Os moçambicanos dirigem-se hoje às urnas, numas eleições marcadas por episódios violentos, inclusivamente com várias mortes. O investigador Pedro Vicente diz que a vitória da Frelimo é mais do que certa.
Mais de 13 milhões de moçambicanos foram chamados esta terça-feira às urnas para eleger o próximo Presidente da República, os 250 deputados do parlamento e os dez governadores provinciais. Desde a pré-campanha que um clima de violência tem reinado no país.
Até segunda-feira, a Polícia da República de Moçambique tinha registado um total de 19 mortes. Esta não é uma situação única no país, sendo que no passado, noutras eleições, já se observaram incidentes semelhantes. Segundo o Jornal Económico, tanto nas cidades como nas zonas rurais, a violência tem pautado este dia de eleições.
“Desencorajamos a permanência dos eleitores depois de terem exercido o seu direito de voto dentro do perímetro da assembleia de voto, pois isso contraria o espírito e a letra da legislação eleitoral aprovada por consenso na Assembleia da República”, disse Abdul Carimo, presidente da CNE.
A TSF falou com o investigador Pedro Vicente, que defende que a vitória da Frelimo é mais do que certa, só falta é saber por quanto. Em declarações à rádio, explicou que o interessante seria ver o que acontece no espaço urbano, “em que existe mais informação, em que as pessoas estão mais cientes do que tem acontecido nos últimos anos”.
O investigador falou ainda de “assassinatos cirúrgicos”, como é o caso relatado pela revista Sábado, relativo ao dia 7 de outubro, quando um grupo de polícias terá perseguido e matado a tiro um dirigente de uma organização e observador eleitoral. “Obviamente, há nestas mortes uma motivação política que é inescapável, da parte de grupos ligados à Frelimo”, disse Pedro Vicente.
Filipe Nyusi é a principal cara da Frelimo, que sucedeu a Armando Guebuza, e é favorito perante a concorrência de Ossufo Momade (Renamo), Daviz Simango (MDM) e Mário Albino Muquissinse (AMUSI). Apesar do ligeiro crescimento económico no país, Moçambique ainda vive na ilusão de que a exploração de gás natural vai tirar o país das trevas.
“A partir do momento em que há gás natural e todas estas movimentações em torno do interesse estrangeiro, há aqui um problema de conflito“, notou o português Pedro Vicente.