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“Sugiro que se medite sobre a ligeireza com que se condecoram pessoas em Portugal”

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José Sena Goulão / Lusa

Esta terça-feira à noite, num jantar em Rio Maior, o tema central do discurso de Nuno Melo, cabeça de lista do CDS, foi “o elefante no meio da sala”: Joe Berardo.

“Não vamos tratar isto como se fosse o elefante no meio da sala. Há temas que, mesmo em campanha, têm que ser denunciados”, começou por dizer. A “delinquência bancária que anda de mãos dadas com a política, exaltada em condecorações atribuídas por Presidentes da República” é um deles.

Foi aí que Nuno Melo enumerou alguns nomes de personalidades que foram condecoradas com as mais altas comendas e que, no seu entender, não deviam. É o caso de Zeinal Bava, ex-presidente da PT, Armando Vara, ex-administrador da CGD, Camilo Mortágua, ou ainda, claro, Joe Berardo. “Quem pede milhões a bancos e depois, enquanto se ri, diz que não deve nada, ao mesmo tempo que os contribuintes em dificuldade pagam, não merece ser comendador de coisa nenhuma”.

“Joe Berardo foi feito comendador e depois agraciado com a Grã Cruz da Ordem do Infante, e eu sugiro que se medite sobre a ligeireza com que se condecoram personalidades em Portugal e que se reavalie”, disse. Se a crítica era para os ex-Presidentes que estiveram por detrás destas condecorações — Jorge Sampaio e Cavaco Silva — ficou registada.

Enquanto o PS tem Pedro Marques, que “em 2011 congelou as pensões mínimas, sociais e rurais”, o CDS orgulha-se de ter Mota Soares, que “quando foi ministro da mesma pasta, deu aos que mais precisavam o impossível e começou por descongelar o que Pedro Marques tinha congelado”.

Enquanto o PS tem Silva Pereira, “que foi quem negociou com a troika a austeridade que nós, no governo, tivemos de aplicar”, o CDS estava em plena campanha eleitoral em 2014, ao lado do PSD, quando se “conseguiu” libertar dessa mesma troika. Ou seja, “numa lista está quem nos mandou para a troika, na outra está quem nos libertou”.

Nuno Melo falou ainda das 3.282 nomeações que o atual governo já fez, “muito mais do que o governo anterior e até do que o governo de José Sócrates”, o que dá uma média de “duas nomeações por dia”. “Estas são as contas certas da indecência de uma colonização do Estado em função do sangue e do partido. Estas são as contas certas do PS“, disse, entre aplausos das centenas de pessoas que estavam no jantar em Rio Maior, Santarém.

Nuno Melo ainda recuperou o debate no Parlamento entre Assunção Cristas e António Costa para dizer que o primeiro-ministro prometeu uma solução para o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) nas “próximas horas”, e ainda não disse nada. “Passaram mais de 24 horas, passaram perto de 30 horas, o CDS quer uma resposta, o CDS precisa de uma resposta”, disse, alertando para o facto de a época de incêndios estar à porta.

Foi António Costa quem contratou o SIRESP quando era Ministro da Administração Interna (no governo de Sócrates): “É profundamente revelador que a mesma pessoa que contratou o SIRESP quando foi ministro deva ao SIRESP 11 milhões de euros, deixando-o em pré-falência quando infelizmente tudo se poderá repetir”, disse.

Quanto ao CDS, propõe que o mecanismo europeu de proteção civil fique sediado na península ibérica, em Portugal de preferência, para que os equipamentos e os homens fiquem mais próximos de onde mais tragédias ocorrem.

No final da noite, um apelo: “Vamos para a luta, vamos para a rua, e acreditem que no dia 26 pode correr bem. Somos gente de fé e neste mês de maio tudo se vai conjugar”.

ZAP //

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