“Lei da mordaça” no Chega. Guerra aberta em Braga com a vice de saída a desafiar Ventura

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Tiago Petinga / Lusa

Está o caldo entornado na distrital de Braga do Chega. A Comissão de Ética do partido suspendeu oito militantes, entre os quais a vice-presidente Eugénia Santos que deixa o Chega com duras críticas ao líder da distrital, o deputado Filipe Melo, desafiando André Ventura a afastá-lo e a mostrar que são “diferentes”.

A Comissão de Ética do Chega, liderada por Rui Paulo Sousa, voltou a aplicar a chamada “lei da mordaça” que André Ventura, o líder do partido, impôs para tentar conter as constantes guerras internas entre militantes.

Desta vez, a “lei da rolha” estalou na distrital de Braga com a suspensão de oito militantes, entre os quais a vice-presidente Eugénia Santos. A sanção de 90 dias já levou “Jenny”, como é conhecida no seio do partido, a anunciar que se vai demitir do cargo e desfiliar do Chega.

A suspensão dos militantes foi anunciada pelo próprio Chega no seu site oficial, onde se nota que os castigos disciplinares foram decretados “ao abrigo da Directiva n.º 3/2020 e do Regulamento Disciplinar”. As sanções vão dos 30 aos 180 dias, sendo que para quatro dos militantes há mesmo uma possibilidade de expulsão.

Eugénia Santos desafia Ventura a afastar Filipe Melo

No caso de Eugénia Santos, a “vice” demissionária revelou ao Observador que foi suspensa devido a um comentário que fez nas redes sociais, numa publicação de André Ventura, em que sugeria que havia “bandidos” entre os deputados do Chega.

A referência visava Filipe Melo, o líder da distrital de Braga que foi eleito deputado para a Assembleia da República nas legislativas de 30 de Janeiro.

As críticas de Eugénia Santos enquadram-se nas notícias sobre a condenação de Filipe Melo ao pagamento compulsivo de uma dívida superior a 80 mil euros.

A cobrança foi dificultada pela inexistência de património e o deputado já alegou que estão em causa despesas de saúde com um filho com necessidades educativas especiais. Mas os débitos por pagar incluem, além de despesas no Hospital Privado de Braga, a compra de um imóvel e um leasing automóvel, segundo revelou a Visão.

Eugénia Santos desafia Ventura a afastar Filipe Melo, alegando que se não o fizer, fará exactamente o mesmo que os partidos a que aponta o dedo. Assim, diz que deve mostrar “que é diferente”, conforme declarações ao Observador.

Concelhias sublinham “combate aos bandidos e corruptos”

As comissões concelhias do Chega do distrito de Braga já se alinharam com a “vice” demissionária, demarcando-se do líder da distrital e retirando-lhe a confiança política.

“Sendo o Chega um Partido anti-sistema que tem como uma das suas bandeiras o combate aos bandidos e corruptos, não concordarmos com a entrada de Filipe Melo no Grupo Parlamentar do Partido, pois este não representa de todo os princípios e valores pelos quais aderimos ao Chega”, anunciaram as concelhias em comunicado.

Assim, desafiam também Ventura a agir “em nome da verdade e transparência”, afastando Filipe Melo, considerando que o líder da distrital deixou “um sentimento de engano, perda de confiança e total desilusão”.

“Jenny” diz que mostrou documentos graves a Ventura

Eugénia Santos reforça o seu apelo e as suas críticas numa publicação na rede social Facebook, onde dá sinal de desavenças com o líder da distrital ao longo da campanha eleitoral, acusando-o de “falta de trabalho” e resumindo a sua actuação a “fotos, comentários nas redes sociais, convívios com outras distritais e jantares”.

Mas “Jenny” diz também que antes dessa campanha eleitoral lhe chegaram “uns documentos relativamente ao presidente da distrital de Braga” e que ficou “preocupada com a gravidade” do que viu.

A “vice” demissionária também garante que mostrou essa documentação a André Ventura pessoalmente em Tomar, a 11 de Janeiro passado, e que decidiu afastar-se da campanha porque, como refere, citando o líder do Chega, “não podemos ter fotos ao lado de ban#####”.

“O presidente da distrital é perito em inventar histórias e romantizar mentiras“, acusa ainda Eugénia Santos, sublinhando que tem na sua posse todas as mensagens trocadas com Filipe Melo.

“Agora cabe ao presidente André Ventura mostrar se realmente é anti-sistema ou não”, desafia ainda. “Ou somos diferentes ou não”, constata.

Eugénia Santos também termina esta publicação, onde anuncia a demissão e a desfiliação do Chega, citando uma frase atribuída a Francisco Sá Carneiro, fundador do PSD: “a política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha“.

Noutra publicação de 14 de Fevereiro, na mesma rede social, Eugénia Santos nota que “querem fazer da AR [Assembleia da República] um covil de “bandidos” e quem disser a verdade é silenciado”, usando hashtags com os dizeres “paga de soldado e vícios de general” e “os anti-sitema são o próprio sistema”.

A 13 de Fevereiro, escreveu, também no Facebook, que “são mais de 40 anos a colocar bandidos, vigaristas, aproveitadores, caloteiros, corruptos e outras tantas coisas na AR para governar Portugal”.

Além disso, falou em dar “força aos 11 guerreiros” do Chega que “irão ter pela frente uma verdadeira batalha de David contra Golias”, excluindo assim Filipe Melo do leque de 12 deputados eleitos pelo partido.

Ventura defende decisões da Comissão de Ética

Confrontado com esta confusão na distrital de Braga, Ventura referiu ao jornal i que enquanto presidente do Chega “não interfere nas decisões dos órgãos disciplinares”. Mas defendeu as decisões da Comissão de Ética, notando que é “fundamental existir disciplina e ordem no Chega”.

Sobre o futuro de Filipe Melo, não se pronunciou.

ZAP //

11 Comments

  1. O Presente do partido político democrático CHEGA tem realizado um excelente trabalho. A história dos partidos políticos da democracia portuguesa já demonstrou que as estruturas e os órgãos estatutários não correspondem à expressão da vontade popular dos eleitores portugueses. O Presidente da Distrital Política de Vila Real deveria ser um meritíssimo Vice-presidente do CHEGA. O André Ventura parece que já se esqueceu das origens da origem fundacional do Partido político democrático CHEGA. Uma coisa é um partido político democrático Inconstitucional e irregularmente constituído. Outra coisa é a representação democrática na Assembleia da República Portuguesa após o sufrágio universal da vontade popular dos portugueses eleitores. O facto democrático é quer se goste ou não, o Partido político democrático CHEGA apresenta a terceira maior representação parlamentar da Assembleia da República Portuguesa. Sobretudo, em Democracia, é fundamental aceitar os resultados eleitorais no contexto de eleições livres, legais e universais.

  2. No contexto atual da política internacional e nacional, e se existe Estado de Direito e se existe o princípio da separação de poderes, os partidos políticos no Governo não têm poder político para tomarem as medidas pseudo-sábio ideológicas contrárias à Constituição da República Portuguesa e contrárias às Leis Comunitárias e Internacionais, para não falar da Carta Universal dos Direitos Humanos e do Homem. O problema dos partidos políticos no Governo é não conseguirem focar na análise dos problemas concretos da Vida Coletiva e da satisfação de necessidades coletivas enquanto Estado democrático e enquanto sociedade pobre e com enorme Corrupção política minando o aparelho instrumental do Estado com as clientelas e famílias partidárias.

  3. O facto de haver políticos honestos não contraria uma outra realidade, que é a da política ser a carreira preferida dos ambiciosos sem ética e sem escrúpulos. E por isso estamos permanentemente a ser confrontados com vergonhas destas, neste e em todos os outros partidos. Só o empenho e vigilância permanentes dos militantes dos partidos poderia evitar que tantos malandros chegassem aos corredores do poder. Mas como isso dá muito trabalho, lá se vai abrindo a porta aos corruptos…

  4. ESTE COMENTÁRIO FOI CENSURADO. PORQUÊ?

    O facto de haver políticos honestos não contraria uma outra realidade, que é a da política ser a carreira preferida dos ambiciosos sem ética e sem escrúpulos. E por isso estamos permanentemente a ser confrontados com vergonhas destas, neste e em todos os outros partidos. Só o empenho e vigilância permanentes dos militantes dos partidos poderia evitar que tantos malandros chegassem aos corredores do poder. Mas como isso dá muito trabalho, lá se vai abrindo a porta aos corruptos…

  5. Estranho !!!! O livre anda as turras com a Joacine ou vice versa; No Pan André Silva anda as turras com a Inês, no BE só se fala da substituição da Catarina pela Mortagua, No PSD está aberta a luta pela liderança……No chega há uma luta pelo poleiro de deputado e esse fait-divers vira noticia nacional com toda a espetacularidade e mensagem subliminal característica do nosso excelente jornalismo português.

  6. Estranho !!!! O livre anda as turras com a Joacine ou vice versa; No Pan André Silva anda as turras com a Inês, no BE só se fala da substituição da Catarina pela Mortagua, No PSD está aberta a luta pela liderança……No chega há uma luta pelo poleiro de deputado e esse fait-divers vira noticia nacional com toda a espetacularidade e mensagem subliminal característica do nosso excelente jornalismo português.

  7. Não encontram nenhum paralelismo, no que foi o partido nazista de hitler, e este chega? E vejam no que deu! A História devia servir para alguma coisa!

  8. As palavras DEMOCRACIA e chega simplesmente não combinam na mesma frase. Este chega e o venturinha ex-seminarista fascistóide são simples arrotos. Eis a IURD da política!

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