Motorista de Cabrita só travou o carro depois de atropelar trabalhador

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Tiago Petinga / Lusa

O ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

O ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

A perícia ao acidente do carro em que seguia o ex-ministro Eduardo Cabrita revela que o veículo só terá travado já depois de ter embatido no trabalhador.

O motorista de Eduardo Cabrita apenas terá começado a travar já depois de ter atropelado o trabalhador na A6. A conclusão deriva da perícia dos especialistas da Universidade do Minho, que sugerem que o condutor apenas se terá apercebido que ia atropelar Nuno Santos, de 43 anos, quando já estava próximo dele.

Marco Pontes, o motorista do carro onde seguia o ministro demissionário, foi acusado de homicídio por negligência, segundo despacho de acusação do Ministério Público. O motorista seguia a 163 quilómetros por hora.

O Ministério Público diz que Marco Pontes não teve uma “condução segura”, seguindo sempre pela via da esquerda e não se precavendo para um eventual “embate da viatura”.

Depois de realizarem testes no autódromo do Estoril, os peritos concluíram que o BMW do então ministro apenas parou 105 metros após o embate com o trabalhador, avança o jornal Público.

Além de Eduardo Cabrita, seguiam ainda no carro Paulo Machado, oficial de ligação da GNR do Ministério da Administração Interna, Rogério Meleiro, segurança pessoal do então ministro, e o assessor David Rodrigues.

No entanto, o despacho diz que o BMW onde o então ministro da Administração Interna circulava tinha cinco ocupantes, quando na verdade tinha quatro. O Expresso consultou o processo e escreve que o segurança de Cabrita não seguia no carro.

Os especialista da Universidade do Minho explicam que, nestas situações, é mais rápido agir mexendo o volante do que travando.

A perícia revela que o condutor apenas se terá apercebido que ia atropelar Nuno Santos já próximo dele, provavelmente porque este iniciou a travessia da faixa de forma repentina.

Os peritos explicaram ainda que não foi possível fazer medições a velocidades mais elevadas, porque houve um problema técnico numa travagem a mais de 160 km/h. Isto porque o sistema ABS dos travões falhou e um dos pneus ficou bastante danificado, escreve o Público.

Havia também alguma limitação de visibilidade para quem estivesse na parte inferior dos rails de proteção, dificultando a identificação da circulação de veículos.

Acidente poderia ter sido evitado a 120 km/h?

Por sua vez, a GNR também fez um relatório sobre o acidente, onde é explicado que se for provado que Nuno Santos não passou a estrada por questões de trabalho, é possível atribuir parte da responsabilidade à vítima — estando prevista uma coima de 24,94 euros.

A perícia concluiu que o motorista não teria evitado o acidente mesmo que seguisse aos 120 km/h permitidos por lei em autoestrada.

Nuno Santos teria uma visibilidade de “180 metros” obstruída por “toponímia da Brisa” e “vegetação”, explica um investigador da GNR especializado em acidentes rodoviários.

Um carro a 160 km por hora demoraria “4,1 segundos a percorrer esta distância”. Assim sendo, “mesmo que circulasse a 120 km/h, o acidente seria inevitável”, sentencia o especialista desta polícia.

Segundo o Expresso, a teoria de Jorge Martins, investigador da Universidade do Minho, difere da perícia do especialista da GNR. O perito explica que se o carro de Eduardo Cabrita fosse a 120km/h “haveria um terço mais de tempo e de espaço para a manobra”.

“Se o carro fosse a 120 km/h, havia maior possibilidade de o acidente ser evitado”, entende o especialista da universidade minhota.

Citado pelo semanário, o relatório da GNR explica ainda que circular pela esquerda e em excesso de velocidade “é o procedimento correto de segurança” nas deslocações “das altas entidades” e que estes factos não “retiram responsabilidade ao peão pela forma descuidada como iniciou a travessia das faixas”.

A procuradora Catarina Silva discorda categoricamente, que considera “injustificável” o facto de veículo seguir em excesso de velocidade na via da esquerda: “Atenta a velocidade que imprimia no veículo e ao posicionamento do mesmo na via, Marco Pontes não conseguiu parar atempadamente a viatura, nem desviar suficientemente a trajetória”.

Daniel Costa, ZAP //

11 Comments

  1. “circular pela esquerda e em excesso de velocidade é o procedimento correto de segurança nas deslocações das altas entidades…”
    Sendo eu ignorante excesso de velocidade e circular pela esquerda é uma infração ao código da estrada logo como se pode dizer que é um procedimento de segurança?
    E quais os argumentos para justificar a urgência da deslocação? Se a deslocação fosse de caracter urgente não deveria o carro ir com uma sirene ligada por forma a informar atempadamente os utilizadores da via da deslocação em emergência?

    Ainda não ouvi ninguem dizer mas ma forma simples de avaliar a velocidade média seria ver a hora de entrada no pórtico de via via e com a hora do acidente “fazer as contas”…
    Quanto à responsabilidade moral do ministro nada como avaliar as deslocações dos ultimos 3 ou 4 meses em autoestrada e verficar se as deslocações eram realizadas à velocidade média de 120 km ou se eram feitas a velocidades superiores. Se foram feitas a velocidades superiores então moralmente seria dificil descartar responsabilidades…

    Quanto ao tipo de trabalhos em execução se o trabalhador quiser fazer as necessidades nao tem outra opção que não seja passar do separador central para a berma e por trás de uma árvore ou arbusto fazer as necessidades… isto é apenas um dos motivos que pode levar os trabalhadores a atravessar a via…

    • Ignorante en excesso de velocidade, provavelmente V.Exa nem carta de condução tem. Até aos 90 por hora não se pode evitar alguém que se lança em cima de uma viatura.
      Auto-estradas existem para não haver peões a passear aí.
      Se o motorista tivesse perdido o controlo sobre a viatura, que não aconteceu porque ele reagiu de forma correcta, podia ter havido 5 mortos e não apenas um.
      O facto de Cabrita não ser uma pessoa simpática en cheio de empatia politica não afasta a culpa do acidente de quem a causou que é um peão

      • LOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL “Se o motorista tivesse perdido o controlo sobre a viatura, que não aconteceu porque ele reagiu de forma correcta, podia ter havido 5 mortos e não apenas um.” Mentira! Outra mentira: ninguém se lançou para a estrada! Os trabalhadores de manutenção da Brisa não têm direito a almoçar quer ver!? Têm que ficar o dia todo presos no centro de uma auto-estrada?!?!?!?!?!? O Sr. se trabalhar e quando trabalha fica as 8 horas seguidas a trabalhar?!??! Não me parece! Até porque por lei tem direito aos 5 minutos de intervalo por cada hora de trabalho! O Sr. Etter, deve ser comentador comprado, só pode! Pelo seu comentário se vê que também não percebe nada do que é marcha de urgência! É que para tal tem que existir uma emergência, coisa que não houve! O Sr. Armindo tem toda a razão no que diz! Cptos.

      • Confesso que fiquei com uma dúvida após ler atentamente o seu comentário: o senhor é assim tão limitado de raciocínio ou este momento terá sido inspirado no vinho?

  2. … se a viatura se deslocasse a 120 hm/hora (ou a menos) de certeza absoluta que não teria apanhado o trabalhador! … É uma realidade Física. A viatura se fosse <= 120km/hora, nem sequer ainda estaria nesse local no momento em que o trabalhador atravessou a via.
    Infelizmente, também se pode argumentar que se a viatura fosse a uma velocidade superior (ou muito superior) também já teria passado …. antes (ou muito antes) de o trabalhador atravessar a estrada… é outra realidade Física assente no mesmo princípio.
    Infelizmente, também haverão super iluminados que poderão afirmar que a viatura só apanhou o trabalhador porque essa viatura não circulava a uma velocidade superior… se fosse a 200 km/hora, não apanharia esse trabalhador, … quiçá outros (ou outras)!

    • Mas se tivesse andado a 90 a hora na faixa da direita, teria ignorado os tramites da GNR.
      Agora aprendi ainda cedo (na Marginal) que ser o mais rápido é muito mais seguro que ser o mais lento.
      E se eles tivessem despachados mais cedo teriam chegados a tempo para o atropelo.
      Mas quem diz que não é um de jogo de roleta russa entre trabalhadores das auto-estradas?
      O que é que o homem foi buscar na faixa central?

      • … claro que também haverá sempre super iluminados que afirmarão que o trabalhador não seria apanhado pela viatura nesse local (data e hora) se não tivesse atravessado a via… é também uma outra realidade Física

  3. Etter, se somos TODOS iguais perante a lei, porque razão nós temos de respeitar as leis (neste caso as rodoviárias) e os governantes, que têm o dever de dar o exemplo ao povo, não?!!! Ainda por cima era o ministro que superintende às autoridades que vigiam o cumprimento destas leis!!! Que moralidade tem este indivíduo para mandar multar, punir, os incumpridores se o veículo onde ele está a MANDAR… circula completamente fora da Lei?!!
    Um governo que não cumpre as leis não tem autoridade nenhuma para as fazer cumprir aos outros. E que moralidade têm os juízes que condenam os prevaricadores (do povo, claro), e absolvem ou nem sequer incriminam os políticos do governo?!!! Fechem os tribunais porque não têm moralidade para julgar ninguém.

  4. O Herman José estava no Brasil, sim?
    Assim é a justiça Portuguesa.
    Nunca viu um grupo de viaturas do Corpo Diplomático em deslocação? São todos bandidos então.

    A sua observação é fomentada pela frustração do Zé-ninguêm. Mas agora pode votar em Chega.
    Chega vai mudar a política.

    Lição da historia:
    O Chega Alemão chegou ao poder e incendiou a Assembleia.
    Dissolveu o Parlamento por não haver edifício.
    Meteu todos os oponentes políticos em campos de concentração.

    Meteu todos os ciganos em campos de concentração e mais alguns minorias.
    Confiscou-lhes os bens e distribuiu a riqueza assim gerada entre os adeptos da Chega.
    Você é um deste tipo de adeptos?

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