Sem vento ou ondas evidentes: uma subida tão súbita do nível da água “nunca tinha sido registada”, nem na China, nem em lado nenhum. “Num contexto de anomalias climáticas globais, os fenómenos meteorológicos extremos podem chegar silenciosamente sem aviso”, avisa especialista.
Especialistas chineses estão a investigar uma subida invulgar do nível do mar em várias zonas costeiras do nordeste e do sudeste da China, foi esta quinta-feira noticiado.
O fenómeno, que afetou principalmente as províncias de Hebei e Liaoning, no norte, causou inundações e obrigou à mobilização de uma resposta de emergência, surpreendeu tanto as autoridades como a população local, avançou o jornal de Hong Kong, South China Morning Post.
O diretor do Gabinete de Previsão de Ondas de Maré do Centro Nacional de Previsão Ambiental Marinha, Fu Cifu, disse, citado pelo jornal, que uma subida tão súbita do nível da água, na ausência de vento e de ondas evidentes, “nunca tinha sido registada”, nem a nível nacional nem internacional.
O nível do mar em várias zonas da região manteve-se cerca de um metro acima do normal durante mais de 20 horas, ultrapassando os registos históricos em várias estações de medição de marés na província de Liaoning.
As autoridades disseram que, embora as águas tenham começado a baixar após várias horas, os efeitos da vaga fizeram-se sentir nas províncias mais a sul, como Jiangsu (leste) e Fujian (sudeste).
Mesmo no mar do Sul da China, em regiões como Hong Kong e Macau, as marés estavam 30 centímetros mais altas do que o normal, acrescentou o jornal.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram estradas submersas em cidades do nordeste do país, como Dalian e Jinzhou.
🇨🇳 | A maré faz com que o mar inunde as ruas da costa de Tianjin, na China. pic.twitter.com/kwqxWlx7Ld
— Alerta Mundo 🌎 (@AlertaMundo_) October 22, 2024
🚨🇨🇳FLOOD ALERT
Seawater Inundates Panjin, Liaoning Province, China
October 21, 2024
– Sudden seawater #flooding hits Panjin
– Homes inundated in Erjiegou area
– Saltwater infiltration and seawater backflow blamed on groundwater over-exploitationSTAY INFORMED! pic.twitter.com/OxNqAnEEnx
— Weather monitor (@Weathermonitors) October 21, 2024
A subida do nível do mar desencadeou uma resposta de emergência pelo Ministério dos Recursos Naturais da China, que mobilizou cinco equipas de peritos para inspecionar as áreas afetadas.
Um perito não identificado do ministério dos Recursos Naturais, citado pelo South China Morning Post, indicou que as oscilações das marés provocadas por uma tempestade, juntamente com as marés, começaram a ter impacto vários dias antes do evento.
Um fluxo de ar quente e húmido que se deslocava para norte, ao longo do rio Amarelo, encontrou uma frente fria que avançava do sul, resultando na formação de um ciclone do tipo tufão, que gerou uma tempestade na região, disse o perito, advertindo que “num contexto de anomalias climáticas globais, os fenómenos meteorológicos extremos podem chegar silenciosamente sem aviso”.
Typhoon Trami has entered the South China Sea. Due to the influence of the rapidly strengthening typhoon on the east side, Trami will travel back and forth in the South China Sea for a week, and will become the typhoon with the strangest path this year. pic.twitter.com/GbFlBvTht7
— Jim (@yangyubin1998) October 24, 2024
A oscilação teria começado a 19 de outubro na baía de Bohai, propagou-se para sul e depois voltou a subir para Liaoning, onde coincidiu com a maré alta, provocando o fenómeno.
Nas redes sociais locais, meteorologistas amadores explicaram que a subida do nível do mar se deveu a uma combinação de fatores astronómicos, meteorológicos, oceanográficos e topográficos.
Entre esses fatores, observaram que o dia 20 de outubro coincidiu com a maré astronómica mais forte do ano, além de uma superlua recentemente registada, que aumentou as marés até 20 centímetros. As autoridades não registaram até agora qualquer vítima.
ZAP // Lusa