Uma equipa de cientistas acaba de descobrir gelo novo no hemisfério norte de Encélado, o sexto maior satélite natural de Saturno.
Recorrendo a imagens captadas pela nave Cassini da NASA, que já terminou as suas operações, a equipa descobriu gelo relativamente recente no hemisfério norte de Encélado, sugerindo que este mundo pode ser geologicamente mais ativo do que se pensava.
Tal como escreve o Space.com, o novo gelo surge numa localização inesperada de Encélado, que, para muitos cientistas, integra o leque de quatro corpos – a par de Marte, Europa (lua de Júpiter) e Titã (maior lua de Saturno) – onde é mais provável existir vida.
A sul de Encélado os cientistas sabiam já que existe atividade geológica, uma vez que a Cassini avistou na região mais de 100 géisers a lançar água gelada para o Espaço.
Os cientistas chegaram à nova descoberta depois de olharem para a assinatura de calor de Encélado, recorrendo à luz solar refletida e posteriormente analisada com o espectrómetro de mapeamento visível e infravermelho da Cassini (VIMS).
“Graças a estes olhos infravermelhos [da Cassini] podemos voltar no tempo e dizer que uma grande região no hemisfério norte também parece jovem e, provavelmente, estava ativa não há muito tempo nas linhas do tempo geológico”, afirmou Gabriel Tobie, um cientista do VIMS da Universidade de Nantes (França), citado em comunicado da NASA.
Acredita-se que o géisers de Encélado tenham causado as “riscas de tigre” neste corpo, avistadas pela primeira vez também pela Cassini. Trata-se de fissuras espaçadas de forma uniforme, com aproximadamente 131 quilómetros de comprimento.
Os cientistas não sabem ainda como é o gelo reapareceu a norte nem quando é que o fenómeno aconteceu, mas deixam algumas possíveis explicações para o ocorrido.
“O ressurgimento [de gelo] a norte pode dever-se a jatos de gelo ou a um movimento mais gradual do gelo através de fraturas na crosta, [que aparecem] a partir do subsolo do oceano [rumo à] superfície” de Encélado.
Os resultados da investigação foram publicados recentemente na revista Icarus.
Apesar de não haver nenhuma missão planeada a Encélado, os cientistas continuarão certamente atentos a este mundo. A sexta maior lua de Encélado é um dos mundos mais promissores para a vida alienígena no Sistema Solar.
Além do oceano subterrâneo e atividade geológica, a lua terá, provavelmente, uma fonte de energia a que os organismos podem aceder – reações químicas talvez semelhantes às que sustentam a vida perto das fontes hidrotermais profundas da Terra.
Não há nenhuma missão futura planejada ainda para atingir Enceladus, embora os cientistas tenham feito o lance para uma durante uma apresentação coordenada pelas Academias Nacionais de Ciências dos EUA em 31 de março. Enquanto isso, os pesquisadores devem confiar em dados coletados por missões mais antigas.