Menina de 4 anos gravemente doente vai ser expulsa dos EUA. Pode morrer em poucos dias

Jeremy Cohen / Public Counsel

Sofia nasceu com Síndrome do Intestino Curto. A menina entrou legalmente nos EUA em 2023, com a mãe, Deysi, para receber tratamento

Há dois anos, foi para os Estados Unidos, onde está a receber um tratamento médico especializado — o único capaz de a manter viva. A sua mãe acaba de receber uma carta com ordem para regressar ao México. Os médicos dizem que, sem o tratamento, a menina pode morrer em poucos dias.

Sofia, assim lhe chama a Sky News para proteger a sua identidade, é uma menina de quatro anos gravemente doente, apanhada no fogo cruzado da política de imigração agressiva e muitas vezes indiscriminada de Donald Trump.

O Departamento de Segurança Interna dos EUA ordenou que deixe o país de imediato. Mas os médicos do Hospital Infantil de Los Angeles, onde está a receber tratamento, dizem que se for enviada para o seu país de origem, o México, e o seu tratamento for interrompido, poderá morrer em poucos dias.

Estamos a enviá-los para a morte“, diz Gina Amato Lough, advogada da firma pro bono Public Counsel. “Isto não é justiça e não nos torna mais seguros. Não podemos permitir que o nosso país vire as costas a esta criança“.

Durante 20 horas por dia, Sofia usa uma mochila com nutrientes que não consegue absorver naturalmente — e que a mantém viva. É um tratamento de ponta, disponível apenas nos EUA.

A menina nasceu com Síndrome do Intestino Curto, uma condição debilitante e potencialmente fatal que fez com que passasse a maior parte dos primeiros dois anos de vida no hospital.

Sofia e a mãe, Deysi, de 28 anos, entraram legalmente nos EUA em julho de 2023, durante a administração Biden, com uma autorização condicional humanitária para aceder a cuidados médicos durante dois anos.

Mas em abril, três meses após o início da presidência Trump, a jovem mexicana recebeu uma carta do Departamento de Segurança Interna, informando-a de que o direito da família de permanecer no país tinha sido revogado.

É hora de deixar os Estados Unidos“, diz a primeira linha da carta.

“Mesmo antes de receber a carta, ouvia as notícias sobre pessoas que estão a ser deportadas, mesmo com autorizações condicionais humanitárias, e preocupava-me muito”, conta Deysi. “Quando andava na rua ia sempre a olhar por cima do ombro… tanto medo, tanta ansiedade, é muito difícil.

Está sempre na minha mente que a minha filha pode morrer. Pode não parecer real, mas é realmente o que acontecerá se a minha filha não estiver ligada ao seu tratamento”, diz a jovem mãe.

Os advogados de Sofia escreveram a funcionários da administração Trump, alertando que, garantem os médicos, a interrupção do tratamento pode ser fatal “em poucos dias”. Ainda não tiveram resposta.

“Parece que ninguém reparou que esta criança tem quatro anos e que seu o seu tratamento vai morrer”, diz Amato Lough. “Não só não responderam, como continuaram a enviar avisos à família, reforçando que o seu estatuto foi cancelado e que são obrigados a deixar os Estados Unidos imediatamente“.

“Os médicos de Sofia foram claros, ela morrerá em poucos dias. Deportar esta família nestas condições não é apenas ilegal, constitui um fracasso moral que viola os princípios básicos de humanidade e decência“.

Entretanto, numa declaração enviada ao The Washington Post, o Departamento de Segurança Interna diz que “qualquer notícia de que a família está a ser ativamente deportada é FALSA. Esta família solicitou autorização condicional humanitária em 14 de maio de 2025, e o pedido ainda está a ser considerado“.

Questionado pela Sky News, Tom Homan, o diretor dos Serviços de Imigração e Alfândegas dos EUA — o “czar da fronteira” de Donald Trump — negou ter conhecimento específico do caso de Sofia, mas disse que iria instruir o gabinete de imprensa da Casa Branca a “investigar as circunstâncias” do caso.

Numa publicação no X/Twitter, o congressista democrata Greg Casar diz que “Donald Trump quer deportar uma criança de quatro anos que pode morrer devido a uma doença potencialmente fatal se o seu tratamento for interrompido”.

Como é que esta crueldade nos torna uma nação mais forte?“, pergunta Casar.

ZAP //

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