Minúsculos embriões fossilizados revelam segredos da vida há 500 milhões de anos

Liu et al., Palaeogeogr. Palaeoclimatol. Palaeoecol., 2025

Os embriões minúsculos descobertos na China

Objetos encontrados na China podem revelar que os primeiros antepassados do grupo onde se inseriam tinham um corpo em forma de saco — a forma de verme pode só ter surgido mais tarde.

São objetos de tamanho milimétrico, conta a Science Alert, mas são uma grande descoberta. Pertencem a animais que viveram no início do período Cambriano, há cerca de 535 milhões de anos.

Estes animais são vários, e pertencem ao grupo Ecdysozoa, que inclui insetos, aranhas, crustáceos e vermes. São, no total, 7 novos fósseis, descobertos na Formação de Kuanchuanpu, na China.

A equipa de paleontólogos liderada por Mingjin Liu, da Universidade de Chang’an, na China, acredita que as formas adultas dos embriões podem estar intimamente relacionados com o Saccorhytus, um género representado por uma única espécie — uma criatura minúscula e peculiar da era Cambriana, que não tinha rabo, sugerem no estudo que será publicado na Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology na edição de fevereiro.

Estes embriões, apelidados de ecdissozoários são muito mais raros do que os de caranguejos ou outros animais com carcaças resistentes, porque são consideravelmente mais delicados.

Os tecidos outrora moles que compunham cada embrião foram há muito substituídos por minerais de fosfato de cálcio à medida que se decompunham nos sedimentos do fundo de um ambiente marinho. Este processo de fossilização preservou a anatomia tridimensional dos embriões com um pormenor impressionante, aponta a Science Alert.

Com base no número e disposição das placas que formam os exoesqueletos dos embriões, chamadas escleritos, os investigadores classificaram os minúsculos organismos como dois novos taxa (grupo de uma ou mais populações de um organismo): Saccus xixiangensis e Saccus necopinus.

A falta de deformação no exoesqueleto sugere a formação da cutícula, o que significaria que os embriões estavam quase a eclodir no momento da sua morte. Apesar disso, estavam ainda numa fase de desenvolvimento embrionário anterior à formação de uma boca ou de um ânus.

O taxa Saccorhytus coronarius foi encontrado na mesma formação Kuanchuanpu que o Saccus. Também não tinha membros, não tinha pestanas, tinha um corpo em forma de saco, uma boca gigante com estruturas radiais à volta, simetria bilateral e não tinha ânus. E media cerca de um milímetro de diâmetro.

Se tiverem sido semelhantes, tanto o Saccus como o Saccorhytus podem ser ambos Ecdysozoans basais, sugerindo que os primeiros antepassados do grupo tinham um corpo em forma de saco, tendo a forma de verme surgido apenas mais tarde.

Tudo isto descoberto a partir de sete pequenas bolas de fosfato de cálcio.

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