Inflação permite brilharete a Medina: margem secreta na receita e corte na despesa

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José Sena Goulão / Lusa

A subida da inflação permite o tão desejado brilharete orçamental a Fernando Medina, que tem uma margem secreta na receita e um corte na despesa.

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) divulgou, esta terça-feira, uma análise à evolução das contas públicas. Neste relatório, a UTAO explica os três principais fatores com que o Governo conta baixar o défice público deste ano para o equivalente a 1,9% do PIB.

O alívio da situação pandémica e os fundos europeus de Bruxelas são dois desses fatores, embora haja um terceiro que também se destaca: a subida generalizada dos preços está a inflacionar a receita fiscal.

Ainda assim, a UTAO realça que este efeito vai-se apenas sentir neste ano. Em 2023, a inflação vai cair com estrondo nas contas públicas.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, ainda não revelou o tamanho do efeito da inflação sobre a receita.

“Importa notar que o previsor Ministério das Finanças não considerou como medidas do pacote inflação a inação sobre os efeitos benéficos da inflação nas contas públicas de 2022”, salientou a UTAO.

O Diário de Notícias escreve que o governante pode estar a guardar este trunfo para poder usar mais tarde neste ano.

“Não há quantificação de metas a este nível, mas a inflação este ano vai melhorar a cobrança fiscal e não penalizar a despesa com pensões e salários […]”, explicam os peritos.

Com a subida galopante da inflação, “o saldo orçamental tende a melhorar” a curto prazo. No entanto, a unidade de aconselha sobre os temas orçamentais repara que os mecanismos usados “rapidamente se esgotam” e que as consequências se sentirão no próximo ano.

Além disso, o alívio da pandemia faz com que haja um menor gasto com as chamadas “medidas de política covid-19”. A UTAO realça que isto deve permitir ao governo poupar mais de 4,4 mil milhões de euros este ano face às contas de 2021.

De acordo com o DN, esta poupança equivale a cerca de 1,9% do PIB, exatamente a meta de défice que o governo espera atingir.

Este corte nos gastos será decisivo para a política de “contas certas” e o desejado brilharete orçamental prometido para 2022.

ZAP //

10 Comments

  1. Isto é uma vergonha! Nos EUA o Biden já fala em suspender os impostos sobre os produtos petrolíferos para aliviar o esforço de empresas e famílias. Por cá, os governantes só pensam em saquear ao máximo o povo. E este, que se aguente.

      • Pois andas…como de resto bem demonstras aqui pelos teus tristes comentários. Acho mesmo que um miúdo de 10 anos tem maior clarividência do que se passa em Portugal e no mundo do que tu.
        Ai Eu!, Eu!… abre os olhos

  2. Como é óbvio, essa promessa do Medina – a ser cumprida, coisa que não é habitual nele – não passaria do baixo truque, para não dizer roubo, que consistiria em aplicar os mesmos impostos às tarifas inflacionadas dos combustíveis… A nossa única esperança é que o Medina seja corrido e, já agora, que o governo caia o mais depressa possível!

  3. Comentário: Se isso fosse verdade, significaria que o Medina estava a aproveitar para sacar impostos indevidos. Não me admiraria que ele tentasse isso mas é improvável que se aguente muito tempo nas Finanças: nem se percebe como é que o Costa lá o pôs. Esperemos que desapareçam todos antes de rebentarem com o que sobra do país!

    • Exatamente. Este Medina nem consegue encobrir que a estrtégia é sacar o maior volume de impostos, sobretudo do IVA, com os aumentos derivados da alta inflação. Ele até adora que isto esteja a acontecer e o governo pouco se mexe para parar ou atenuar esta situação infernal.

  4. Um país cuja população está pobre, sem perspetivas de melhorias onde políticos se pavoneiam do que a sorte do “deus dará” lhes proporciona.
    Um país cujos governos não se focam no aumento da riqueza generalizada, acompanhados por uma oposição caduca e miserável.
    Enfim, é o retrato de um país onde o crescente desinteresse da população nos seus dirigentes e o descrédito completo na capacidade de quem se vangloria por vitórias minoritárias que lhes dá maiorias e condições de fazerem o que bem sabem fazer. NADA

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