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Duas vezes em dois dias. Militares portugueses atacados na República Centro Africana

José Sena Goulão / Lusa

Militares portugueses ao serviço das Nações Unidas na República Centro-Africana estiveram novamente envolvidos em “intensos confrontos armados” na quarta-feira, no segundo dia consecutivo.

Militares portugueses ao serviço das Nações Unidas na República Centro-Africana estiveram novamente envolvidos em “intensos confrontos armados” ao início da tarde desta quarta-feira, no segundo dia consecutivo, revelou o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA).

O Estado Maior refere, em comunicado, que a Força de Reação Imediata de paraquedistas do Exército português, ao serviço das Nações Unidas na República Centro-Africana, “viu-se novamente envolvida em intensos confrontos” depois de ter sido chamada a intervir, na sequência de um ataque à esquadra policial no centro da cidade de Bambari, localidade a 400 quilómetros da capital do país, Bangui.

O incidente armado é o segundo em dois dias consecutivos, depois de na terça-feira uma patrulha militar portuguesa ter sido atacada por “elementos armados” com os quais trocou tiros, também no centro de Bambari.

O incidente desta quarta-feira ocorreu no percurso entre o acampamento onde se encontram atualmente os militares portugueses e o local do incidente para onde foram chamados. Os paraquedistas “foram recebidos por intenso fogo opositor de várias direções e no local entraram em combate com elementos de grupos armados”.

Durante o incidente, foi observada a presença de muitos civis afetos aos atacantes, os quais “dificultaram a movimentação dos militares da força, por vezes criando barreiras, deitando-se no chão para obrigar as viaturas a pararem para depois serem batidas por fogo de armas ligeiras dos dois lados do itinerário”, conta o EMGFA.

Os militares acabaram por ocupar posições dentro do quartel da “Gendarmerie” e, nesse ponto, responder ao fogo. Na sequência dos confrontos, os paraquedistas foram empurrando os grupos armados das duas fações (Anti-balaka e ex-Seleka) para a periferia da cidade. “Várias viaturas portuguesas foram atingidas e danificadas.”

Na operação militar esteve envolvido um helicóptero do Paquistão, também ao serviço das Nações Unidas, para onde embarcaram atiradores dos paraquedistas portugueses. A nota do EMGFA indica ainda que o helicóptero foi alvo de tiros por parte do grupo que atacava a esquadra.

Cerca de 60 elementos armados que se dirigiam para o centro da cidade, para reforçar o grupo que atacava a esquadra da “Gendarmerie”, abriram fogo sobre o helicóptero, tendo sido necessário, em último recurso, usar a força para responder ao fogo e impedir o avanço para Bambari.

Os combates entre os militares portugueses e os dois grupos duraram cerca de cinco horas, tendo os militares portugueses impedido a entrada para o centro da cidade de elementos armados Anti-balaka.

A situação acalmou e as autoridades locais conseguiram dialogar com a outra fação de combatentes no local, de grupos ex-Seleka, que se concentravam junto ao centro da cidade e acabaram por desmobilizar e abandonar o local. De acordo com o comunicado, não se registaram quaisquer ferimentos entre os militares portugueses.

Portugal é um dos países que integram a missão da Organização das Nações Unidas para a estabilização da República Centro-Africana, a MINUSCA.

No início de março, a 3.ª Força Nacional Destacada (FND) partiu para a República Centro-Africana: um contingente composto por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista.

A República Centro-Africana é um país atormentado por um conflito desde 2013.

ZAP // Lusa

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