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Monsanto tinha centro de informações para manipular opinião pública

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chafermachinery / Flickr

Aplicação de pesticida glifosato num terreno agrícola

A Monsanto, detida pela farmacêutica Bayer, tinha um centro de informações para combater os críticos e manipular a opinião pública. A empresa foi várias vezes denunciada pelos efeitos perigosos dos seus produtos.

Várias vezes no centro de polémicas em relação aos seus produtos alegadamente cancerígenos, sabe-se agora que a Monsanto tinha um centro de informações com pessoas destacadas para combater os críticos e manipular a opinião pública. Recentemente, a empresa foi condenada a pagar 1,8 mil milhões de euros a um casal com cancro.

A utilização do glifosato, um dos produtos usados pela Monsanto, nomeadamente para eliminar ervas daninhas nos jardins e ruas das localidades, tem oposto ambientalistas e grupos de consumidores à indústria, com aqueles a dizerem que é um produto cancerígeno e esta a argumentar que é necessário para conseguir alimentos suficientes para a população.

De forma a tentar manter a reputação da empresa imaculada, a Monsanto tomou ações e espiava jornalistas e ativistas que eram contra os seus produtos. Em causa estão os documentos internos recolhidos no âmbito de processos relacionados com o herbicida Roundup, que contém glifosato.

O semanário Expresso realça o caso da jornalista Carey Gillam, que publicou um livro sobre os perigos deste herbicida. Para combater as notícias sobre o produto, a Monsanto criou um centro com o objetivo de desenvolver contrapropaganda. O centro publicou online críticas negativas ao livro, sem nunca ser mencionado o nome da empresa.

“Sempre soube que a Monsanto não gostava do meu trabalho e tentava pressionar os editores para me silenciarem”, disse Gillam ao The Guardian. “Mas nunca imaginei que uma empresa multibilionária gastasse realmente tanto tempo e energia e pessoal comigo. É espantoso”, acrescentou.

A empresa também pagou para que as críticas negativas ao livro da jornalista fossem destacadas quando alguém pesquisasse pelo nome dela.

Até o próprio cantor Neil Young, que lançou um álbum chamado “The Monsanto Years” foi levado a tribunal pela empresa.

“Muitos de nós na Monsanto fomos e somos fãs de Neil Young. Infelizmente, para alguns de nós, o seu álbum atual pode não refletir as nossas fortes crenças naquilo que fazemos todos os dias para ajudar a tornar a agricultura mais sustentável. Reconhecemos que existe muita desinformação sobre quem somos e o que fazemos – e infelizmente vários desses mitos parecem ser captados nestas letras”, disse a empresa à Billboard.

O objetivo do centro era analisar informação sobre atividades criminosas, ativistas/extremistas, geopolíticas e terroristas que afetassem as operações da empresa. Esse foi o caso da ONG, US Right to Know, que usa meios legais para conseguir acesso a documentos de interesse público.

Segundo um porta-voz da empresa, o objetivo era apenas promover um diálogo justo e combater a desinformação em relação à atividade da Monsanto.

ZAP //

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2 Comments

  1. …..a empresa condenada a pagar uma multa….MULTA??!! A saude e a vida das pessoas “paga-se” com multas!! E quantos mais, provavelmente MILHOES estarão a parecer de doenças cancerígenas?? E combater os críticos desacreditando-os………fiquei a pensar se isto não parece a famosa propaganda do fuher Adolf….!!

  2. A Igreja Católica vive há seculos da manipulação da opinião pública e, além de não pagarem multas, ainda recebem milhões livres de impostos!…

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