“Momento único numa geração”. Os ex-aliados dos EUA juntaram-se em apoio à Ucrânia

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Javad Parsa / EPA

Cimeira de líderes ocidentais em apoio à Ucrânia, Londres, 2 de Março de 2025

O primeiro-ministro britânico defendeu hoje, durante uma cimeira de lideres ocidentais em apoio à Ucrânia, que os aliados devem continuar o apoio militar a Kiev e manter as sanções contra a Rússia enquanto trabalham numa “coligação” de países dispostos a integrar uma força de manutenção de paz.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse este domingo aos líderes reunidos em Londres para uma cimeira sobre a guerra na Ucrânia que é necessário dar um passo em frente, continuar a apoiar Kiev e enfrentar um “momento único numa geração” para garantir a segurança da Europa.

“Mesmo quando a Rússia fala de paz, continua a sua agressão implacável”, disse Starmer na abertura da reunião.

“Precisamos de chegar a acordo sobre os passos a dar para garantir a paz através da força, para benefício de todos”, disse Macron. “Por isso, vamos começar.”

Numa conferência de imprensa no final da cimeira internacional, Starmer afirmou que a comunidade internacional se encontra “numa encruzilhada da história“.

Este não é um momento para mais conversa. É tempo de agir, de assumir a liderança e de nos unirmos em torno de um novo plano para uma paz justa e duradoura”, vincou.

Starmer, ladeado pelo Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e pelo Presidente francês Emmanuel Macron, disse que os três concordaram em trabalhar num plano para acabar com os combates e levá-lo aos EUA, que discutiram a possibilidade de mediar um acordo de paz.

A reunião foi ofuscada pela desastrosa reunião de Zelensky com o presidente dos EUA, Donald Trump, que na sexta-feira, na Casa Branca, criticou o presidente ucraniano  a quem acusou de ser ingrato pelo apoio dos EUA contra a invasão da Rússia.

Starmer confirmou que o Reino Unido, França, Ucrânia, juntamente com outros países que não especificou, estão a desenvolver um plano para um cessar-fogo que depois será apresentado aos Estados Unidos.

“O objetivo da reunião de hoje era unir os nossos parceiros em torno deste esforço para fortalecer a Ucrânia e apoiar uma paz justa e duradoura para o bem de todos nós”, adiantou Starmer.

“O nosso ponto de partida deve ser colocar a Ucrânia na posição mais forte possível, para que possa negociar a partir de uma posição de força, e estamos a reforçar o nosso apoio”, salientou.

Segundo a revista Time, Starmer está focado em ser uma ponte para restaurar as negociações de paz, cujo colapso usou como uma oportunidade para se envolver novamente com Trump, Zelensky e o presidente francês Emmanuel Macron, em vez de “aumentar a retórica”.

Em entrevista recente à BBC, Starmer disse não confiar em Vladimir Putin, mas confiar em Trump. “Se eu acredito em Donald Trump quando ele diz que quer uma paz duradoura? A resposta a isso é sim“, disse. Segundo Starmer, estão a decorrer “discussões intensas” para obter uma garantia de segurança dos EUA.

Os três elementos essenciais enumerados por Starmer para um acordo de paz bem sucedido são: armar os ucranianos para os colocar numa posição de força; incluir um elemento europeu para garantir a segurança; e fornecer um “backstop americano”, para evitar que Putin quebre as promessas.

“Isso já aconteceu no passado, penso que é um risco real, e é por isso que temos de garantir que, se houver um acordo, é um acordo duradouro, não uma pausa temporária”, notou o primeiro ministro britânico.

É esse o pacote. As três partes têm de estar em vigor e é isso que estou a trabalhar arduamente para conseguir”, disse Starmer.

Starmer organizou a reunião na Lancaster House, uma mansão de 200 anos perto do Palácio de Buckingham, após uma ofensiva de charme na semana passada para persuadir Trump a colocar a Ucrânia no centro das negociações e inclinar suas lealdades para a Europa.

Organizada pelo Reino Unido, a cimeira reuniu os líderes da Ucrânia, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Noruega, Canadá, Finlândia, Suécia, Dinamarca, República Checa, Polónia, Roménia — uma boa parte dos países a quem recentemente o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, chamou de “antigos aliados dos Estados Unidos“.

A cimeira teve ainda a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, do presidente do Conselho Europeu, António Costa, e da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.

Apoio a Zelensky e rearmar a Europa

A Europa tem manifestado alguma ansiedade desde que Donald Trump iniciou conversações de paz diretas com Putin, que estava isolado pela maioria dos líderes ocidentais desde que invadiu a Ucrânia há três anos.

A luta para se manter relevante e proteger os interesses europeus, uma vez que o seu aliado, outrora firme, parecia estar a aproximar-se de Putin, tornou-se ainda mais premente depois de Trump ter chamado ditador a Zelensky e ter, numa notória distorção da realidade, afirmado que foi a Ucrânia a começar a guerra.

À saída da cimeira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse pretender apresentar no dia 6 de março, durante o Conselho Europeu especial em Bruxelas, “um plano abrangente para rearmar a Europa“.

Questionada sobre que tipo de contribuição financeira os 27 Estados membros devem dar para o setor da defesa, Von der Leyen respondeu: “uma coisa é certa: temos de ter um reforço“.

Temos de fazer um grande esforço. E, para isso, precisamos de um grande plano claro da União Europeia para os Estados-Membros”, defendeu, referindo a necessidade de investir em escudos aéreos avançados.

Precisamos de uma abordagem europeia comum, mas os Estados-Membros precisam de mais espaço fiscal para aumentar as despesas com a defesa”, reconheceu.

Von der Leyen acrescentou que “as garantias de segurança são da maior importância para a Ucrânia, mas é preciso garantias de segurança abrangentes“.

“Isto inclui a necessidade de colocar a Ucrânia numa posição de força que lhe permita fortificar-se e proteger-se, desde a sobrevivência económica até à resistência militar”.

Von der Leyen explicou que isso implica não só dar assistência a nível militar, mas também, por exemplo, ajudar na rede energética, possibilitando que “com o tempo, este seja um país forte e resistente”.

“Basicamente, precisamos de tornar a Ucrânia um porco-espinho de aço indigesto para potenciais invasores”, concluiu.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Os ex aliados dos EUA? Oh meu deus quanto disparate junto!!!
    Antes de serem aliados são soburdinados e soburdinados continuarão a ser, portanto é só uma questão de tempo para adaptarem o discurso à nova realidade das necessidades estratégicas Norte Americanas e o resultado final vai ser aceitar o que os Americanos determinarem com os Russos, procurando fazer o zé povinho depois acreditar que ainda assim foi uma vitória da Europa mesmo que o resultado final venha a ser totalmente oposto aquele que nos têm vindo fazer acreditar nestes ultmos 3 anos!

    Estas são as exigencias Russas e é o que vai acontecer:
    A Russia vai ficar com os territórios russofonos de Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia, Kherson e a Crimeia.
    A Ucrânia vai permanecer neutra e fora da NATO tal como estava na sua constituição antes do golpe de estado de 2014
    A Ucrânia vai ter um contigente militar reduzido.
    As forças de manutenção de paz não serão europeias nem da NATO à excepção da Turquia.
    A Ucrânia vai ter que garantir a representatividade eleitoral e a legalização dos partidos políticos da oposição.
    A Ucrânia vai ter que garantir o respeito pelas diversas religiões, etnias, identidades e idiomas.
    A Ucrânia vai ter que garantir a igualdade de direitos entre todas as etnias.
    A Ucânia será livre de pertencer à Comunidade Económica Europeia.

    Mais tarde os dirigentes Europeus virão dizer que conseguiram que a Russia não invadisse toda a Ucrânia (Como se isso alguma vez tivesse sido o objectivo Russo) que conseguiram fazer Putin ter medo de invadir a Europa e que conseguiram a integração da Ucrânia na Comunidade Europeia.

    Fiquem atentos! ; )

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