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Misterioso rio de 1.000 quilómetros pode fluir debaixo da Gronelândia

Um rio subterrâneo gigante alimentado pelo derretimento do gelo pode fluir num estado de escuridão perpétua muito abaixo da superfície da Gronelândia.

Apelidado de “Rio Negro”, este hipotético curso de água pode estender-se por 1.000 quilómetros, fluindo do interior profundo da Gronelândia até ao Fiorde Petermann, no noroeste do país.

“Os resultados são consistentes com um longo rio subglacial, mas permanece uma incerteza considerável”, disse o modelador do manto de gelo Christopher Chambers, da Universidade de Hokkaido, no Japão, em comunicado.

Essa incerteza decorre em grande parte de lacunas significativas nos dados de radar de pesquisas aéreas acima da camada de gelo da Gronelândia, que, ao longo dos anos, detetou vislumbres fragmentados do que parece ser um sistema gigante de vale subglacial a estender-se abaixo de grandes partes da Gronelândia.

Numerosos estudos nas últimas duas décadas sugeriram que essas trincheiras ou vales poderiam estar ocultos no ambiente subglacial e que a água líquida poderia fluir na parte inferior dos recursos.

No entanto, devido a lacunas nos dados, não se sabe se todos os vales estão conectados num rio longo e sinuoso ou se são apenas segmentos de fenómenos desconectados.

“Não sabemos quanta água, se houver, está disponível para fluir ao longo do vale e se realmente sai no Fiorde Petermann, é recongelada ou escapa do vale ao longo do caminho”, disse Chambers.

Num novo estudo, Chambers e a sua equipa exploraram a possibilidade hipotética de que o vale não está dividido em pedaços separados, mas corre continuamente num longo rio.

A possibilidade é plausível se a segmentação vista na modelagem for uma ilusão – elevações fantasmas resultantes de modelagem enganosa em regiões de dados esparsos, ao invés de características territoriais.

“Os aumentos ocorrem onde os dados são interpolados para preencher as lacunas entre onde o radar obteve dados confiáveis”, escreveram os autores. “Isso sugere que as elevações do vale podem não ser reais.”

Na nova modelagem, os investigadores presumiram que o Rio Negro é um recurso contínuo. Com base nesse cenário, as simulações sugeriram que a hidrovia flui do centro da Gronelândia para o mar, com água líquida a percorrer o caminho ininterrupto.

“Ao longo da sua extensão, o caminho do vale progride gradualmente descendo uma encosta da superfície do gelo, causando uma redução na pressão da camada de gelo que pode permitir o fluxo de água ao longo do seu caminho”, escreveu a equipe.

Embora as descobertas sejam, para já, hipotéticas, os cientistas acreditam que investigações aéreas futuras podem vir a confirmar as simulações.

Este estudo foi publicado na semana passada na revista científica The Cryosphere.

ZAP //

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