Morreu Margot Friedländer, a voz dos horrores do Holocausto

Margot Friedländer Stiftung

Margot Friedländer, sobrevivente do Holocausto e uma das testemunhas mais proeminentes dos horrores do nazismo

“Isto nunca, nunca mais pode acontecer!”. A alemã Margot Friedländer, sobrevivente do Holocausto e uma das testemunhas mais proeminentes dos horrores do nazismo, morreu esta sexta-feira, aos 103 anos, em Berlim, onde nasceu.

A Alemanha chora a morte de Margot Friedländer, esta sexta-feira, no dia em que receberia uma das mais altas condecorações do país.

A notícia do desaparecimento da sobrevivente do Holocausto, aos 103 anos, foi dada pela Margot Friedländer Stiftung, a fundação que leva o seu nome.

“A Alemanha perdeu uma voz importante da história contemporânea. Desde o seu regresso à sua cidade natal, depois de mais de seis décadas no exílio em Nova Iorque, a cidadã honorária de Berlim esteve comprometida incansavelmente com a reconciliação e a memória, diz a nota da Fundação.

Margot “ofereceu reconciliação ao nosso país, apesar de tudo o que os alemães lhe fizeram quando era jovem. Não poderíamos estar mais agradecidos por esse presente”, disse o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Nascida em 1921, numa família de fabricantes de botões, a então Margot Bendheim tornou-se costureira. Tinha um aspeto frágil e sempre vestida com elegância; foi capa da revista Vogue em 2024, nota a agência AFP.

Durante o nazismo, perdeu os pais e o irmão mais novo, mortos em campos de concentração. Em 1944, foi enviada para Theresienstadt, no que é atualmente a República Tcheca, onde conheceu o marido, Adolf Friedländer. Após o fim da II Guerra Mundial, Margot e Adolf casaram e foram viver para os Estados Unidos.

Margot regressou a Berlim em 2003. Desde então, dedicava a vida a conversar com jovens, para lhes contar a sua história e defender a empatia como antídoto contra o ódio.

Sejam humanos! As pessoas fizeram o que fizeram porque não reconheciam as pessoas como pessoas”, disse Margot em 2022 num discurso no Parlamento Europeu, no Dia da Memória do Holocausto.

“Não se pode amar todas as pessoas, mas todas merecem ser respeitadas. Não há sangue cristão, sangue judeu, sangue muçulmano, há apenas sangue humano. Somos todos iguais”, salientou.

“O que aconteceu, aconteceu — não podemos mais mudar isso”, concluiu Margot Friedländer. “Só não pode nunca, nunca mais acontecer“.

ZAP //

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