António Cotrim / LUSA

O primeiro-ministro assegurou hoje que o Governo está a trabalhar no reforço da capacidade de “prevenção e resiliência” da rede elétrica e insistiu na importância das interligações com a Europa, para que Portugal não fique apenas dependente de Espanha.
“Não é ainda um tempo de balanço, mas quero assegurar-vos que já estamos a trabalhar, designadamente com a REN, para reforçar a capacidade de prevenção e resiliência, de forma a evitar a repetição de ocorrências como esta”, afirmou Luís Montenegro, em declarações à imprensa, num balanço depois de o Conselho de Ministros ter estado reunido desde o final da manhã devido ao apagão que afetou Portugal Continental desde as 11:30.
O primeiro-ministro reiterou que a origem do apagão não esteve relacionada com a rede elétrica portuguesa e, uma vez que o país só tem ligação a Espanha, presume-me que seja essa a origem, “relacionada com um aumento abrupto da tensão na rede elétrica espanhola” com origem ainda desconhecida.
“Sabemos, no entanto, que foi o aumento dessa tensão que terá feito disparar os mecanismos de segurança que levaram a este apagão. Vamos serenamente avaliar com as autoridades espanholas aquilo que aconteceu e tentarmos projetar no futuro melhores instrumentos de resposta para evitar a repetição desta ocorrência”, disse.
Por outro lado, disse Luís Montenegro, a origem deste apagão não teve a ver com a falta de autonomia do país.
“Nós temos capacidade para produzir e distribuir energia, mas nós temos uma ligação com Espanha. À hora a que este evento aconteceu, é verdade que nós, por razões financeiras, estávamos a importar energia de Espanha porque estava a um preço mais competitivo, mas mesmo que assim não fosse o apagão em Espanha teria provocado o mesmo efeito, a mesma consequência em Portugal”, afirmou.
Para o primeiro-ministro, o que será importante cuidar no futuro “é ter mecanismos de segurança mais desenvolvidos para poder evitar que um evento destes possa ocorrer com este impacto”.
“Há uma outra reflexão que nós podemos tirar daqui: ao contrário de Espanha, que teve a ajuda das outras ligações que tem, nomeadamente com França e com Marrocos, nós estamos apenas dependentes, numa situação de constrangimento, da ligação que temos a Espanha”, disse Montenegro.
“Há muito tempo que nós vimos lutando na União Europeia pelo reforço das interligações com a Europa para podermos ter maior autonomia, quer para receber, quer para vender energia”, frisou.
O primeiro-ministro admitiu que o mais difícil de gerir no apagão foi o abastecimento de energia aos hospitais, mas assegurou que não se registou “nenhuma situação limite”.
“A situação que se viveu nos hospitais, confesso que foi mais difícil de gerir. Com a falta de fornecimento elétrico foram acionados os geradores, alimentados a combustível, só que o combustível vai-se consumindo e é preciso alimentar novamente os depósitos para continuar a ter os geradores operacionais”, acrescentou.
No entanto, também “a cadeia de abastecimento de combustíveis estava a colapsar e foi preciso fazer uma gestão muito rigorosa”.
“Foi necessário contar com a programação que estava centralizada na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e a colaboração inexcedível das Forças de Segurança, que fizeram e asseguraram o patrulhamento e a condução dos camiões cisterna para poder abastecer os hospitais que iam tendo a necessidade de reabastecimento do gasóleo que era necessário para os seus geradores”, explicou.
“Não tivemos nenhuma situação limite em que esse abastecimento tivesse sido esgotado, mas tivemos de gerir situações com alguma perturbação com a dificuldade de trânsito, a dificuldade de gestão operacional. (…) Houve efetivamente situações dramáticas, mas que não tiveram a ver com o fornecimento de energia”, afirmou.
O primeiro-ministro afirmou ainda que as escolas poderão reabrir esta terça-feira “se não houver nenhuma perturbação no processo de reabastecimento” de energia, depois do apagão de hoje.
“Não vemos razão para que não possam abrir amanhã numa situação de normalidade se não houver nenhuma perturbação neste processo de reabastecimento”, afirmou Luís Montenegro, que falava à imprensa na residência oficial em São Bento, no final do Conselho de Ministros.
O primeiro-ministro disse também esperar que na terça-feira seja retomada a normalidade na distribuição de bens essenciais, medicamentos ou combustível, apelando aos portugueses para moderarem os consumos ao necessário.
ZAP // Lusa
Apagão na Europa
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Montenegro: o mais difícil de gerir foram os hospitais. Escolas podem reabrir