Médicos e enfermeiros estão a sair em massa dos cuidados paliativos nos centros de saúde

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Os profissionais estão a abandonar as unidades de paliativos em detrimento de outras que são mais bem pagas e recebem incentivos pelo desempenho.

As equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos (ECSCP), responsáveis por prestar assistência domiciliária a doentes em fase avançada de doença, enfrentam uma crescente perda de médicos e enfermeiros para outras unidades de saúde, mais atrativas em termos salariais e de incentivos.

O alerta foi formalizado numa carta aberta enviada ao Ministério da Saúde, direção-executiva do SNS, Assembleia da República e grupos parlamentares, assinada por mais de uma centena de profissionais.

O documento, promovido pela médica Tânia Caeiro, coordenadora da equipa de Cascais, e subscrito por elementos de mais de 20 das 33 equipas existentes, defende a transformação das ECSCP em unidades funcionais. Essa mudança permitiria a contratualização de objetivos com acesso a incentivos remuneratórios, à semelhança do que acontece nas unidades de saúde familiar, explica o Público.

Segundo os signatários, a ausência de medidas específicas para estas equipas agravou uma assimetria salarial significativa, sobretudo após os incentivos criados em 2024 para outras áreas dos cuidados de saúde primários. “Temos assistido à saída de médicos e enfermeiros devido a condições de trabalho inferiores”, refere a carta.

A carência de meios não é novidade. O Observatório Português dos Cuidados Paliativos já tinha apontado, em 2023, que apenas 36% das equipas dispunham de pelo menos um médico em regime de tempo inteiro. Além disso, no final desse ano, a cobertura nacional destas respostas limitava-se a 53%, sendo que algumas ECSCP nem sequer reuniam os requisitos mínimos para funcionar.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) juntou-se às críticas, denunciando desigualdade de tratamento e condições indignas de trabalho. A federação reivindica a concretização da resolução aprovada em Fevereiro pela Assembleia da República, que recomendava o reforço dos cuidados paliativos comunitários. Tanto a Ordem dos Médicos como a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos já se manifestaram favoráveis à criação de unidades funcionais.

Em resposta, a direcção-executiva do SNS limitou-se a informar que a exposição será remetida para a futura Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, um órgão que já está sem liderança há mais de um ano.

ZAP //

5 Comments

    • Ou seja . para Si , ser un Profissional de Saúde , é tratar as Pessoas sem receber un Salário ? . Não sei qual é a sua Profissão , mas aceitaria trabalhar de graça ou mal pago ? . Há bons Profissionais de Saúde e também menos bons como en todos os setores de atividade Social e Privada !

    • Se estiveres interessado fazer a tua parte da missão humanista, há na Saúde muito trabalho voluntário que podes fazer. Não te preocupes, é mesmo não remunerado, como gostas. E não precisas de ter curso de Medicina ou Enfermagem.

  1. Devem ser umas idiotas a mandar no ministério de Saúde. Só eles podem legislar de forma a termos um sistema que funciona, mas devem ser mesmo mentecaptos ou estão a fazer o jogo dos lobbies

  2. A direita era contra a eutanásia porque dizia que devíamos apostar nos bons cuidados paliativos. Ainda me lembro de ouvir os argumentos do PSD. Agora que estão no poder toma lá os piores cuidados paliativos de sempre! Que nem os profissionais de saúde aguentam. PSD é só rir! Mais incompetência era impossível!

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