Militantes afastados, candidatos fantasma e um partido traumatizado. Assim se preparam as eleições internas do PSD

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Na semana em que o prazo para a apresentação das candidaturas à liderança do PSD termina, alguns dos dirigentes traçam uma avaliação negativa do atual momento do partido e da desmobilização dos militantes.

O PSD prepara-se para as suas segundas eleições internas em meio ano. Desta feita, e com os prazos para a apresentação de candidaturas prestes a terminar, Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva preparam-se para discutir a liderança do partido a 28 de maio, no entanto, a desmobilização entre os eleitores é clara, com muitos a manifestar “cansaço” perante as recorrentes guerras internas, sobretudo ao longo do mandato de Rui Rio.

De acordo com o jornal Público, que ouviu alguns militantes, este é um sentimento comum a muitos deles, ao qual se juntam outros fatores, internos e não só. Os últimos meses foram marcados por conselhos nacionais muito intensos, mas por eleições autárquicas e legislativas. Contrariamente, o facto de o cenário político português estar decidido num futuro próximo também contribui para este estado de espírito.

A mesma fonte cita dados do site do PSD, onde é possível perceber que 45 mil militantes do partido pagaram as quotas e estão, por isso, em condições, de participar no ato eleitoral do final do mês. Na última eleição, em novembro, o número foi mais elevado: 47 mil. Outra variável a ter em conta tem que ver com a diferença entre os inscritos e os votantes reais, que costuma ser superior a 10 mil eleitores. Há quem diga que este ano a diferença pode ser ainda maior.

De acordo com um dirigente nacional do partido, há dois motivos que também devem ser apresentados para justificar a fraca adesão dos militantes. Por um lado, diz, “as pessoas mobilizam-se quando há uma luta renhida, intensa“, e, por outro, a “não mobilização dá a entender que as pessoas vêem estes candidatos como transitórios“. “Já vão com o fantasma de Carlos Moedas na cabeça, e se, ainda por cima a participação é fraca, os candidatos ficam mais fragilizados. É uma votação só para cumprir calendário”, aponta.

Outra fonte do PSD afirmou mesmo ao Público que o PSD é um partido “traumatizado” com a euforia que marcou o fim da campanha eleitoral para as legislativas de janeiro e que culminou com a maioria absoluta do PS. Ainda assim, esclarece, Luís Montenegro parece ser o candidato com o “melhor perfil”. “É mais combativo, tem um maior entrosamento nas estruturas do partido e mais conhecimento. Se depois tem características para ser primeiro-ministro, não se sabe.”

Dentro das máquinas dos candidatos à liderança, Jorge Moreira da Silva conta com apoios de Francisco Pinto Balsemão, de Manuela Ferreira Leite e de Miguel Poiares Maduro. Já do lado de Luís Montenegro, tem na lista de apoios nomes como Alberto João Jardim, Joaquim Miranda Sarmento e Assunção Esteves.

Atualmente, Montenegro é visto como favorito à vitória, mas devem ser acauteladas possíveis surpresas, tal como aconteceu com a derrota de Paulo Rangel em novembro, contra todas as expectativas.

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