Governo anuncia medidas para fazer face aos custos da energia. Lay-off simplificado fica de fora

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António Cotrim / Lusa

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou, esta segunda-feira, as medidas que o Governo preparou para apoiar as empresas mais afetadas pela crise.

O abastecimento de bens está assegurado“, assegurou Pedro Siza Vieira, explicando que Portugal era dependente da Ucrânia no milho para rações e sementes de girassol, mas o Governo fez um esforço, nas últimas semanas, para diversificar as fontes de abastecimento.

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, o ministro pediu aos portugueses que não acorressem aos supermercados, com receio de algum tipo de escassez de bens.”Não há faltas agora nem se prevê que venha a ocorrer nos próximos meses”, disse.

“Não vale a pena ir a correr ao supermercado, esgotar papel higiénico e óleo de girassol”, sublinhou o governante.

No pacote de medidas para fazer face ao aumento dos custos da energia, agravado pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o Governo irá disponibilizar uma linha de crédito com garantia pública de 400 milhões de euros para empresas que operem na indústria transformadora ou nos transportes.

A este apoio terão acesso as empresas com peso igual ou superior a 20% dos custos energéticos nos custos de produção; com aumento do custo de mercadorias vendidas e consumidas superior a 20%; ou com quebra de faturação operacional igual a 15% resultante da redução de encomendas devido à escassez ou dificuldade de obtenção de matérias-primas.

A linha tem um nível de cobertura de 70% do valor financiado, com prazo até 8 anos, com 12 meses de carência de capital e estará disponível a partir de 17 de março.

De acordo com o Expresso, a segunda medida do Executivo prende-se com a atribuição de apoios a fundo perdido às empresas mais afetadas pelos aumentos da energia, com setores mais dependentes da energia gerada por gás natural, e para o setor agrícola.

Os veículos de transporte de mercadorias por conta de outrem até 3,5 toneladas e TVDE terão um apoio de 30 cêntimos por litro no combustível.

As empresas de transporte por conta de outrem também terão direito à flexibilização de pagamentos fiscais de IVA, IRS e IRC, que poderão ser pagos de 3 a 6 prestações.

Será ainda implementado um mecanismo de apoio às famílias mais vulneráveis através de uma prestação adicional para fazer face ao aumento com os encargos com os produtos alimentares. A prestação será definida após análise prévia do impacto da subida dos preços sobre o cabaz de compras.

À espera de aprovação por parte da Comissão Europeia estão a permissão de redução temporária da taxa de IVA sobre os combustíveis; um quadro temporário de auxílio às empresas, como apoios à liquidez com linhas de crédito garantidas pelo Estado; e apoios a fundo perdido às empresas.

Siza Vieira anunciou ainda que a Comissão está a ponderar uma intervenção regulatória nos mercados de energia de forma a rever o sistema marginalista e a estudar a possibilidade de compra conjunta de matérias-primas.

De fora do pacote do Governo fica o regresso ao lay-off simplificado, que chegou a ser admitido pelo Executivo.

“Até preferimos dar apoios para que as empresas continuem a laborar” do que dar apoios para que as empresas coloquem os trabalhadores em casa, disse o ministro, especificando que, nos casos em que seja necessário parar ou reduzir a atividade, existem mecanismos no Código do Trabalho, como o lay-off tradicional.

ZAP //

5 Comments

  1. Isto só pode ser a brincar… Já não chega ser muito claro que o aumento dos combustíveis é, antes de mais, especulativo e resultante do conluio entre produtores e governos (de um modo geral), ainda subsidiam em Eur 0,30/lt os transportes que, na verdade, não têm impacto no preço final dos produtos. Para os transportes pesados de mercadorias aplicam uma medida financeira e não económica que não terá qualquer impacto no preço final dos artigos. Ou seja, ou efectivamente não percebem nada do que estão a fazer (não creio), ou então a ideia é mesmo impactar o valor final dos produtos e causar um aumento de preços insuportável para os bolsos do Português comum.
    Eu, que sou contra as greves, espero que a ANTRAM tome uma posição e que exija a aplicação da mesma subsidiação aos restantes transportes de mercadorias.ç

  2. E os milhares e milhares de empresas, cuja actividade implica andar todos os dias de carro, e fazer muitos quilómetros, mas que não se encaixam na minoria de empresas referidas na notícia, como ficam?
    É que essas empresas nem sequer às migalhas do auto-voucher têm direito.
    Governo de charlatões miseráveis.

  3. Muita parra e pouca uva, já estamos habituados! Aparecem mais perante as câmaras de TV para propaganda própria do que para resolver os problemas do país!

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