Ministro sueco quer punir os pais pelos crimes dos filhos. O seu filho integrou grupos neonazis

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UN Geneva / Flickr

Johan Forssell, Ministro das Migrações da Suécia

Johan Fossell diz-se “chocado” com as ações do filho de 16 anos e garante que o jovem está arrependido. A oposição acusa-o de ter dois pesos e duas medidas, dado o seu histórico de apoiar a responsabilização dos pais pelos comportamentos dos filhos menores.

O Ministro das Migrações da Suécia, Johan Forssell, revelou que o seu filho adolescente esteve envolvido com grupos extremistas de extrema-direita violentos, após um alerta do serviço de segurança nacional, o Säpo.

Forssell, um membro proeminente do Partido Moderado, de centro-direita, manifestou um profundo choque com a descoberta. “Como pai, fica-se chocado, horrorizado“, disse em entrevista à TV4. O jovem de 16 anos terá tentado recrutar pessoas para uma organização supremacista branca e participado em atividades ligadas ao grupo neonazi Aktivklubb Sverige.

A revelação surgiu pouco depois de a revista antirracismo Expo ter publicado uma investigação que indicava que um familiar próximo de um ministro sueco tinha ligações a redes extremistas, sem revelar a sua identidade. Forssell confirmou que o relatório se referia ao seu filho, que estará agora arrependido. “Essas atividades acabaram, mas as nossas conversas, claro, vão continuar”, afirmou.

Apesar de o adolescente não ser suspeito de um ilícito criminal, o ministro admitiu que desconhecia o envolvimento mais profundo do filho, apesar de o seguir nas redes sociais, onde o jovem seguia figuras conhecidas da extrema-direita. “Isto pode ser um alerta para muitos pais“, observou Forssell.

Os grupos de extrema-direita na Suécia utilizam há muito tempo as redes sociais para chegar aos adolescentes e jovens, iniciando frequentemente o contacto nas plataformas tradicionais antes de passarem para canais de comunicação privados.

A situação é politicamente sensível para Forssell, cuja coligação governamental depende do apoio do partido de extrema-direita Democratas Suecos, um partido com ligações históricas a movimentos neonazis. No entanto, Forssell já fez saber que pretender manter-se em funções, escreve o The Guardian.

A oposição está a exigir explicações e o Partido de Esquerda já solicitou a sua presença no Parlamento para garantir a total transparência. Forsell também está a ser acusado de hipocrisia por já ter defendido publicamente que os pais devem ser punidos pelos crimes dos seus filhos e por ser a favor da redução da idade de responsabilidade criminal dos jovens de 15 para 14 anos.

“Porque é que os partidos de esquerda nunca mencionam a responsabilidade parental como medida de prevenção ao crime? Há sempre um foco no que o Estado, as escolas e os políticos devem fazer. Mas o que realmente previne o crime são os pais que estão presentes, dando amor aos filhos e estabelecendo limites claros”, escreveu no X em 2022.

“Johan Forssell e o governo têm um tom muito alto quando se trata da responsabilidade que se tem pelas ligações dos pais com, por exemplo, crimes de gangues. Agora, parecem ter uma abordagem muito diferente”, disse o porta-voz da política migratória do partido de Esquerda, Tony Haddou.

Em resposta, Forssell acusa a oposição de usar a sua situação para “marcar pontos políticos”. “Se quiserem, podem fazê-lo, mas, acima de tudo, esta é uma tarefa para mim como pai”, disse.

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

  1. A esquerdalha no seu melhor. Responsabilizar o pai por quê, se o filho não cometeu nenhum crime?

    Se tivesse cometido algum crime, aí sim, poderiam responsabilizar os pais.

  2. Estou de acordo, que os pais, até certa idade dos filhos, sejam responsáveis pelo menos por prejuízos. Não deviam ter de entrar na prisão, mas com multas consegue-se muito. Se não paguem, então aí daria prisão, claro. Mas a idade de consciência de um menor deve ser tomada em consideração, para, além da coima para os pais, o delinquente também ser punido. Dantes havia centros de reeducação . . .

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