Uma moeda de ouro encontrada no Canadá pode “reescrever os livros de História”. Desafiando diretamente a narrativa da descoberta da América do Norte, esta moeda sugere que os europeus estiveram em Newfoundland, uma província canadiana, mais cedo do que se pensava.
Recentemente, o Governo de Newfoundland e de Labrador publicou um comunicado, no qual indica que a moeda de ouro foi encontrada este verão por Edward Hynes, um historiador local. Aclamada como a moeda inglesa mais antiga alguma vez descoberta no Canadá, foi cunhada em Londres entre 1422 e 1427, altura em que foi avaliada em um xelim e oito pence, cerca de 81 dólares (cerca de 78 euros) na atualidade.
Visto que esta moeda medieval foi descontinuada por volta de 1470, a sua descoberta numa praia canadiana está a apresentar aos arqueólogos “um puzzle histórico”.
As sagas islandesas medievais indicam que Leif Erikson redescobriu a América do Norte em 1001, mas os arqueólogos ignoraram estes relatos. No entanto, tudo mudou em 1978, quando os descobriram um assentamento nórdico do século XI em L’Anse aux Meadows, no Canadá.
De acordo com a História, o explorador europeu que se seguiu em Newfoundland chegou à província em 1497 – o italiano John Cabot, ao qual se associa a redescoberta do local. Contudo, a moeda de ouro medieval recentemente descoberta no Canadá é anterior à viagem de Cabot, com uma diferença de 70 anos.
À CBC News, o arqueólogo canadiano Jamie Brake disse que, de acordo com a narrativa histórica aceite, na altura em que esta moeda foi cunhada “as pessoas em Inglaterra ainda não tinham conhecimento de Newfoundland nem da América do Norte” e é por isso que esta descoberta é “tão excitante”.
O investigador acrescentou que a evidência de uma ocupação antes do século XVI é “espantosa e altamente significativa”. Na realidade, uma tal descoberta exigiria que a História foi reescrita, notou o Ancient Origins.
A moeda encontrada remonta ao reinado do rei Henrique VI. Assim, é mais antiga do que a moeda desenterrada em 2021 na praia de Cupids Cove Plantation Provincial, que data da década de 1490.
Como esta é a moeda mais antiga alguma vez descoberta no Canadá, o local onde foi descoberta não foi revelado por razões de segurança. Jamie Brake disse à CBC News que o objeto foi “encontrado, numa praia perto de um sítio arqueológico registado, que data do século XVII”.
Paul Berry, curador do Museu da Moeda do Banco do Canadá, referiu que a moeda provavelmente já não estava em circulação quando foi perdida. Já Jamie Brake sugeriu que pode ter sido perdida antes de Cabot ter chegado ao local.
Segundo o Newfoundland Heritage, em 1481 o comerciante inglês John Day navegou em busca da mítica ilha conhecida como Brasil. Suspeita-se que tenha descoberto os Grand Banks de Newfoundland, um dos bancos de pesca mais ricos do mundo, onde abunda o bacalhau.
Numa carta escrita por Day ao anónimo “Lord Grand Admiral”, que muitos acreditam ser Cristóvão Colombo, o mercador disse que a terra que Cabot descobriu foi “o continente que os homens de Bristol encontraram” em 1481. Pensa-se que Day não contou sobre a sua descoberta porque queria manter o paradeiro dos bancos de pesca em segredo durante o máximo de tempo possível.
Poderá um das centenas de mercadores de Bristol que navegaram no mar ocidental antes de Cabot ter desembarcado em Newfoundland? Em caso afirmativo, será que adquiriram algo a um comerciante indígena e deixaram uma moeda de ouro para trás? As perguntas são muitas, mas por agora, a moeda medieval prova que os europeus estiveram na América do Norte ainda antes de Cabot.
E que tal investigarem a viagem de João Corte Real. Os historiadores portugueses sabem que foi ele que andou por lá nessa altura e, dadas as relações comerciais e políticas de Portugal com a Inglaterra na mais natural do que as caravelas portuguesas levarem moedas inglesas e de outros países em ouro, metal com valor em qualquer porto onde acostassem.
João Corte Real… E o Jorge Jesus?! Esse também andou por lá muito antes de todes os outres, kralhes…