Os especialistas consideram que euro será pressionado pela crise energética, ainda que haja quem ainda acredite numa “recuperação sustentada”.
“O euro está profundamente subvalorizado”, começou por referir o Goldman Sachs, citado pelo Jornal de Negócios. “A balança corrente da Zona Euro deteriorou-se significativamente nos últimos meses” e pode deteriorar-se ainda mais, devido à crise energética, notou.
“Os altos preços da energia influenciaram esta queda [da balança corrente], o que acreditamos que pode ter um impacto material nos retornos do euro”, indicou o banco de investimento.
A balança corrente, explicou o jornal, inclui a balança comercial – que por sua vez inclui bens e serviços – e a balança de rendimentos primário e secundário. Para chegar ao saldo externo, é preciso juntar as duas.
O Goldman Sachs acredita que a recente valorização do euro “provará ser insustentável”. “As nossas estimativas-modelo de justo valor para o euro já caíram este ano e cairiam substancialmente ainda mais se a balança corrente permanecer em torno dos níveis atuais”, indicou.
O ING, também citado pelo Negócios, acredita que o euro se deve manter em baixa durante os próximos meses, antecipando que termine o primeiro trimestre deste ano a cotar nos 0,95 dólares, para depois subir para 0,98 dólares no segundo trimestre, passando a valer um dólar no segundo semestre.
A Generali Investments acredita numa “recuperação sustentada” do euro a partir do início da primavera.
Já “o dólar norte-americano já atingiu o pico em 2022 e vai desvalorizar em 2023”, referiu o Morgan Stanley, outra das entidades citadas pelo jornal.
Também o Deutsche Bank antecipou que inicialmente o dólar deve avançar em relação ao euro, mas depois enfraquece “significativamente à medida que a recessão” se faça sentir na economia e se “comece a verificar uma redução dos prémios de risco que têm favorecido o dólar”.
O BNP Paribas especificou que, “durante os próximos três a seis meses”, os “mercados de risco devem movimentar-se de forma a apoiar do dólar”. Contudo, o dólar deve atingir o pico “e terminar 2023 em níveis mais fracos dos que os atuais”.
Também a Generali referiu que a queda do dólar pode ser explicada pelo facto de a Reserva Federal norte-americana (Fed) estar perto de alcançar o pico da taxa de juro diretora, reduzindo as diferenças na marcha de política monetária restritiva face aos seus pares, como é o caso do BCE.
O consenso dos analistas aponta para que o índice do dólar da Bloomberg – que mede a força do dólar contra dez divisas – vá descendo durante o ano, terminando 2023 em 101, 5 pontos, arrancando 2024 abaixo desta fasquia, em 98,3 pontos.
Deve ter muitos dólares e anda meses a ver a valerem menos a cada dia que passa. O dólar também anda a ser subvalorizado a décadas por serem moeda de troca pelo petróleo e pelos triliões de dívida pública.