Médicos voltam à greve: “Isto é pelos doentes (…) mas Pizarro não tem vontade de negociar”

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Paulo Novais / Lusa

Os médicos voltam esta terça-feira à greve e convidam a população a juntar-se a eles. Cirurgias e consultas programadas voltam a ser canceladas ou adiadas. Há urgências que continuam fechadas. “Pedimos desculpa aos doentes. Fazemos isto por eles, para que haja médicos no SNS e não se continue a assistir a este encerramento de serviços de Norte a Sul do país”, diz a presidente da Fnam.

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) promove esta terça-feira e quarta-feira greves e manifestações em Lisboa, no Porto e em Coimbra, em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, lamentou que as negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos dos médicos tenham sido canceladas, por tempo indeterminado, devido à atual Crise no Governo.

A dirigente sublinha que, apesar da crise política, o executivo está em funções e o ministro da Saúde também.

“Continuamos a assistir a encerramentos de serviços por falta de médicos e os responsáveis por esta falta de médicos que chegou mesmo às urgências são os sucessivos governos, em geral, mas este Ministério em particular”, considerou.

“Há 19 meses que a Fnam apresentou ao Ministério da Saúde soluções para fixar médicos no SNS, o que não aconteceu unicamente por falta de vontade política deste Governo, à semelhança dos seus antecessores”, acrescentou, afirmando que o ministro Manuel Pizarro “nunca mostrou vontade de negociar a sério” com os médicos.

Urgências fechadas e consultas adiadas

Há urgências de “Norte a Sul do país” que vão continuar fechadas ou a funcionar com constrangimentos, indeterminadamente, por inércia do Governo.

No que diz respeito a estes dois dias de greve, haverá serviços mínimos. No entanto, grande parte das cirurgias e as consultas programadas, nos hospitais e centros de saúde, sejam canceladas ou adiadas.

“Desde já, pedimos desculpa aos doentes mas estamos a fazer isto por eles, para que haja médicos no SNS e não se continue a assistir a este encerramento de serviços de Norte a Sul do país”, disse Joana Bordalo e Sá em declarações ao Jornal de Notícias.

Esta manhã, há concentrações junto ao Hospital de São João (Porto), no Hospital da Universidade de Coimbra e no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Médicos querem melhores salários

Os médicos consideram que o atual Governo tem ainda condições para resolver os problemas do SNS, e exigem o retomar das negociações.

A Fnam refere que o Governo tem a obrigação de chegar a acordo com os médicos sobre “uma atualização salarial, transversal, para todos os médicos, para que deixem de ser dos médicos mais mal pagos da Europa, e para que melhorem as suas condições de trabalho, sem perda de direitos que coloquem médicos e doentes em risco”, conforme reiterou em comunicado divulgado na véspera da greve.

As negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta da classe, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

ZAP // Lusa

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