Cientistas espantados: microplásticos infiltram (também) o cérebro

A presença de microplásticos no cérebro é particularmente alarmante: atravessam a barreira imunológica e podem causar problemas neurocognitivos.

Investigadores na Universidade de Rhode Island, ao estudar os possíveis efeitos dos microplásticos na saúde, observaram resultados perturbadores.

Numa experiência com ratos, ao longo de três semanas, roedores, jovens e idosos, consumiram fragmentos microscópicos de plástico suspensos na água.

Posteriormente, excertos destes poluentes foram encontrados em todos os órgãos dos ratos, incluindo o cérebro.

O estudo revelou que os microplásticos serão a causa de alterações comportamentais semelhantes à demência humana, bem como a mudanças nos marcadores imunológicos do fígado e do cérebro.

A neurocientista Jaime Ross ficou espantada, salientando que as doses não eram elevadas mas, em pouco tempo, foi possível verificar estas mudanças.

A equipe pretende agora entender melhor o ciclo de vida destes microplásticos no corpo e como afetam o organismo com a idade.

Estudos recentes revelaram a presença de microplásticos em várias partes do corpo humano. Em 2021, toxicologistas alertaram para a necessidade de estudar os efeitos destes poluentes na nossa saúde, visto que a exposição é agora praticamente inevitável, lembra o portal Science Alert.

Noutra experiência recente, alguns ratos receberam água tratada com microplásticos fluorescentes de poliestireno, enquanto outro grupo consumiu água normal. Após as três semanas, partículas fluorescentes vermelhas de microplásticos foram encontradas em todos os tipos de tecidos examinados.

Os microplásticos detetados fora do sistema digestivo sugerem que circulam por todo o organismo.

A sua presença no cérebro é particularmente alarmante, pois indica que estes poluentes podem atravessar a barreira imunológica, levando potencialmente a problemas neurocognitivos.

Em 2022, um estudo similar já tinha evidenciado que microplásticos ingeridos podem acumular-se no cérebro dos ratos, causando inflamação e prejudicando a memória.

Ross e os seus colegas concluem que é evidente que os microplásticos de poliestireno podem deslocar-se até ao cérebro dos mamíferos e exercer efeitos nocivos após a sua absorção. Descobriram uma diminuição na proteína GFAP, associada a doenças neurodegenerativas.

ZAP //

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