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Afinal, não era Mónica Silva. O que se sabe da grávida da Murtosa após 3 meses de desaparecimento

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Mónica Silva ficou conhecida como a grávida da Murtosa depois de ter desaparecido a 3 de Outubro de 2023.

A descoberta do cadáver de uma mulher num poço em Ovar (Aveiro) levou a família a pensar que seria Mónica Silva, a grávida desaparecida há cerca de 3 meses. Mas, afinal, não era e o mistério continua.

Estava de bruços, vestido de macacão e com malas com pedras amarradas presas ao corpo, para não boiar. Mas, ainda assim, veio à tona e foi descoberto por um popular que estava a limpar um terreno perto de um poço isolado em Ovar, no distrito de Aveiro.

A descoberta deste cadáver levou a família de Mónica Silva a acreditar que se tratava do corpo da grávida que está desaparecida desde a noite de 3 de Outubro de 2023.

Mas, afinal, o corpo será de uma outra mulher – Patrícia Simonetti, de 43 anos – que está desaparecida desde o início de Janeiro e que morava perto do poço.

Assim, continua o mistério em torno do que aconteceu a Mónica Silva que estava grávida de sete meses. O que aconteceu, afinal, à mulher da Murtosa?

O desaparecimento de Mónica Silva

A mulher de 33 anos, conhecida como a grávida da Murtosa, localidade em Aveiro, saiu para ir ao café e nunca mais voltou a casa.

Mónica Silva ainda ligou aos filhos de 11 e 14 anos a dizer que estava a regressar a casa. Mas isso nunca aconteceu.

O seu telemóvel foi desligado nessa noite de 3 de Outubro de 2023 em que desapareceu, e voltou a dar sinal 24 horas depois no Alentejo, no concelho de Cuba, onde o suspeito do desaparecimento tem uma propriedade.

As autoridades sabem que Mónica Silva e o suspeito, Fernando Valente, que seria o pai do filho que esperava, conversaram na noite em que Mónica desapareceu.

Nessa noite, a grávida terá levado consigo as ecografias do filho que deveria nascer dentro de dois meses.

Umas das teorias das autoridades é que Mónica poderá ter pedido dinheiro ao suspeito que pertence a uma família de posses.

O principal suspeito

Fernando Valente está em prisão domiciliária, indiciado pelos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e aborto agravado. Ele é, para já, o único suspeito no mistério do desaparecimento de Mónica Silva.

Uma fonte da Polícia Judiciária (PJ) revelou ao Observador que “foram encontrados fortes indícios” do envolvimento deste homem no desaparecimento. Mas não se sabe quais são, exactamente, esses indícios.

Foram encontrados vestígios de sangue no carro do suspeito e numa casa de Fernando Valente onde pode ter sido cometido o crime. Uma das amostras não pertence a Mónica, mas é de sangue humano, segundo foi revelado na comunicação social.

Não se conhecem os resultados dos demais vestígios analisados. De resto, para já, são mais as dúvidas do que as certezas – até porque não há corpo de delito.

A PJ não sabe se Fernando Valente é de facto o pai do bebé que Mónica esperava, e admite que possa haver outros suspeitos envolvidos.

A família de Mónica assegura que o suspeito e a grávida namoravam e que ele é o pai da criança. Mas Fernando Valente prestou declarações aos media a sublinhar que só manteve uma relação fugaz com a mulher.

O suspeito é divorciado e tem uma filha de 6 anos que vive em Vila Nova de Gaia com a mãe.

Eventual envolvimento dos pais

Entre as muitas dúvidas do caso, há suspeitas quanto à possibilidade de os pais de Fernando Valente o terem ajudado a esconder o corpo de Mónica Silva.

Manuel Valente teve o telemóvel desligado durante a noite em que a grávida desapareceu. O filho também desligou o seu telemóvel na mesma altura, voltando a ligá-lo no dia seguinte.

Além disso, a SIC adiantou que a família Valente desactivou um sistema de video-vigilância da sua habitação na Murtosa alguns dias depois de Mónica Silva desaparecer. Esse sistema terá voltado a ser activado dois meses depois.

O telefone secreto

Fernando Valente tinha dois telemóveis e terá desligado aquele que era o “oficial” por volta das oito da noite do desaparecimento, quando estaria na casa dos pais.

Terá usado o segundo telemóvel, o secreto, para ligar a Mónica Silva. Esse telemóvel seria usado exclusivamente para falar com a grávida, segundo a CMTV.

O telemóvel da grávida terá sido desligado na Torreira, também na zona de Aveiro, por volta das duas da manhã da noite do desaparecimento.

No dia seguinte, o sinal do telemóvel “oficial” do suspeito foi captado em Vila Nova de Gaia, onde Fernando Valente tem uma casa. Já o telemóvel de Mónica terá sido ligado nessa tarde, em Cuba do Alentejo, onde os pais do suspeito detêm uma propriedade.

As revelações da irmã gémea

Mónica tem uma irmã gémea, Sara Silva, com quem chegou a morar depois do divórcio do pai dos filhos. Mas as irmãs zangaram-se, o que levou Sara Silva a sair da casa que partilhavam.

Isso aconteceu cerca de três meses antes do desaparecimento e foi uma “birra” devido ao negócio de uma frutaria que tinham juntas, contou Sara Silva em entrevista ao programa “Linha Aberta” da SIC.

Sara Silva também garantiu que Mónica e Fernando Valente tinham “um relacionamento” e que ele era “um homem presente na vida dela”. “Aquilo que eu me apercebia era que ele gostava dela“, salientou.

A irmã gémea assegurou ainda que Fernando Valente sabia da gravidez, ao contrário do que ele afirmou. “Eu tenho a certeza que ele sabia. A certeza”, realçou na SIC.

Sara Silva também contou que a irmã teve um “envolvimento” com outro homem e que chegou a desconfiar que fosse este o pai do bebé.

Já ao Observador, a irmã gémea contou que Fernando Valente e Mónica tinham uma relação “em segredo” e que “ele queria controlar os passos dela, queria saber com quem é que falava, onde é que estava”.

Onde está o corpo?

A família tem escavado buracos e até contratou uma equipa privada para drenar poços e limpar terrenos.

A polícia também fez buscas em vários locais, com retroescavadoras, cães pisteiros e um georadar.

Foram feitas buscas na ria de Aveiro e até o irmão de Mónica Silva, que é mergulhador profissional, veio de Angola para ajudar a procurar o corpo da irmã.

Em Dezembro, admitiu-se a possibilidade de o cadáver ter sido escondido nos alicerces de um supermercado que se encontra em construção.

Um lago situado numa serra que fica perto da casa de Fernando Valente em Vila Nova de Gaia, uma antiga fábrica de cal em Ovar e variados terrenos, incluindo propriedades da família do suspeito, já mereceram também a atenção de populares e autoridades.

Mas, até agora, Mónica Silva não foi encontrada.

Desavenças entre famílias

As divergências familiares, com trocas de acusações à mistura, têm marcado a relação entre os dois pólos opostos deste mistério.

A família de Fernando Valente é endinheirada, tem negócios na área da construção civil e uma florista, bem como várias propriedades. Já os pais de Mónica Silva têm uma vida mais modesta.

Testemunhos ouvidos pelos jornais, entre aqueles que conhecem os pais do suspeito, chegaram a garantir que estes não aceitavam a relação do filho com Mónica devido às diferenças sociais.

Nesta quinta-feira, familiares de Mónica confrontaram a mãe de Fernando Valente na florista que esta detém numa situação que envolveu “gritos” e objectos “quebrados”, bem como a intervenção de militares da GNR que “identificaram pelo menos duas pessoas”, como reporta o Correio da Manhã.

Já no ano passado, tinham acontecido confrontos entre as duas famílias no mesmo espaço. Nessa altura, Fernando Valente também fez queixa da família de Mónica por difamação, pelo facto de o culparem pelo desaparecimento.

Entretanto, o pai do suspeito apresentou queixa da tia da grávida por uma alegada ameaça de morte durante uma marcha em homenagem a Mónica em Dezembro de 2023.

Roubaram-me a filha, o neto e deixaram-me dois netos desamparados”, lamenta o pai de Mónica, Alfredo Silva, em declarações à SIC, relatando a grande “ansiedade” em que a família vive.

Alfredo Silva diz ainda que o neto mais velho está “mais mentalizado” para a situação, enquanto o mais novo “ainda não acredita”.

Susana Valente, ZAP //

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