Morreu este domingo Dmitri Vrubel, autor do graffiti que retrata o icónico beijo entre Leonidas Brezhnev e Erich Honecker.
O artista russo Dmitri Vrubel, que criou em 1990 o graffiti mais famoso do Muro de Berlim, durante a dissolução da antiga Alemanha Oriental, morreu este domingo, de complicações causadas pela covid-19.
A obra é um dos pontos mais fotografados da capital alemã e retrata um beijo entre o líderes da União Soviética, Leonidas Brezhnev, e o último chefe de Estado da da República Democrática Alemã, Erich Honecker.
Dmitri Vrubel nasceu em Moscovo em 1960 e mudou-se para Berlim durante a dissolução da Alemanha Oriental, em 1990.
Numa parte do que ainda restava do Muro de Berlim, conhecida como East Side Gallery, no lado oriental do muro já parcialmente derrubado, Vrubel pintou o seu mais famoso graffiti — e que se viria a tornar um dos pontos mais visitados e fotografados da capital alemã.
O graffiti, que mostra Brezhnev e Honecker a beijar-se na boca, é acompanhado de uma legenda escrita em alemão e russo: “”Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortíferol”.
A imagem foi inspirada numa fotografia de Régis Bossu que mostra os dois líderes comunistas na comemoração dos 30 anos da RDA, em 1979.
O mural original, também conhecido como “beijo fraternal”, deteriorou-se com a passagem do tempo e acabou por ser removido em 2009 no decorrer de trabalhos de restauro dessa secção do muro.
Mais tarde, a pedido das autoridades locais, o artista pintou uma segunda versão do graffiti. Vrubel recebeu 3 mil euros por pintar a nova versão do graffiti.
E embora a imagem seja usada há anos em inúmeras lembranças vendidas em Berlim — como canecas, postais e outros souvenirs — o artista costumava dizer que o pagamento desta nova versão foi o único dinheiro que alguma vez recebeu pela lendária imagem no mural.
Beijo fraterno
Durante décadas, os líderes da antiga União Soviética cumprimentavam-se habitualmente com o chamado “beijo fraterno”.
O ato não tinha nenhuma conotação romântica ou sexual e procurava transmitir ao mundo a mensagem de que as lideranças dos países da chamada Cortina de Ferro permaneciam juntas, como irmãos.
Em 2001, Vrubel e a esposa, a artista Victoria Timofeyeva, criaram um calendário com retratos do presidente russo, Vladimir Putin, intitulado “Os 12 estados de espírito de Putin”, que inesperadamente se tornou um best-seller na Rússia.
Antes de se mudar para a Alemanha, Vrubel organizou exposições de arte ilegais no seu apartamento na Rússia. Em 1987, tornou-se membro do grupo de arte progressista Club d’Avant-Garde (KLAVA).
Descendente do pioneiro modernista Mikhail Vrubel, nos últimos anos o artista militou nas fileiras do Partido Pirata alemão.
ZAP // Deutsche Welle