em 2021, num total de 29 mil, só 549 foram entre homossexuais.

Por isso, “não há um ataque, invasão, ou conceito de destruição de família tradicional“.

“E se se entende que família tradicional é homem, mulher e filhos; e se se entende que um ataque à família tradicional é a não procriação, o que impede de ter um homem e uma mulher de ter filhos é a crise na habitação, é a precariedade, são os baixos salários. Não são os homossexuais“, finalizou.

Pedro Passos Coelho disse, durante a apresentação do livro: “É fácil descambar para rótulos como ultraliberais, neoliberais, ultraconservadores, fascistas. Já me chamaram fascista várias vezes. Quando estamos seguros do que defendemos, não há problema”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

14 Comments

  1. Preocupante é ver o feminismo tóxico que oblitera totalmente os direitos das mulheres… E Nno quero saber da orientação sexual ou como alguém se identifica, mas não me peçam para compactuar com pessoal demente e nem ousem que trate um homem ou uma mulher por “eles” ou “entidades”…. Identidade biológica existe, é determinada na conceção e não é dependente da vontade ou sentimentos! PONTO!

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  2. As mulheres devem ficar preocupadas, mas é quando os Muçulmanos começarem a impor às mulheres portuguesas o uso da burca, nessa altura é que as mulheres vão ver o que é serem tratadas abaixo de lixo.

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  3. Não são só as mulheres, que devem ficar preocupadas com o livro de Pedro Passos Coelho. Quando se comemoram os 50 anos de democracia, aparece vindo das trevas , este Sr. Conservador com ideias de um tempo que jamais poderá voltar. É vergonhoso, este país ter jovens que em vez de quererem progredir, dão força à direita quando sabem de antemão, que são contra todas as ideias, progressistas de valorização do ser humano como igual.

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  4. Se é que se pode chamar feminismo a uma ideologia que, com base em mentiras, deturpação, imposição, cancelamento e censura, fomenta a apropriação dos direitos da mulher e da sua identidade por parte de doentes mentais a quem dão tempo de antena, em troca de nada. Penso que muito rapidamente o wokismo terá finalmente a expressão proporcional à ruidosa minoria que o promove, ou seja, zero.

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  5. Preocupante , é o facto de dar tanta importância a este Sr. , cujo objetivo , com un Livro do qual é Autor ; tem un único propósito , enaltecer a Ditadura e o Tempo da Outra Sra. ! . Deste Coelho , já provei e não gostei ! .

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  6. Não comento o que não li, ao contrário da maioria que aqui comentaram, baseados apenas nuns soundbites de comentadeiros do sistema responsáveis pelo o wokismo que paira nesta sociedade. Muito haveria a dizer sobre esta ideologia de género, entretanto as crianças e mulheres serão os primeiros a sofrer as consequenciais infelizmente.

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  7. Quem deveria ficar em estado de alerta é sim a democracia portuguesa. E o respectivo Passos Coelho. Talvez se tenha anulado, com a edição de um livro totalmente desnecessário nos 50 anos de Abril!

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  8. Com tanto ainda a fazer por uma sociedade mais justa e equilibrada é triste ver livros destes que se assemelham demasiado com a história do hand maiden tale.
    O wokismo é exagerado mas entre woke e ditadura fascista com laivos de religiosos fanáticos, venha… A democracia.
    Essa pela qual lutamos ainda todos os dias e celebramos os 50 anos!
    Mas temos de estar muito atentos a este tipo de obras infelizmente tem que ser.

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  9. Não podemos confundir o caos que presentemente existe com os “géneros” sexuais (ou ausência deles) , a libertinagem de costumes, os excessos de exibição, as exigências e manipulação destes grupos, com as justas conquistas das mulheres, com o seu direito à autodeterminação, e é isto que este questionável cidadão faz, “metendo tudo no mesmo saco”, aproveitando o desconforto de grande parte das pessoas para gerar animosidade e arregimentar militantes que com ele gritem por um regresso ao papel passivo da mulher, que securizaria muitos mechos que nunca passarão de homenzitos.

  10. “As mulheres devem ficar “preocupadas” com o livro que Passos Coelho apresentou”
    Não me sinto nada ameaçada por um livro.
    Esta afirmação é uma mera “caça às bruuxas” para quem tem um pensamento diuferente de uma agenda

    Sinto-me sim com esta aĝenda trans que pretende equiparar-se à Mulher, tentando substitui-la em competições, em concursos, na sociedade, abanando uma bandeira da Inclusão para não se incluir mas para se sobrepor

    Quanto à agenda das siglas e das orientações sexuais, vai correr mal porque emocionalmente as novas gerações não estão estruturadas emocionalmente nem psicologicamente para esta mudança, é tudo muito manipulado, um caso de estudo para os analisadores comportamentais. Aliás, considero que a Ideologia do Género não passa de mais uma agenda de experiênciação e as novas gerações são meras cobaias

    Não me sinto sinto ameaçada por um livro de Passos Coelho, nem me identifico com campanhas de “Lábios vermelhos”.

  11. E os direitos do homem?! Existem no estado misandrico?!
    Porque a mulher pode decidir se quer ser mãe e o homem não pode decidir se quer ser pai?!
    Porque a mulher decide pelo homem?! Manda na vontade do homem?! É normal numa democracia?! São estes os direitos humanos, mas de quais humanos?! Só as mulheres são humanos?!..
    É misandria e feminazismo..
    Onde está a igualdade?

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