O cineasta iraniano Abbas Kiarostami, 76 anos, morreu esta segunda-feira em França, vítima de cancro.
Abbas Kiarostami, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1997, com o filme “O Sabor da Cereja“, deixou Teerão, capital iraniana, a semana passada para se submeter a tratamentos em França, disse a agência iraniana ISNA.
Depois de vários meses doente e em tratamento num hospital privado em Teerão, Kiarostami viajou para França na semana passada para tratamentos suplementares. De acordo com a comunicação social iraniana, o realizador morreu vítima de um acidente vascular cerebral.
Os restos mortais Abbas Kiarostami vão ser trasladados para o Irão, onde será sepultado, segundo a imprensa.
Nascido em Teerão em 1940 no seio de uma família modesta, Abbas Kiarostami tornou-se um dos cineastas mais famosos do cinema iraniano nos anos 1960 e depois em todo o mundo, vindo a vencer dez prémios em festivais internacionais, que o trouxeram para a ribalta do cinema mundial e aí o mantiveram durante décadas.
Kiarostami permaneceu no seu país depois da revolução islâmica de 1979, continuando sempre a trabalhar com o mundo do cinema internacional e tolerado pelas estruturas do poder no seu país.
O realizador iraniano esteve pela última vez em Portugal, em 2010, para a antestreia no Estoril Film Festival do seu filme “Copie Conforme”, o primeiro rodado fora do Irão.
Inovador, moderno e belo
O Irão presta hoje homenagem ao mais célebre dos seus cineastas, com o Presidente a saudar em particular o seu “olhar diferente e profundo” sobre a vida.
“O seu apelo à paz e à amizade será um feito que perdurará na sétima arte”, afirmou Hassan Rohani o chefe de Estado iraniano no Twitter.
O ministro da Cultura e da Orientação Islâmica iraniano, Ali Janati, saudou, por seu lado, “um percussor da abordagem humanista e moral”.
“Através de obras inovadoras, modernas e belas, ele deu uma nova definição ao cinema e elevou bem alto o nome do Irão nos meios artísticos do mundo”, escreveu o ministro, numa mensagem de condolências publicada pela agência iraniana de notícias Isna, citada pela agência France Presse.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, sublinhou que o país “perdeu uma figura de proa do cinema internacional”.
O ator iraniano Shahab Hosseini, que foi premiado este ano em Cannes com a Palma de Ouro para o Melhor Ator, saudou a memória de uma “personalidade internacional, respeitável, da qual nos sentimos orgulhosos”, que “foi sempre um modelo de referência” pelo seu “espírito independente”.
Em todas as salas de cinema iranianas, a difusão de filmes será hoje interrompida pelas 22h locais (17h30 em Lisboa) e os espectadores rezarão uma oração em memória de Abbas Kiarostami.
ZAP / Lusa