Os asteroides próximos da Terra (ou NEAs, sigla inglesa para “near-Earth asteroids”), ricos em metais, são raros, mas a sua presença fornece a possibilidade intrigante de que o ferro, níquel e cobalto possam algum dia ser extraídos para uso na Terra ou no espaço.
Uma nova investigação, publicada na The Planetary Science Journal, investigou dois asteroides ricos em metais no nosso “quintal cósmico” para aprender mais sobre as suas origens, composições e relações com meteoritos encontrados na Terra.
Pensa-se que estes NEAs ricos em metais tenham sido criados quando os núcleos de planetas em desenvolvimento foram catastroficamente destruídos no início da história do Sistema Solar, mas pouco mais se sabe sobre eles.
Uma equipa de estudantes coliderada pelo professor de ciências planetárias Vishnu Reddy, da Universidade do Arizona, estudou os asteroides 1986 DA e 2016 ED85 e descobriu que as suas assinaturas espectrais são bastante semelhantes à do asteroide 16 Psyche, o maior corpo rico em metais do Sistema Solar.
Psyche, localizado na cintura de asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter, é o alvo da missão Psyche da NASA.
“A nossa análise mostra que ambos os NEAs têm superfícies com 85% de metal, como ferro e níquel, e 15% de silicatos, que é basicamente rocha”, disse o autor principal Juan Sanchez, que trabalha no Planetary Science Institute. “Estes asteroides são semelhantes a alguns meteoritos ferro-rochosos, como os mesosideritos encontrados na Terra.”
Os astrónomos há décadas que especulam sobre a composição da superfície de Psyche. Ao estudar NEAs ricos em metais que se aproximam da Terra, esperam identificar meteoritos específicos que se assemelham à superfície de Psyche.
“Começámos um levantamento composicional da população de NEAs em 2005, quando ainda era estudante, com o objetivo de identificar e caracterizar NEAs raros, como estes asteroides ricos em metais”, disse Reddy, investigador principal. “É gratificante termos descoberto estes ‘mini-Psyches’ tão próximos da Terra.”
“Para perspetiva, um objeto metálico com 50 metros, semelhante aos dois asteroides que estudámos, criou a Meteor Crater no Arizona”, disse Adam Battle, coautor do artigo juntamento com colegas do Lunar and Planetary Laboratory, os estudantes Benjamin Sharkey e Theodore Kareta, e David Cantillo, estudante no Departamento de Geociências.
O artigo científico também explorou o potencial de mineração de 1986 DA e descobriu que a quantidade de ferro, níquel e cobalto que poderia estar presente no asteroide excederia as reservas globais destes metais.
Além disso, quando um asteroide é catastroficamente destruído, produz o que é chamado de uma família de asteroides – um grupo de pequenos asteroides que partilham composições e percursos orbitais semelhantes.
A equipa usou as composições e órbitas dos asteroides 1986 DA e 2016 ED85 para identificar quatro possíveis famílias de asteroides na região mais externa da cintura de asteroides, que abriga o maior reservatório de pequenos corpos do Sistema Solar interior. Esta também é a região onde reside a maioria dos maiores asteroides metálicos conhecidos, incluindo 16 Psyche.
“Pensamos que estes dois ‘mini-Psyches’ sejam provavelmente fragmentos de um grande asteroide metálico na cintura principal, mas não do próprio 16 Psyche,” disse Cantillo. “É possível que alguns dos meteoritos ferrosos e ferro-rochosos encontrados na Terra também possam ter vindo desta região do Sistema Solar.”
Os achados do estudo têm por base observações pelo IRTF (Infrared Telescope Facilty) da NASA no Hawaii.
// CCVAlg
Missão Psyche
-
21 Dezembro, 2023 Um gato fofinho “viajou” 31 milhões de quilómetros no Espaço