Meios são insuficientes para controlar todas as ocorrências de incêndios

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Nuno André Ferreira / Lusa

Após a situação de alerta ser declarada, os meios aéreos e os bombeiros foram posicionados nos pontos estratégicos. Mas não foi suficiente.

Os incêndios nas regiões Centro e Norte do país deflagraram este domingo. Em Ourém, a circulação de comboios na Linha do Norte esteve cortada durante horas.

Em Vila Real, a A24 e a EN2 também foram fechadas, sendo que três bombeiros e um civil ficaram feridos durante o incêndio.

Muitos dos locais dos fogos tiveram os civis a proteger as casas e as aldeias, apesar dos esforços das autoridades responsáveis, mesmo com mais de 300 operacionais.

Não culpem os bombeiros, estão a fazer o que podem. A culpa é da falta de limpeza”, lamentou uma residente de Fortunhos, em Vila Real, este domingo à tarde, de acordo com o Correio da Manhã.

“Aparece de todo o lado”, contou um residente, referindo-se ao fogo. O fumo chegou a impedir os meios aéreos de atuar durante uns tempos. A solução foram baldes de água e mangueiras, reunidas às portas das casa dos residentes.

“Não dá para desarmar. O fogo está muito perto das casas e à noite, com mais vento, vai piorar. Foi uma série de quatro ignições consecutivas, no lado oposto onde tinha ardido no sábado”, explicou um morador de Cavadinha, em Ourém.

Fogo em Vila Real menos intenso

O incêndio que deflagrou este domingo na Samardã, em Vila Real, tinha cerca de três frentes ativas à meia-noite, que ardiam com “menor intensidade”. As aldeias que apresentaram mais preocupação estavam fora de perigo, segundo a Proteção Civil.

“Tendo em conta o empenhamento dos meios ao longo do dia, conjugando agora com a melhoria das condições meteorológicas, as três frentes estão a arder com menor intensidade. Temos também, felizmente, já a maioria das populações, que apresentaram alguma preocupação à organização do incêndio, fora de perigo”, disse Miguel Fonseca, comandante distrital de operações de socorro (CODIS) de Vila Real.

Num ponto de situação, feito por volta da meia noite, no posto de comando instalado perto da aldeia de Benagouro, o responsável disse que isso “permite focar no combate direto a estas três frentes que estão ativas“.

Prejuízos e apoios à Serra da Estrela

O Governo reúne-se esta segunda-feira, em Manteigas, com os presidentes de câmara dos cinco concelhos mais afetados pelo incêndio da serra da Estrela, para avaliar os prejuízos causados e definir medidas de apoio.

Segundo a informação do gabinete da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, o objetivo do encontro com os municípios da Covilhã (distrito de Castelo Branco), Guarda, Manteigas, Celorico da Beira e Gouveia (distrito da Guarda) é “avaliar as necessidades e respostas integradas para estes concelhos” na sequência do “maior incêndio florestal ocorrido este ano no país“, incluindo “apoio às famílias, às empresas e à reabilitação das zonas afetadas”, em pleno parque natural.

Pelo Governo, estarão presentes os ministros da Presidência, da Administração Interna, José Luís Carneiro, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.

O incêndio na serra deflagrou no dia 6 de agosto na Covilhã e foi dado como dominado no dia 13, mas sofreu uma reativação dois dias depois. Foi considerado novamente dominado na noite de quarta-feira, dia 17, onze dias depois.

Devido ao seu impacto, com a destruição de cerca de 25 mil hectares, de acordo com dados preliminares avançados pelas autoridades, os autarcas dos concelhos atingidos exigiram a ativação do estado de calamidade, um apelo ainda sem resposta.

A Proteção Civil deu conta de que foi contabilizada a perda de duas casas e até às 12:00 de quinta-feira foram registados 24 feridos ligeiros e três graves, que entretanto já tiveram alta hospitalar. Houve ainda cerca de cinco dezenas de assistências médicas no terreno.

Na quinta-feira, a Estrelacoop — Cooperativa de Produtores de Queijo da Serra da Estrela disse que “obrigatoriamente”, vai ter de haver uma valorização do preço do leite das ovelhas bordaleiras, a principal raça ovina leiteira de Portugal.

A Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE) referiu que foi identificada, até à data, a necessidade de apoio a 12 pastores dos concelhos de Gouveia e Celorico da Beira, no âmbito de um levantamento que decorre e que foi pedido pelo Ministério da Agricultura.

O presidente da ANCOSE, Manuel Marques, manifestou-se “muito preocupado” com as consequências no setor da pastorícia, alertando para a possibilidade de estar em risco a produção do queijo da região.

No âmbito da recuperação, a associação cultural Amigos da Serra da Estrela já veio dizer também que é urgente “identificar as zonas de elevado risco de erosão e danos físicos e materiais” e fazer barreiras com material lenhoso.

José Conde, biólogo do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (estrutura da Câmara de Seia), considera que houve “um dano enorme da biodiversidade” desta zona classificada pela Unesco — Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, com a perda de muitos e diversos habitats.

Segundo o especialista, ao nível da flora, as chamas afetaram, por exemplo, azinheiras, castanheiros, carvalhos ou caldoneiras (importante habitat para várias comunidades de insetos, répteis e aves).

Répteis como a víbora cornuda, o sardão, ou espécies de grilos e escaravelhos que apenas existem na serra da Estrela, assim como pequenos carnívoros como as fuinhas e as ginetas, terão sido afetados.

Alice Carqueja, ZAP //

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20 Comments

  1. Os meios são insuficientes? Não é verdade. Há meios a mais para a incompetência e falta de capacidade de coordenação a menos.
    Eliminem 90% dos elementos de direção no âmbito do SNPC, ou todos. Incluindo a secretaria de estado Patrícia Gaspar. Um dos piores elos de uma cadeia de incompetências (Então o algoritmo indicava arder o país inteiro e só ardeu uma pequena parte, dia ela!!!).
    Saibam gerir a atuação dos meios aéreos de forma coordenada com os meios terrestres e com os locais onde a coordenação possa ser eficaz.
    Criem uma Direção nacional de Bombeiros com capacidade de coordenação e gestão do corpo de bombeiros nacional e deixem conduzir as coisas como certamente bem o sabem fazer.
    Em paralelo aproveitem tanta gente para elaborar planos de intervenção ao nível dos municípios/intermunicípios, em coordenação com os comandos locais e autarquias.

    O que se tem passado é uma VERGONHA!!!!

    • Muito bem!
      Sabe que ainda ninguém me explicou porque é que antes de 74, havia poucos e controláveis incêndios, no geral. A resposta é simples. Antes da data da perfídia, os malandros estavam na cadeia…, depois passaram a estar em São Bento, com os incompetentes camaradas na ANEPC.

      • Parabéns D. Alice por ter verbalizado um nome.
        P/mim, esta SENHORA devia ter VERGONHA de TER IDO À SIC (entre 17 e 21Agosto últimos – não sei precisar o dia), no telejornal da noite, em horário nobre, AFIRMAR a todos os portugueses q/nfelizmente a ouviram o seguinte: NESTE ANO, em Portugal, AINDA SÓ ARDEU 70% DA ÁREA PREVISTA” – e os “maluquinhos” todos a prepararem fósforos/isqueiros/engenhos incendiários/ etc. para INCENDIAR RAPIDAMENTE OS 30% QUE AINDA NÃO ARDERAM!!!!! A sério?!?!?!?!?!?
        Fiquei CHOCADA, REVOLTADA e gostava muito de estar CARA À CARA c/esta SENHORA.
        Estou a ser educadamente irónica porque se um dia a vir na rua (e até já andei à sua procura!), vou presa (ah, mas só se me apanharem; mesmo assim, pelo preço certo, arranja-se facilmente um atestado de INIMPUTÁVEL!).
        Isto não tem nada a ver c/GOVERNOS, ponto!!! É tudo farinha do mesmo saco, só mudam os bichos q/a comem; poleiro é só um, mudam os pássaros; e quanto à PORCARIA, tirando nuances de COR, só mudam as moscas!
        Quem perdeu tudo, tudo mesmo… chega ao desespero de desejar ter perdido também a VIDA pois recomeçar c/tanta burocracia, dificuldade, falta de apoios e muitos ainda, IDADE AVANÇADA e ileteracia, é possível COMO, digam-me, COMO???
        Basta de poesia e palavrinhas mansas: há q/condenar exemplarmente sim! Estão doentes? Internem-nos! Para de uma vez por todas deixarem de destruir o NOSSO LINDO PORTUGAL!!!

  2. Eu pergunto: o que é que faz o governo e a justiça para reduzir drasticamente esta trgédia dos incêndios? Porque não uma caça drástica aos incendiários e levar também a tribunal os mandantes? Fuzilar alguns, em flagrante, talvez servisse de reflexão para outros, mas não sei se o problema se resolvia. Mas prender esta gente é mais do que urgente. Portugal não pode ficar eternamente de luto nas suas imensas manchas verdes. Por favor, governo, sejam corajosos e façam alguma coisa sobre estas tragédias anuais.

    • Nunca pensei poder vir a dizer isto, até porque cheguei a ter a PIDE à perna. Mas se esse tenebroso organismo estatal ainda existisse não estaríamos sujeitos a tamanha desgraça, e no entanto a PIDE não era uma corporação de bombeiros.

  3. Esta é a maior vergonha nacional principalmente dos (nossos) políticos …Tanta tragédia com civis, bombeiros, pilotos …e bens que se perderam…
    Enquanto não considerarem e punirem estes criminosos como TERRORISTAS, não vamos lá…

  4. Todos os comentadores tem razão de estarem revoltados com esta “Pouca vergonha” ! . Eu pessoalmente tenho uma pergunta e uma solução ; .. 1°- A quem beneficia os Incêndios Florestais ? ….. 2° – Já que a culpa é do Calor Intenso , há que condenar o Sol a prisão perpétua ! .. Podem dizer-me , que ( não é sô em Portugal que isto acontece ) , como se fosse uma razão para ocultar responsabilidades , sabendo que este tipo de “criminalidade” se está a tornar-se uma pandemia ! …

  5. Esta é a maior vergonha nacional principalmente dos (nossos) políticos …Tanta tragédia com civis, bombeiros, pilotos …e bens que se perderam…
    Porque não tratam e punem os ditos “maluquinhos pirómanos ” com penas de terroristas, que é o que eles são?!….

  6. É muito simples, enquanto nao meterem esses gatunos incendiarios atras das grades para sempre, isto vai continuar.
    Aos populares, juntem se e façam justica pelas proprias maos que a lei neste pais mete nojo.
    Fogueira com esses filhos da p@@@….
    Nao merecem perdao…

  7. Nunca há, nunca haverá meios suficientes para nada, nunca ninguém fala nos meios insuficientes para quem trabalha, a comunicação dita social nunca fala e pressiona a necessidade de quem trabalha ganhar o suficiente, como faz com os médicos, os enfermeiros, os bombeiros, a policia, ou seja tudo que seja o Governo a pagar com os nossos impostos, compreendo que os jornais, as televisões as rádios Privados tem que defender os seus acionistas, os seus clientes de publicidade, já que as RTPs as Rádios que vivem á custa das taxas dos cidadãos não desempenham o papel para que foram criadas funcionando a favor dos mesmos por vezes pior que a comunicação dita social que depende dos sistemas económicos e financeiros.

  8. O Problema é que os incendiários sabem que no dia a seguir á detenção, vão ao Juiz e voltam em liberdade para casa, um incentivo que cada vez será mais será um novo modo de vida ser incendiário.

  9. Claro 99% são mão criminosa os fogos dão muitos milhões muitos, porque é que não se criam postos de trabalho “guardas florestais” durante todo o ano a vigiar com motos 4, binóculos, drones,, postos elevados de vigia e cada um tinha a sua área
    de responsabilidade, de certeza e com certeza ficava uns bons milhões abaixo destes gastos astronómicos com interesses, além disso os empregos criados também era dinheiro para o governo com os seus impostos de cada um deles, e para terminar mas a SÉRIO, os incendiários iam para a prisão mas também limpavam as matas ardidas faziam as plantações que assim davam mais valor ao que fizeram ao nosso país, e não ganhavam nada que era para pagar os prejuízos causados e ainda tinham que pagar indemnizações ás pessoas que morrem e feridos, volta Salazar estás perdoado ( esta é a brincar).

  10. Boa tarde.
    Permitam-me citar a SENHORA D. (ou Drª., Engª, Arqª, não faço ideia nem quero saber!) Patrícia Gaspar.
    P/mim, esta SENHORA devia ter VERGONHA de TER IDO À SIC (entre 17 e 21Agosto últimos – não sei precisar o dia), no telejornal da noite, em horário nobre, AFIRMAR a todos os portugueses q/nfelizmente a ouviram o seguinte: NESTE ANO, em Portugal, AINDA SÓ ARDEU 70% DA ÁREA PREVISTA” – e os “maluquinhos” todos a prepararem fósforos/isqueiros/engenhos incendiários/ etc. para INCENDIAR RAPIDAMENTE OS 30% QUE AINDA NÃO ARDERAM!!!!! A sério?!?!?!?!?!?
    Fiquei CHOCADA, REVOLTADA e gostava muito de estar CARA À CARA c/esta SENHORA.
    Estou a ser educadamente irónica porque se um dia a vir na rua (e até já andei à sua procura!), vou presa (ah, mas só se me apanharem; mesmo assim, pelo preço certo, arranja-se facilmente um atestado de INIMPUTÁVEL!).
    Isto não tem nada a ver c/GOVERNOS, ponto!!! É tudo farinha do mesmo saco, só mudam os bichos q/a comem; poleiro é só um, mudam os pássaros; e quanto à PORCARIA, tirando nuances de COR, só mudam as moscas!
    Quem perdeu tudo, TUDO MESMO, ficando só c/a roupa do corpo e mesmo essa… chega ao DESESPERO de desejar ter PERDIDO também a VIDA pois recomeçar c/tanta burocracia, dificuldade, falta de apoios e muitos ainda, IDADE AVANÇADA e ILETERACIA, é possível COMO, digam-me: COMO?!?!?!
    Que país terão os nossos filhos e netos: a continuação do deserto de Marrocos?! De que viverão as populações e empresas do interior, já tão massacradas e esquecidas? Que turistas nos visitarão se perdermos a nossa natureza sem igual?!
    Basta de poesia e palavrinhas mansas: há q/condenar exemplarmente SIM! Estão doentes?!?!? Internem-nos! Para de uma vez por todas deixarem de destruir o NOSSO LINDO PORTUGAL!!! Tem q/lhes doer!!! Têm q/ser responsabilizados!!! A culpa tem de deixar de morrer solteira!!!

  11. O país está entregue a uma cambada de incompetentes e o pior é,que o povo também não ajuda só se preocupa com subsídios e bem estar pago pelos demais.O país está falido de moral e responsabilidades.A democracia funciona bem em países com povos cultos e que sabem o que querem e lutam por isso.

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