Mostrava o pénis no trabalho e ameaçou a esposa grávida. YouTuber conservador sob fogo

Gage Skidmore / Wikimedia

Steven Crowder está a ser acusado de abusar verbalmente a ex-mulher e de criar um ambiente de trabalho semelhante a um “culto”, onde insultava frequentemente os funcionários e obrigava-os a dormir no escritório.

O controverso YouTuber de direita Steven Crowder está em maus lençóis. O comentador, que tem mais de cinco milhões de subscritores, está a ser criticado depois de ter sido publicado um vídeo de 2021 que mostra uma discussão acesa entre Crowder e a sua ex-mulher, Hillary, que na altura estava grávida de gémeos.

No vídeo, Crowder acusa a mulher de não fazer “coisas próprias de uma esposa” e proíbe-a de sair de carro, afirmando que a única forma de o conflito ser resolvido é com “disciplina e respeito“.

O comentador acusa ainda a esposa de “desistir facilmente”, ao que esta responde que os abusos do marido são “doentios”. Crowder ameaça-a, dizendo para esta ter “cuidado”, ao que Hillary responde que está disposta a esquecer a discussão porque o ama.

“Eu não te amo, é esse o grande problema. Nunca recebi amor de ti e quando te digo para fazeres A, B, C e D, tens de ter disciplina. Mas tu dizes que não. Isso não é justo e é hipócrita. Hillary, tens razão, estamos num impasse. Torna-te alguém que faz o que eu digo todos os dias, digna de uma esposa. Não estás comprometida com nada”, respondeu Crowder, que admitiu que ameaçou a esposa com violência e que lhe gritou “vou-te f****”.

A família de Hillary emitiu um comunicado desde a divulgação do vídeo, afirmando que esta tinha escondido os “comportamentos emocionalmente abusivos” de Crowder dos seus amigos e familiares. O ex-casal, que se casou em 2012, entrou num processo de divórcio litigioso em 2021.

Crowder já reagiu ao vídeo publicado pelo jornalista Yashar Ali, afirmando que as imagens foram editadas de forma enganadora. A polémica está a levar a que até outras figuras influentes da direita norte-americana, como Candace Owens, critiquem o comportamento de Crowder e o descrevam como um “monstro”.

Segundo vários ex-trabalhadores do escritório do podcast “Louder with Crowder” ouvidos pelo The New York Post, o vídeo de Crowder a discutir com a ex-mulher não é surpreendente. “Não estou chocado, mas o que ele fez à Hillary é patético. Esse pode não ser o Steven que ele mostra no programa, mas esse é o verdadeiro Steven“, afirma um ex-funcionário.

Os trabalhadores afirmam que os abusos verbais eram uma constante, com Crowder a gritar com os funcionários, incluindo com o seu próprio pai, a obrigá-los a lavar a sua roupa suja e a despedi-los sem motivo aparente.

Há ainda acusações de que Crowder mostrava o seu pénis frequentemente aos trabalhadores. Em Março de 2018, Crowder e a sua equipa estavam numa carrinha quando o seu ex-produtor a quem gostava de chamar “Jared Não-Gay” adormeceu nos bancos de trás.

“O Steven estava sentado à frente e estava a brincar sobre o que ia fazer. Ele foi para os bancos de trás e pôs o pénis no ombro do Jared“, relata um ex-funcionário, que afirma que Crowder já tinha mostrado os seus genitais ao mesmo produtor em 2017.

Um outro funcionário afirma ter visto o YouTuber a esfregar os testículos no seu assistente, John Goodman, durante um voo em 2018. Crowder também se terá exposto a Dave Landau, um comediante e antigo co-apresentador do seu programa.

“Foi infantil. Mas depois eu descobri que isso era algo que ele fazia. No começo, eu pensei que ele estava a tentar ser amigável ou um dos rapazes. Agora vejo que foi um jogo de poder”, revela uma das testemunhas.

Desde a divulgação do vídeo com Hillary, Landau acusou Crowder de ser um “bully”. “Ele disse que era meu dono. Era venenoso”, revela.

Os trabalhadores descrevem ainda o escritório como um “culto” e dizem que Crowder não queria que os funcionários tivessem uma vida além do trabalho. Há até instâncias em que dormiram no escritório para cumprir tarefas adicionais exigidas pelo comentador em cima da hora, que lhes terá dito para serem “camaradas gratos” quando recebeu queixas sobre o excesso de trabalho, com jornadas que podiam chegar às 100 horas semanais.

“Não queremos que o Steven sofra. Queremos que os abusos parem ou que pelo menos os trabalhadores futuros saibam no que se estão a meter”, remata um ex-empregado.

Adriana Peixoto, ZAP //

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