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Mercearia mais antiga do Porto ocupada pela “mesma vaca de sempre”

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Mercearia do Bolhão

No Porto vai começando a ouvir-se “muu” em cada esquina. Ao fim de 144 anos, a Mercearia do Bolhão, a mais antiga da cidade, vai fechar para dar lugar a mais uma Ale-Hop.

Outra vaca no Porto

Começa a ser comum passear-se pelas ruas da Invicta e dar-se de caras com mascotes bovinas. Quando não são da loja “Força Portugal”, já se sabe que são da: Ale-Hop.

Só na Baixa portuense, há três lojas Ale-Hop, no raio de um quilómetro – e vem aí a quarta.

“O capitalismo selvagem toma conta de tudo. Não tem barreiras” – é o que diz, ao Porto Canal, Alberto Rodrigues, o proprietário da mercearia mais antiga do Porto.

É precisamente na Mercearia do Bolhão – a 140 metros da Ale-Hop de Santa Catarina – que vai abrir mais uma “loja da vaquinha”.

Situada na Rua Formosa, mesmo em frente ao Mercado do Bolhão, a mítica mercearia – “nascida” em 1880 – fecha portas a 30 de abril.

Os clientes – desde os mais novos até aos mais velhos – lamentam que até a que detinha o título mercearia mais antiga do Porto tenha sucumbido ao capitalismo.

“Estas casas são o que dão vida à nossa cidade“, diz uma jovem cliente.

Ainda assim, não há quem tenha mais pena do que os clientes de várias décadas, que cresceram na e com a loja: “Lamento que isto seja, se calhar, para mais um hotel, como outros tantos que fizeram por aí…”.

O proprietário da casa com 144 anos conta que ainda resistiu vários a esta tendência… até que a Ale-Hop chegou: “fiz umas ‘contitas’ cá para mim e pensei: ‘bem já vou nesta embalada, já não vou estar aqui a consumir-me mais'”

Saio daqui com um bocado de tristeza, saio. Se isto estivesse mesmo a faturar bem, eu ia fazer o sacrifício de me manter à frente disto, mas assim… vêm outras coisas mais rentáveis… É como tudo. Tudo tem o seu fim“, lamentou.

Para já, Alberto Rodrigues vai apenas arrendar o espaço à empresa espanhola, embora uma futura venda não esteja descartada.

A Mercearia do Bolhão está em liquidação total e com descontos de 40%, até ao último dia.

Miguel Esteves, ZAP //

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  1. «O proprietário da casa com 144 anos conta que ainda resistiu vários [anos?] a esta tendência… até que a Ale-Hop chegou: “fiz umas ‘contitas’ cá para mim e pensei: ‘bem já vou nesta embalada, já não vou estar aqui a consumir-me mais. Saio daqui com um bocado de tristeza, saio. Se isto estivesse mesmo a faturar bem, eu ia fazer o sacrifício de me manter à frente disto, mas assim… vêm outras coisas mais rentáveis… É como tudo. Tudo tem o seu fim“, lamentou. Para já, Alberto Rodrigues vai apenas arrendar o espaço à empresa espanhola, embora uma futura venda não esteja descartada. (…) “Tudo tem o seu fim”.» diz o artigo. OU SEJA, o dono da Mercearia é também o dono do prédio onde está a mercearia! Ele é que quer acabar com a tal mercearia tradicional — que não rende tanto como ele quer (uma questão de reduzir os preços, não?) — e arrendá-la a uma cadeia espanhola do tal capitalismo selvagem…

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