Ministério da Cultura da Ucrânia deu “mais um motivo” para a Rússia prolongar a guerra

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O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov

Nova tensão entre Kiev e Moscovo, por causa do principal mosteiro ortodoxo da Ucrânia, em Kiev.

O papa Francisco apelou ao respeito pelos lugares de culto de todas as confissões na Ucrânia, mas o apelo foi em vão.

O Mosteiro Pechersk Lavra, em Kiev, o principal mosteiro ortodoxo da Ucrânia, tornou-se num novo centro de tensão entre Ucrânia e Rússia.

Esse mosteiro, da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo, é utilizado há décadas pelos ortodoxos, na capital da Ucrânia.

Mas a Ucrânia tem-se afastado (ainda mais) da Igreja Ortodoxa Russa, desde que a guerra começou – embora a separação oficial já tenha decorrido há mais de quatro anos.

Já ao longo do ano passado, o Serviço de Segurança da Ucrânia realizou dezenas de buscas em vários edifícios da Igreja Ortodoxa, incluindo este mosteiro na capital.

Agora, no dia 10 de Março, o ministério da Cultura da Ucrânia enviou um aviso àquele mosteiro: o acordo de arrendamento daquele espaço governamental, estabelecido em Julho de 2013, vai terminar na próxima semana, dia 29 de Março, e não vai ser renovado.

A Igreja deixa de poder utilizar aquele terreno do Estado na capital ucraniana. Todos os monges que ocupam o complexo do Mosteiro Pechersk Lavra têm de abandonar o local até ao dia 29 deste mês.

Os responsáveis do espaço alegam que não há fundamento legal para esta expulsão: “Isto é simplesmente um capricho de funcionários do Ministério da Cultura”.

E asseguram que se afastaram da Igreja Ortodoxa Russa – sobretudo porque o Patriarca Cirilo apoia a invasão à Ucrânia.

A Igreja Ortodoxa Russa, através do Patriarca Cirilo, de Moscovo, desencadeou nos últimos dias uma movimentação internacional, em articulação com o Kremlin, para tentar que o Governo de Zelenskyy recue nesta medida.

Sergey Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, já tinha dito à Organização das Nações Unidas que esta é uma tentativa de destruição da Igreja Ortodoxa Ucraniana.

Dmitry Peskov afirmou em conferência de imprensa que esta decisão “confirma que a operação militar especial na Ucrânia é correcta“.

“Isto prova e mostra mais uma vez que tudo o que estamos a fazer está absolutamente certo. Mais uma vez, gostaria de expressar o meu profundo pesar por estas acções ilegais do regime de Kiev não serem devidamente condenadas pela comunidade internacional.”

“O regime de Kiev está mais uma vez a demonstrar o seu carácter com estas acções ilegais, com estas invasões da igreja. Estamos a lutar contra isto e este regime deve ser travado nesta operação em andamento”, continuou Peskov, citado pelo Pravda.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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