O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, viaja esta segunda-feira para Teerão com o objectivo de salvar o acordo nuclear com o Irão, posto em dúvida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e obter garantias suplementares no seu programa balístico e no envolvimento na região.
Segundo informou este domingo o ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian vai reunir-se com o seu homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif, com o presidente do Parlamento, Ali Larijani, e com o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Ali Shamkhani.
A diplomacia de Paris, que está decidido a salvar o acordo assinado entre a comunidade internacional e Teerão, a 14 de julho de 2015, considera que o Irão está a cumprir com os seus compromissos e que “há firmes garantias contra o risco de desvio do programa nuclear iraniano para fins militares”.
Mas Jean-Yves Le Drian está consciente de que necessita de obter em troca algo do Irão para poder convencer Trump das partes boas do acordo. Por isso, na sua pasta o ministro enfrenta outros dois temas a negociar.
O primeiro diz respeito ao programa de mísseis balísticos iraniano, que a França considera “uma fonte importante de preocupação” por ser contrário à resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, o que faz dele um “fator de desestabilização na região – em particular, no equilíbrio com Israel, mas também com as monarquias do Golfo, indicam fontes diplomáticas francesas.
Teerão está a testar mísseis capazes de alcançar 5 mil quilómetros, algo que Paris considera desnecessário para ter o equilíbrio balístico com Israel. Paris também expressou preocupação pela transferência de mísseis iranianos e a assistência desse país a “entidades não estatais da região”, numa alusão ao grupo Hezbollah.
A França considera que “a ação regional do Irão tem consequências desestabilizadoras na região” e Le Drian vai tratar de convencer o seu homólogo sobre a necessidade de Teerão “contribuir positivamente para a resolução dos problemas do Oriente Médio respeitando a soberania dos Estados”.
O ministro deve referir-se à presença do Irão na Síria, em particular à urgência de ajuda humanitária ao país, mas também a “outros conflitos regionais nos quais o Irão está envolvido”, como o Iêmen, Líbano e Iraque.
// EFE