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Ministro da Educação destaca “legado” para o futuro das aulas na TV. Alguns alunos já têm aulas online a partir das escolas

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António Pedro Santos / Lusa

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, assiste às gravações do #EstudoEmCasa – Ensino Secundário

O ministro da Educação reiterou a importância da transmissão televisiva das aulas do programa #EstudoEmCasa, afirmando que, além de úteis para o ensino à distância, ficam para o futuro.

“O que fizemos foi criar um conjunto de materiais que ficarão como legado que será utilizado em Portugal no próximo ano letivo e nos anos vindouros, e um pouco por todo o mundo”, disse Tiago Brandão Rodrigues durante uma visita ao estúdio onde estão a ser gravadas algumas das aulas.

É num dos estúdios agora transformado em sala de aula da Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, que estão a decorrer as gravações dos conteúdos para o ensino secundário.

As aulas para os alunos do 10.º ao 12.º anos, que até agora só estavam disponíveis na plataforma online, passam a ser transmitidas também na televisão, um alargamento que o ministro da Educação considerou essencial.

“Sabemos que as famílias, muitas vezes, precisam de outros estímulos. É essencial esta aposta e podermos também universalizar esta resposta para o ensino secundário”, afirmou.

Em declarações aos jornalistas, no final de uma aula de “Economia A / Área de Intervenção” que estava a ser gravada quando chegou aos estúdios, Tiago Brandão Rodrigues considerou que o programa #EstudoEmCasa, em parceria com a RTP, é uma ferramenta importante para os alunos, que voltaram ao ensino a distância.

“É importante criarmos redundâncias. Se é verdade que o ensino à distância também usa meios telemáticos, termos a televisão e todo este trabalho a chegar aos alunos do secundário é muito importante”, disse.

E não é importante apenas para o contexto atual, acrescentou, recordando que os conteúdos ficam disponíveis no futuro, não só para os alunos portugueses, mas para todos aqueles que queiram aprender, em qualquer idade e em qualquer parte do mundo.

A versão moderna da telescola foi lançada pelo Governo em abril do ano passado, com a transmissão de aulas do 1.º ao 9.º ano na RTP Memória. No início do letivo, o projeto foi alargado ao ensino secundário, mas os conteúdos só estavam, até agora, disponíveis online.

O alargamento à televisão acontece no mesmo dia em que os alunos retomaram as atividades letivas, mas longe das escolas, regressando das férias antecipadas para o já conhecido ensino a distância que marcou o final do ano letivo passado.

Alguns alunos têm aulas online a partir da escola

Apesar de o ensino à distância já ter começado, foram milhares os alunos que se tiveram de deslocar para ter aulas online a partir da escola. A maioria são filhos dos trabalhadores essenciais ou alunos com necessidades educativas especiais, mas também há casos em que a deslocação foi motivada pela falta de condições para acompanhar as aulas online.

De acordo com uma estimativa feita pelo jornal Público, nesta segunda-feira terão estado nas escolas entre 4 mil e 5 mil estudantes, numa média de seis a sete alunos presentes nos estabelecimentos de ensino que foram contactados.

A maioria dos presentes em estabelecimentos de ensino são sobretudo filhos dos trabalhadores essenciais e alunos com necessidades educativas especiais. Mas existem também casos de estudantes que voltaram à escola por não terem condições de acesso às aulas online.

Em Ribeira de Pena, por exemplo, existem duas irmãs sem acesso à Internet em casa e que vão, por isso, assistir às aulas online na escola de Cerva.

O regresso do ensino à distância aumentou as preocupações desta família que vive em Carrapuços, no concelho de Ribeira de Pena, distrito de Vila Real, onde praticamente não há acesso à Internet e as duas filhas têm de sair da aldeia para assistirem às aulas.

Inês Magalhães anda no 3.º ano, e Cristina Magalhães frequenta o 9.º ano, em Cerva.

Patrícia Mucha, da Câmara de Ribeira de Pena, explicou à agência Lusa que a solução encontrada passa por levar as meninas para a escola de Cerva, inserido no Agrupamento de Escolas de Ribeira de Pena, onde terão as aulas à distância.

Trata-se, referiu, de “um espaço que conhecem, onde vão estar devidamente acompanhadas e onde têm acesso a almoço”, sempre que for necessário.

Segundo esta responsável, a câmara vai assegurar o transporte às duas alunas e os horários já estão delineados de acordo com as horas em que decorrem as aulas online. Ali também poderão permanecer para as aulas assíncronas.

A mãe das duas meninas, Lisete Gonçalves, já tinha contado à agência Lusa que em março, aquando do primeiro confinamento e interrupção do ensino presencial, a solução encontrada pela família foi levar as duas alunas para a casa de uma tia, a cerca de um quilómetro de distância.

Nesta segunda fase, o acesso ao ensino à distância fica resolvido com a ida para o estabelecimento escolar, mas mantém-se o problema de falta de Internet e até de rede móvel em Carrapuços.

“É que nem temos Internet nem telefones. Nem o de casa nem os telemóveis funcionam, temos de andar à procura do sítio certo, ou não dão e as chamadas caem. É tudo fraco”, referiu Lisete Gonçalves.

No dia-a-dia, tanto o telefone fixo como o telemóvel são colocados junto à janela que é o local onde diz que ainda vai funcionando a rede. “Ponho-me à janela para falar, mas nos dias de chuva nem na janela apanha”, apontou a encarregada de educação.

Lisete contou que tentou junto das várias operadoras, experimentou mudar de serviço, mas “sem sucesso”. “Da minha parte já não consigo fazer mais nada. Eu pagar, pago, mas a quem? As redes não têm cobertura”, referiu.

A Câmara de Ribeira de Pena já disse que tem identificados, no concelho, “quatro a cinco” zonas sombra, sem acesso à Internet, e que o problema tem sido reportado às operadoras de telecomunicações.

O acesso à Internet ainda é um problema que afeta vários locais do Interior do país e representa uma barreira para a escola online.

No total, são cerca de 1,2 milhões de alunos que voltam a ser obrigados a trocar, por tempo indefinido, as salas de aula pelas suas casas, quase um ano depois de, em março, o Governo ter encerrado as escolas e implementado o ensino a distância para conter a pandemia de covid-19.

As escolas encerraram as portas há duas semanas e as crianças e jovens ficaram em casa, numa pausa letiva que será compensada com aulas nos três dias de férias do Carnaval, em outros três dias da Páscoa e durante mais uma semana no final do ano letivo.

O ensino a distância durará pelo menos duas semanas, mas o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, assegurou que a prioridade do Governo é abrir as escolas o mais rapidamente possível, uma decisão que dependerá da evolução da pandemia de covid-19.

Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Temos um ministro da educação que nem falar sabe. No outro dia dizia em direto, num qualquer canal de televisão:”… temos as escolas melhor preparadas…”
    Posto isto… deveria também ele pedir a demissão de imediato e regressar à escola para ver se aprende alguma coisa.

  2. Eu também entendo que melhor será pôr todos os professores na reforma e passarem a dar aulas através da TV, porque pelo que já observei aquilo é sempre a aviar. O país vai longe com estas ideias revolucionárias destes políticos de esquerda! Até acredito mesmo que o próprio PCP apesar de tantos defeitos seria melhor neste aspecto.

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