O caso Selminho e a regionalização marcaram o debate desta terça-feira entre os candidatos à Câmara do Porto. Rui Moreira absorveu o impacto e saiu por cima.
O debate dos 11 candidatos autárquicos à Câmara Municipal do Porto começou com o moderador Hugo Gilberto a perguntar a Vladimiro Feliz se tinha sido segunda escolha e se não era verdade que dois dirigentes do PSD ofereceram o apoio do partido a Rui Moreira.
O candidato social-democrata disse que, daquilo que sabe, não é verdade. “Houve conversas para outro nível de entendimento”, retorquiu.
“E Paulo Rangel?”, perguntou Hugo Gilberto. Feliz respondeu que Rangel “é deputado europeu e quererá cumprir esse mandato”.
Ainda assim, os protagonistas do debate seriam mesmo o atual autarca Rui Moreira e o candidato socialista Tiago Barbosa Ribeiro, por causa de dossiês como o caso Selminho e a regionalização.
Barbosa Ribeiro acusou Moreira de ser um falso regionalista porque votou “Não” no referendo de 1998. O socialista referiu ainda que o autarca se contradiz por não aceitar a descentralização de competências.
“Por mim, existia regionalização amanhã mas existe um problema constitucional. Sempre fui regionalista. A Câmara do Porto é que não quer aceitar competências. Existe aqui uma contradição”, atirou, citado pelo JN.
A candidata da CDU, Ilda Figueiredo, interveio ao dizer que só ainda não houve regionalização no país porque PS e PSD “entenderam-se para adiar” a reforma. Por sua vez, Tiago Barbosa Ribeiro garante que “não houve qualquer entendimento com o PSD para adiar a regionalização”.
“A verdade é que a regionalização não foi feita por culpa de todos os partidos”, retaliou Rui Moreira, explicando que, no caso das competências na área da Saúde, a autarquia iria apenas “pagar aos funcionários e a limpeza”. “Iria pagar o ajax”, acrescentou.
Os candidatos acusaram Rui Moreira de não saber pôr um travão ao arrendamento temporário, ao que o presidente da Câmara do Porto respondeu: “Não espero ficar com cognome do povoador” — que pertence a D. Sancho I.
Houve ainda críticas à mobilidade na cidade, realça o Expresso, à falta de apoios aos mais frágeis.
Rui Moreira não se ficou pela defensiva e foi lançando umas farpas aos restantes candidatos. Por exemplo, para Vladimiro Feliz, fez críticas à gestão de Rui Rio; e para Tiago Barbosa Ribeiro, criticou-o por não ter defendido o Porto no Parlamento.
O debate não podia terminar sem se falar no caso Selminho, que, em caso de condenação, pode levar à perda de mandato de Rui Moreira. “As pessoas que votarem no PS estão mesmo a votar em mim”, salientou Barbosa Ribeiro.
PSD, Bloco e PPM acusaram-no de ter tentado usar o seu poder para beneficiar a família, enquanto PS e CDU acham que o caso só será julgado no tribunal, não nas urnas.
Rui Moreira reiterou que a sua família não ganhou nada com o negócio. “A minha família nada ganhou com isto. A Câmara ganhou um terreno. Espero que em outubro se faça justiça”, atirou.
Tiago Barbosa Ribeiro disse que o caso Selminho não é um tema político, mas que também não traz o tema para a campanha porque não quer dar a Rui Moreira “uma oportunidade para se vitimizar”.