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Menores eram trancados sem acesso à escola e casa de banho na academia de dirigente da Liga

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Liga Portugal / Youtube

Mário Costa, presidente da Assembleia-Geral da Liga Portugal

Mais de 100 menores trancados com cadeados, sem acesso à escola, casa de banho e aos documentos pessoais. Tudo acontecia na academia Bsports, fundada pelo Presidente da Assembleia-Geral (AG) da Liga de Futebol, Mário Costa.

Na sequência das buscas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) à academia Bsports, fundada pelo Presidente da Assembleia-Geral (AG) da Liga de Futebol, Mário Costa, já foram resgatados 114 jovens da academia, que fica em Riba D’Ave, concelho de Famalicão, distrito de Braga.

Da centena de menores — com idades compreendidas entre os 14 e 17 anos — 36 são estrangeiros que ficaram à responsabilidade da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) para serem entregues nos próximos dias às famílias.

O SEF e o Ministério Público (MP) terão, segundo o JN, relatos de alguns dos atletas menores estrangeiros, que afirmam serem trancados com cadeados, à noite, sem acesso à casa de banho.

Os jovens estariam a viver amontoados em camaratas e terão sido sujeitos a várias medidas disciplinares na academia do dirigente da Liga Portugal.

Só saíam acompanhados de funcionários da academia e o seu acesso ao exterior era limitado. A sua documentação, incluindo o passaporte, também foi retida.

Os mesmos relatos adiantam que os atletas eram fechados em salas com apenas uma casa de banho partilhada por dezenas e que, por vezes, eram impedidos de ir à escola, com o ensino a ser ministrado por professores da academia ou através de aulas online.

Menores e famílias presos a contratos exploratórios

Os jogadores menores seriam recrutados pelos dois suspeitos na América do Sul, África e Ásia, segundo a TSF, através de torneios de captação aí realizados pela academia.

De acordo com a RTP, os atletas vinham para Portugal com uma promessa de contrato dos arguidos, válidos por 11 meses, e seriam impedidos de sair caso os pais quisessem interromper a sua formação ou não tivessem coberto o pagamento previsto.

Mário Costa e o seu pai procuravam celebrar contratos fictícios com equipas de escalões inferiores quando os atletas não conseguiam ser contratados por equipas das competições nacionais, de modo a permitir-lhes obter o visto de residência em Portugal.

As famílias destes menores pagariam entre 500 e 1800 euros por mês para receber formação, treinar e serem alojados. Alguns, segundo o JN, pagariam até 20 mil euros para viver na academia do funcionário da Liga.

No entanto, a promessa não era cumprida, com os atletas a serem recebidos em condições precárias, onde passariam fome e frio, de acordo com relatos de vítimas.

O SEF e o Ministério Público (MP) constituíram como arguidos, esta segunda-feira, Mário Costa e o seu pai, gerente da Bsports Academy, devido a suspeitas de tráfico de seres humanos. Os arguidos foram indiciados pelos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à emigração ilegal e falsificação de documentos.

Mário Costa já garantiu que será provado que não cometeu “nenhum ilícito criminal”.

O órgão presidido por Pedro Proença — que disse que os factos relatados em nada estão relacionados com o trabalho exercido por Mário Costa na Liga Portugal — vai convocar uma reunião para analisar a situação do presidente da AG.

“A Liga Portugal informa que o seu Presidente, Pedro Proença, chamou os Presidentes dos restantes órgãos sociais da instituição – Mesa da Assembleia Geral, Conselho Jurisdicional e Conselho Fiscal – para uma reunião de urgência, a realizar esta quarta-feira, na qual será avaliado o impacto das notícias mais recentes relacionadas com o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Dr. Mário Costa, na gestão e estabilidade da Liga Portugal”, lê-se no comunicado.

ZAP //

8 Comments

  1. São tipos como este e situações como esta que por vezes me fazem sentir vergonha de ser português. Espero que a justiça tenha mão pesada e que seja exemplar e sem contemplações para com este Sr. Dr.. Espero ainda que a FPF e as autoridades que tutelam o desporto, peçam publicamente desculpa aos pais dos miúdos envolvidos.

    • Estou mesmo a ver a nossa justiça a aplicar-lhe pena suspensa.
      É com este clima de impunidade que grassa no país que, apesar de saberem estar a cometer crimes graves, os continuam a praticar.
      A provar-se o que veicula a notícia, tinha de levar aí uns 15 anitos, pena cumprida sem qualquer redução, e logo lhe passavam as tosses.
      Quando a CS noticiasse que o fulano tinha levado uma castanhada de 15 anos, os seus concorrentes destas ” artes e ofícios” pensavam 2 vezes antes de fazerem tais maldades.

  2. Da maneira como a justiça funciona em Portugal, a polícia fez corretamente o trabalho de investigação e no final nada acontece e provavelmente será indemnizado pelo estado.

  3. Eu nem consigo acreditar que uma coisa tão, mas tão hedionda se esteja a passar em Portugal. Isto é tráfico humano, tráfico de crianças!!! Não há castigo suficiente nas nossas leis para estes traficantes miseráveis.

  4. Estas redes de tráfico humano que estão por detrás de negócios miseráveis no nosso país como trabalhos agrícolas ou trabalho na Uber e Bolt, que até grávidas traficam para vir parir gratuitamente nos nossos hospitais mas que são bem pagos para as trazer até cá, e que pelos vistos até crianças já lhes servem para negócio, tornaram Portugal um alvo apetecível porque o Governo nada sabe, nada faz e nada controla. É repugnante o que está a acontecer em Portugal.

  5. Portugal ….um País “pequeno” mas grande en podridão , e não é só de hoje ! ………… O Cancro da corrupção tornou-se metastático estendendo-se a todas as areas ad Sociedade !………… já não há cura !

  6. Caro ZAP, boa tarde.

    Sinceramente, nem me apetece escrever uma única palavra! A provarem-se os factos, justiça célere e pesada EXIGE-SE! Unam-se os familiares, em prol disso mesmo! No entanto, há o rigor da notícia, pelo que atente-se no parágrafo abaixo:

    “As famílias destes menores pagariam entre 500 e 1800 euros por mês para receber formação, treinar e serem alojados. Alguns, segundo o JN, pagariam até 20 mil euros para viver na academia do funcionário da Liga.”

    Se bem entendi, os 500 a 1800 euros seriam pagos ÀS FAMILIAS dos menores e NÃO PELOS MENORES portanto, o início do parágrafo deve ser corrigido para “Às famílias” e completamente reformulado na escrita. Na 2ª linha, a mesma questão já que da maneira como está escrito, parece q/são os menores a pagarem até 20 mil euros…?!

    Não sou jornalista encartada mas fiz muito jornalismo, prosa e poesia. Humildemente e de forma construtiva, sugiro a redação abaixo se, porventura e reitero, for este o sentido como acho que bem compreendi:

    Às famílias destes menores seriam pagos entre 500 a 1800 euros mensais, para que os mesmos recebessem formação, treino e alojamento. Segundo o JN, os valores pagos poderiam chegar aos 20 mil euros, por menores a viverem na academia pertencente ao funcionário da Liga.

    O meu coração de MÃE e cidadã anseia para que tudo não passe de boatos, difamações ou calúnias. A bem das crianças e jovens e das Instituições. Muito obrigada e bom trabalho.

    • Cara leitora,
      Obrigado pelo reparo.
      Infelizmente, a redação do texto está correta.
      Segundo a fonte citada (JN), os jovens pagariam entre 500 e 1800 euros por mês para receber formação, e algumas famílias pagaram até 20 mil euros para que os seus filhos fossem admitidos e vivessem na academia.

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