É quase impossível recuperar corpo do missionário morto por tribo selvagem

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Guarda Costeira da Índia / Survival International

Membros da tribo Sentinelese montam guarda à sua ilha

Agentes da polícia da Índia tiveram um tenso “frente-a-frente” com a tribo isolada da ilha Sentinela do Norte, onde testemunhas afirmam que foi morto a flechadas o missionário norte-americano John Allen Chau, de 27 anos.

O Governo indiano enviou uma unidade de polícia para a ilha remota do arquipélago de Andaman e Nicobar, no oceano Índico, para tentar resgatar o corpo do jovem.

Os agentes pararam o barco a cerca de 400 metros da costa. De binóculos, viram o que os esperava na praia: homens armados com arcos e flechas – as mesmas armas que foram utilizadas para matar Chau, segundo pescadores que levaram o americano à ilha, onde a entrada é proibida.

“Eles ficaram a olhar para nós e nós estávamos a olhar para eles”, disse à agência de notícias AFP o director-geral da polícia no arquipélago, Dependra Pathak, conforme transcreve a BBC. A polícia decidiu então ir embora para evitar um confronto.

Esta primeira abordagem destaca a dificuldade da tarefa de recuperar o corpo numa ilha alheada do mundo moderno e guardada por uma tribo que não costuma receber bem os estrangeiros.

A polícia indiana refere que os aborígenes pareciam estar a observar alguma coisa, provavelmente o corpo do americano.

Pescadores locais que ajudaram Chau a chegar à ilha dizem que testemunharam o momento em que membros da tribo enterraram o jovem na praia.

No dia 21 de Outubro, John Chau publicou na sua conta do Instagram a chegada à região onde está a ilha. O missionário queria contactar com a tribo para divulgar o cristianismo, de acordo com as anotações que deixou antes de sair e que foram divulgadas pela imprensa local.

“Mapeamos a área com a ajuda desses pescadores, ainda não vimos o corpo, mas sabemos mais ou menos a área onde se acredita que ele foi enterrado”, disse o chefe da polícia regional.

O Governo indiano enfrenta agora um dilema complicado: como recuperar o corpo de Chau e, assim, determinar o que aconteceu, protegendo ao mesmo tempo a cultura dos aborígenes, como manda a lei.

Sem imunidade

Para tentar uma aproximação com a tribo sem a perturbar, já que ela é uma das últimas que existe sem qualquer contacto com o mundo exterior, o Governo indiano procurou ajuda de especialistas.

A tribo da Ilha Sentinela ainda é um mistério. Não se sabe que Língua fala, nem por quantas pessoas é constituída.

Estima-se que existam apenas entre 50 a 150 pessoas no local que é proibido a visitas devido à contaminação com doenças estrangeiras.

“Sem imunidade, qualquer vírus pode matar toda a tribo”, diz o editor da BBC em Delhi, Ayeshea Perera.

Em 2005, um fotógrafo registou membros da tribo em posição de guarda. Antropólogos dizem que, porque muitos deles foram mortos por japoneses e ingleses, os sentineles odeiam homens vestidos de uniforme.

Os sentineles têm um histórico de ataques a pessoas de fora da sua comunidade. Em 2006, dois pescadores que acabaram nas costas da ilha foram mortos. Uma semana depois da sua morte, os seus corpos foram pendurados em estacas de bambu com vista para o mar.

“Parecia um espantalho”, lembrou o chefe de polícia, afirmando que ainda se está a “tentar entender a psicologia do grupo”.

Os especialistas pedem cautela e alguns acham que é “quase impossível” recuperar o corpo de Chau.

“Não se podem enviar as Forças Armadas e apanhar o corpo”, nota o antropólogo T.N. Pandit que visitou a ilha há alguns anos, em declarações ao The New York Times, frisando que é preciso “ir com muita precaução”.

A falta de informação sobre os sentineles, que se acredita serem os últimos descendentes vivos dos primeiros humanos a chegarem à Ásia, é uma das maiores dificuldades.

“Não temos ideia sobre os seus sistemas de comunicação, a sua história ou a sua cultura, ou como podemos aproximar-nos”,  referiu o antropólogo Anup Kapoor, da Universidade de Delhi, à AFP.

“Eu não acredito que haja uma maneira certa de recuperar o corpo sem colocar em risco tanto os sentinelas, quanto aqueles que vão tentar” fazê-lo, apontou a investigadora Sophie Grig, da organização Survival International que defende os direitos deste tipo de comunidades.

O antropólogo Kapoor concorda. “Deixe-os ser como são. Não os incomode porque a única coisa que vamos conseguir é que eles se tornem mais agressivos”, conclui.

ZAP // BBC

9 Comments

  1. Ele sabia que era proibido ir aquela ilha, pagou subornos para chegar lá, sabia que eles eram hostis e ainda assim foi lá chatear os indígenas com as tretas de deus e da bíblia?!
    Só teve o que mereceu!…

      • Eu tenho compaixão pelos indígenas que foram importunados por um fanático religioso e que até lhe fizeram o favor de o mandar ir ter com o seu deus!…

      • Olhem-me este a pedir compaixão ao Eu! !!!
        O Eu! é do Alto Minho. Come postas Barrosã ao pequeno-almoço acompanhadas de vinho verde e sempre que pode vai às meninas à Galiza. E por aqui é conhecido por ser um labrego que escreve a ofender tudo e todos.

      • Daí até dizer que a morte foi bem merecida… Não és muito diferente daqueles indígenas primitivos.
        Também falas de boca cheia porque não é contigo…

  2. Existem tantos outros locais onde um cristao se pode ir matar… Este gajo foi amador. Devia aprender com os profissionais de conversão religiosa, e levar um colete de explosivos.. Estaria agora, com palettes de gajas boas, lá em cima…!

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