Velho, mas com características modernas. “Se acha que já viu tudo”…
Uma criatura marinha nunca antes vista, que está a ser comparada a uma “mariposa marinha”, foi descoberta no Canadá e descrita esta terça-feira num estudo publicado na Royal Society Open Science.
O pequeno, mas surpreendente fóssil de artrópode, recebeu o nome do icónico monstro ficcional japonês e personagem do Godzilla, Mothra.
Mosura fentoni tem 506 milhões de anos. É do tamanho de um dedo indicador humano, mas apresenta características anatómicas nunca antes vistas no seu grupo, uma linhagem extinta conhecida como radiodontes, parente distante de insetos e crustáceos.
“É um exemplo claro de convergência evolutiva com grupos modernos”, explica Joe Moysiuk, coautor do estudo e curador de paleontologia e geologia do Museu de Manitoba, em comunicado no EurekAlert.
Tal como o seu “primo”, Anomalocaris canadensis (ou “camarão estranho”), este pequeno “monstro” tinha um conjunto de barbatanas ao longo do corpo, uma boca circular com dentes e garras espinhosas para agarrar presas. Mas foi a zona posterior do seu corpo que surpreendeu os cientistas.
Uma espécie de guelras revestiam 16 segmentos compactos, algo como as adaptações respiratórias dos artrópodes modernos, como os límulos e os moluscos.
O desenho anatómico da recentemente descoberta “mariposa marinha”, de barbatanas e abdómen estreito, pode ter ajudado o antigo animal a adaptar-se ao seu ambiente marinho.
As estruturas internas do fóssil também foram uma novidade. Vários espécimes dos 61 identificados entre 1975 e 2022 mostram sinais de um sistema nervoso primitivo, órgãos digestivos e até vestígios de um sistema circulatório aberto — onde o sangue flui livremente para as cavidades do corpo em vez de através de vasos. Este sistema aparece hoje em muitos artrópodes modernos.
Os investigadores acreditam que as lacunas internas bem preservadas, ou cavidades cheias de sangue, confirmam teorias de longa data sobre os sistemas circulatórios dos primeiros artrópodes.
“Se acha que já viu tudo abra a gaveta de um museu”, diz Moysiuk.