O autarca e dirigente socialista alertou, este sábado, para o risco de legitimação da extrema-direita pelo PSD. Já o seu rival social-democrata acusou-o de ser um “fiel porta-voz” de José Sócrates.
Numa intervenção no 23.º Congresso do PS, Fernando Medina prometeu empenho no combate às alterações climáticas e apresentou-se como defensor dos transportes públicos, da saúde pública e da habitação como direitos acessíveis a todos, como contraponto à direita a favor dos serviços privados e das “regras do mercado”.
“Porque para nós a habitação é um direito, uma habitação digna, de qualidade, acessível, cujo preço dependa não do humor do mercado em cada momento, mas que dependa unicamente da capacidade para pagar e suportar uma renda acessível – esta é a visão que vamos apresentar”, afirmou.
No final do seu discurso, o presidente da Câmara de Lisboa e recandidato ao cargo pediu “um minuto de tolerância para uma última batalha fundamental que estará em causa nestas eleições”, para alertar que “está em causa nestas eleições o papel da legitimação da direita mais radical” em Portugal.
“Desde as eleições regionais dos Açores, o PSD começou a fazer um jogo dissimulado sobre a aceitação da extrema-direita no arco da governação. Fizeram-no e dizem que não o fazem. Aproximaram-se agora na linguagem, no estilo, na agressividade. Basta ver como como o PSD fala: não para o país, contra os socialistas”, considerou, acrescentando que há “candidatos do PSD a fazer campanha contra o sistema”.
Por outro lado, Medina realçou declarações de dirigentes do PSD sobre possíveis acordos autárquicos. “Ouçamos o líder dos autarcas sociais-democratas, quando diz: se for necessário faremos os acordos com os vereadores da extrema-direita. Ouçamos o líder da distrital de Lisboa do PSD quando diz: for necessário faremos os acordos com a extrema-direita, não há problema nenhum”, referiu.
“É por tudo isto, pela habitação como direito, por um ambiente digno, com futuro, sustentável para os nossos filhos e para as gerações futuro, por uma saúde pública de qualidade como direito de todos e por uma sociedade que combata os extremismos, os radicalismos, que promova a inclusão, cada vez mais democrática e ao serviço de todos, que vamos todos votar e mobilizar para o dia 26 de setembro”, concluiu o ex-secretário de Estado, declarando-se confiante numa “grande vitória” do PS nas eleições autárquicas.
Por sua vez, o candidato do PSD a Lisboa, Carlos Moedas, acusou no mesmo dia o PS de adormecer a sociedade e o seu adversário socialista de não gostar de ser escrutinado, dizendo que foi “um fiel porta-voz” de José Sócrates.
A poucas dezenas de quilómetros do Congresso do PS, no Fórum Nacional Autárquico do PSD em Faro, o ex-comissário europeu afirmou que “o PS imprimiu uma estratégia de condicionamento que tem levado ao adormecimento social“.
“Este é o momento de combater as ficções criadas e repetidas por uma esquerda socialista que condiciona, adormece. E tudo faz para limitar a ação da sociedade civil”, acrescentou.
Moedas recordou até que o Congresso do PS decorre a poucos quilómetros, aproveitando para destacar o que considera serem os “anos-luz” que separam os dois partidos.
“O PSD sempre governou a pensar no país. O PS governa a pensar no partido. O PSD sempre governou a pensar a nas gerações futuras. O PS governa a pensar nas futuras eleições”, criticou.
O antigo comissário europeu defendeu que também ele se distingue do seu adversário socialista à autarquia da capital: “Fernando Medina veio ao Congresso do PS medir forças com os seus concorrentes. Eu estou aqui para ser Presidente da Câmara de Lisboa”, assegurou. “Cabe-nos ser a voz de quem tem medo de levantar a voz por represálias socialistas”, afirmou.
O antigo secretário de Estado de Passos Coelho acusou os socialistas de não gostarem de “ser escrutinados”, centrando uma vez mais o ataque no seu adversário direto.
“Para Fernando Medina o escrutínio é sempre uma teoria da conspiração, uma cabala. E sabemos como acabaram as cabalas protagonizadas por José Sócrates, de quem Medina foi um fiel porta-voz e membro do Governo, em que, quando o país estava a cair, Medina estava a gritar por José Sócrates”, criticou.
Na sua intervenção, Moedas deixou ainda um “recado” ao secretário-geral do PS, António Costa, dizendo que “está enganado” ao dizer que o PS é o maior partido autárquico. “O maior partido autárquico da história da democracia somos nós, é o PSD, desde 76 liderámos câmaras mais de 1500 vezes, muito mais do que todos os outros“, afirmou.
O candidato reiterou o seu compromisso de baixar os impostos que dependem da autarquia e desafiou o PSD a ser o partido “que diz que tem de se baixar impostos”, porque “as pessoas já não aguentam tantas taxas e taxinhas”.
Numa alusão ao chamado caso “Russiagate” na autarquia lisboeta, Moedas deixou uma mensagem aos funcionários da autarquia lisboeta: “Nunca passarei culpas a um funcionário da Câmara Municipal”.
ZAP // Lusa
E a extrema-esquerda não está há muito tempo legitimada pelo PS? Onde estará a diferença? O Chega ainda não ouvi dizer que seja alguma sucursal de qualquer partido estrangeiro que tenha praticado atos menos desumanos no mundo, as extremas-esquerdas, essas nasceram de partidos cujos trajetos bem conhecemos e que nem se pode divulgar aqui sob pena do que escrevo, nem ser publicado!