Ainda insatisfeitos com alguns os problemas que não ficaram resolvidos desde há dois anos para cá, os motoristas ameaçam uma nova greve.
Há dois anos, em abril, a greve dos motoristas apanhou tudo e todos de surpresa. Com os camiões parados, a escassez de combustível fez-se sentir e as pessoas acorreram numa corrida às bombas de gasolina para atestar os seus automóveis, com medo que o combustível esgotasse. Longas filas de espera marcaram este episódio. Quatro meses depois, em agosto, uma nova greve.
Dois anos depois das greves dos motoristas de mercadorias e matérias perigosas, “ainda há muitos e muitos problemas para resolver”, diz o presidente do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) em declarações ao Público.
Anacleto Rodrigues diz que as horas extraordinárias e a tabela salarial dos motoristas são as suas principais preocupações.
Os horários abusivos a que são sujeitos muitos trabalhadores e o recurso abusivo ao layoff simplificado são os problemas identificados por Francisco São Bento, presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).
“Os motoristas nunca pararam de trabalhar. O descontentamento entre os profissionais não pára de escalar, e entre os nossos associados há quem esteja já a pedir para voltarmos a endurecer a luta”, acrescentou o sindicalista.
A um ano de o Contrato Coletivo de Trabalho assinado entrar em revisão, há a ameaça de uma nova greve.
Francisco São Bento realça que há dois anos as pessoas só foram apanhadas desprevenidas “porque estavam distraídas”, uma vez que andavam a falar disto “há muito tempo”. Agora não será diferente, sublinha: “Não nos vamos calar”.
Este sábado entram em vigor as alterações ao “regime jurídico do contrato de transporte rodoviário nacional de mercadorias”. O objetivo é regulamentar os tempos de espera nas cargas e descargas. Para além disto, os motoristas pediam uma melhoria das condições salariais, queixavam-se das jornadas de trabalho de 12 horas e de intermináveis horas extraordinárias.
“No início notaram-se algumas melhorias, mas depois acabou por ficar tudo na mesma”, diz Anacleto Rodrigues, referindo-se ao período após as greves de 2019.