Miguel A. Lopes / LUSA
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Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro
Secretário-geral do PS disse que o caso da empresa da família do primeiro-ministro é “muito semelhante” ao do antigo secretário de Estado.
O líder do PS comentou nesta terça-feira que o caso da empresa da mulher e filhos do primeiro-ministro é “muito semelhante” ao que levou à demissão de Hernâni Dias e instou Luís Montenegro a dar explicações “o quanto antes”.
Em declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos sublinhou que o primeiro-ministro deve estar disponível “para ser confrontado” pelos jornalistas.
“Continuo a dizer que quanto mais depressa o senhor primeiro-ministro estiver disponível para ser confrontado com os jornalistas melhor, porque a verdade é que todos os dias se adensam novas críticas, novas suspeitas, novas dúvidas”, referiu.
Para o secretário-geral do PS, “é muito importante” que Luís Montenegro “dê esclarecimentos, e não é só esclarecimentos escritos, a perguntas escritas, mas sim a jornalistas que lhes vão fazer várias perguntas, que acho que devem ser feitas e devem ser respondidas”.
“Acreditamos que há boas explicações, elas têm de ser dadas, e têm de ser dadas o quanto antes”, frisou, apelando a Montenegro para que não espere mais para falar sobre um caso “que é muito semelhante ao do seu secretário de Estado que acabou por sair do Governo”, Hernâni Dias.
Será?
Ana Sá Lopes não concorda: “É diferente. Não é exatamente comparável porque Hernâni Dias, que estava a trabalhar a lei dos solos, constituiu as empresas depois de estar no Governo”.
No caso de Luís Montenegro, deixou a gerência da empresa em causa antes de ser presidente do PSD, em 2022. Ainda estava bem longe de ser líder do Governo.
Mas faltam explicações públicas do primeiro-ministro – e aí sim, tal como Pedro Nuno Santos tem repetido. E esse é o “problema grave”, avisou a comentadora no Público, porque pode dar a ideia de que está a ocultar algo.
Ana Sá Lopes sugeriu que Montenegro “está calado há demasiado tempo” porque está à espera que “as pessoas se esqueçam dele”. Uma das teorias da comunicação política resume-se a isto: “Esperar que passe”.
Ainda por cima quando nos recordamos que, no final de Novembro, o mesmo Luís Montenegro fez um anúncio ao país às 20h, em direto para todos os telejornais, para anunciar um investimento de 20 milhões de euros para comprar 600 veículos para PSP e GNR e para repetir que Portugal é um dos países mais seguros do mundo.
“Como é possível que agora não dê uma explicação sobre algo grave, que envolve a sua família? E já começa a ser muito tarde. Isto não é normal. Noutro país, o primeiro-ministro já tinha vindo falar”, questiona a especialista em política.
ZAP // Lusa