A Rússia anunciou hoje um cessar-fogo sobre a cidade de Mariupol para permitir a retirada de civis do complexo industrial Azovstal.
Segundo a agência Lusa, a Rússia anunciou hoje um cessar-fogo sobre a cidade de Mariupol para permitir a retirada de civis do complexo industrial Azovstal, onde está o último bastião de resistência da cidade sitiada há várias semanas.
As tropas russas “vão interromper unilateralmente quaisquer hostilidades a partir das 14.00 de Moscovo (12.00 em Lisboa) de 25 de abril para retirar unidades a uma distância segura e garantir a retirada” de civis, anunciou o Ministério da Defesa russo em comunicado.
Segundo a nota, os civis serão levados para o destino que escolherem e avisou que a Ucrânia deverá mostrar “prontidão” para iniciar a evacuação “levantando bandeiras brancas” em Azovstal.
O Ministério especifica que as pessoas autorizadas a sair são mulheres, crianças e pessoal de fábrica.
“Se ainda houver civis na fábrica metalúrgica, então exigimos expressamente que as autoridades de Kiev dêem aos comandantes das formações nacionalistas (ucranianas) a ordem de os libertar”, acrescentou o Ministério russo.
O Presidente russo, Vladimir Putin, tinha exigido a rendição dos últimos combatentes ucranianos em Mariupol, dando instruções ao exército para que sitiasse “a área de tal forma que não passasse uma única mosca“.
O Governo ucraniano anunciou entretanto que, ao contrário do anunciado pelos militares russos, não foi possível um cessar-fogo para permitir a retirada de civis do complexo metalúrgico Azovstal, na cidade sitiada de Mariupol.
Kiev denuncia campos de detenção e tortura
O exército russo está a desmantelar e a deslocar instalações industriais nas áreas ucranianas que ocupa e a convertê-las em campos de concentração e tortura, denunciou hoje o chefe da Administração Militar Regional de Kharkiv, Oleh Syniehubov.
A cidade de Kharkiv, a segunda maior do país e capital da região com o mesmo nome no leste da Ucrânia, foi sujeita nos últimos dias a bombardeamentos pesados pelas tropas russas, numa tentativa de ocupar as áreas de Donetsk e Lugansk.
“As tropas de ocupação russas deslocaram uma das fábricas da região de Kharkiv para a Rússia e instalaram um campo de concentração e uma câmara de tortura nas suas instalações”, disse Syniehubov numa reportagem transmitida pelos media ucranianos, conforme citado pela agência local Ukrinform.
O chefe da Administração Militar Regional de Kharkiv acrescentou que “nas instalações da fábrica criaram uma prisão, um verdadeiro campo de concentração onde as pessoas são sujeitas a tortura e obrigadas a cooperar para se juntarem às Forças Armadas russas”.
Segundo este oficial, o campo de concentração foi instalado numa das fábricas em Vovchansk, uma cidade na região de Kharkiv, a sul da fronteira russa.
Syniehubov explicou que as tropas russas recorreram a métodos semelhantes para “mobilizar” os residentes locais na área vizinha de Izyum, que tem sido ocupada pelos russos quase desde o início da invasão.
Anteriormente, o Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, denunciou que as forças russas mantêm cidadãos ucranianos nos chamados campos de filtragem nos territórios que ocupam e controlam, de onde são enviados para a Sibéria e para o Extremo Oriente da Rússia.
“A Rússia continua a apoiar as atividades dos chamados campos de filtração, incluindo perto de Mariupol. Embora o nome próprio seja na realidade diferente, são campos de concentração. Tal como as construídas pelos nazis no seu tempo“, disse Zelensky numa mensagem de vídeo relatada pelas agências Ukrinform e Unian.
ZAP // Lusa
Guerra na Ucrânia
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