A Associação Médica Britânica veio contestar as declarações do ministro do Ensino Superior que, na semana passada, afirmou que o nível de formação de medicina familiar no Reino Unido é menos exigente do que em outras especialidades.
Em comunicado, a British Medical Association (BMA) considerou que as recentes declarações do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior português foram “completamente incorretas”.
Em causa as afirmações de Manuel Heitor, numa entrevista ao Diário de Notícias publicada na semana passada, em que disse que, no Reino Unido, o nível de formação de medicina familiar é menos exigente do que em outras especialidades.
“Vê-se que nós em Portugal, por opção das próprias instituições e também das ordens profissionais, formamos todos os médicos da mesma forma. Se for ao Reino Unido, o sistema está diversificado, sobretudo aquilo que é a medicina familiar, que tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas”, afirmou.
Na nota publicada, Samira Anane, uma das responsáveis da BMA, afirmou que “é completamente incorreto descrever a formação de medicina familiar no Reino Unido como menos exigente do que a das outras especialidades médicas”, considerando que é uma opinião “que prejudica gravemente os médicos de família altamente formados em funções por todo o país”.
“Para praticar medicina geral no Reino Unido, os estudantes de medicina – que recebem a mesma formação universitária, independentemente do ramo da medicina que pretendem seguir – têm de completar dois anos de formação base“, explicou ainda, tendo depois de completar “um mínimo de três anos de especialidade de medicina geral, passar nos requisitos para se tornarem membros do Royal College of General Practitioners e ter um Certificado de Conclusão de Formação emitido pelo General Medical Council (GMC)”.
“O programa de formação da especialidade de medicina geral no Reino Unido é um programa de treino médico intelectualmente rigoroso“, de forma a que os médicos “ganhem competências e a experiência necessária para a sua enorme e vital contribuição para os serviços de saúde no Reino Unido, fornecendo tratamento especializado a milhões de pacientes”, destacou.
“Temos de reconhecer o campo altamente especializado da medicina familiar e rejeitar qualquer sugestão de que os especialistas de medicina geral sejam de alguma forma menos qualificados do que os seus colegas noutras áreas”, concluiu.
Na mesma entrevista ao DN, recorde-se, o ministro com a tutela do Ensino Superior avançou que o Governo pretende, até 2023, ver novas escolas de Medicina em Aveiro, Évora e Vila Real, o que levou o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e o bastonário da Ordem dos Médicos a criticar a medida.