Médico sírio acusado na Alemanha de crimes contra a humanidade

Um médico sírio foi acusado na Alemanha de crimes contra a humanidade por supostamente torturar e matar pessoas em hospitais militares no seu país de origem, informaram os promotores na quarta-feira.

O Ministério Público Federal de Karlsruhe disse em comunicado que Alla Mousa, na Alemanha desde 2015 e detido no ano passado, foi acusado de 18 crimes de tortura em hospitais militares nas cidades sírias de Homs e Damasco, noticiou o Guardian. As acusações incluem homicídio e lesão corporal grave.

De acordo com promotores, após o início da oposição contra o Presidente sírio Bashar al-Assad, em 2011, os manifestantes eram frequentemente detidos e torturados. Civis feridos, considerados membros da oposição, eram levados para hospitais militares, onde eram torturados.

Em fevereiro, um tribunal alemão condenou um ex-membro da polícia secreta de Assad por facilitar a tortura de prisioneiros. Eyad Al-Gharib foi condenado a quatro anos e meio de prisão por cumplicidade em crimes contra a humanidade.

O médico sírio é acusado de verter álcool sobre os órgãos genitais de dois homens, ateando fogo de seguida. É ainda acusado de torturar outras nove pessoas, em 2011, e de ter espancado um recluso que estava ter um ataque epiléptico. Poucos dias depois, administrou-lhe-lhe um fármaco, tendo este morrido sem ser determinada a causa exata.

A acusação lista outros casos de tortura. Mousa também é acusado de abusar de internos no hospital militar de Mezzeh, em Damasco, entre o final de 2011 e março de 2012.

“Crimes graves contra a sociedade civil da Síria não acontecem apenas nos centros de detenção dos serviços de inteligência. O sistema de tortura e extermínio (…) é complexo e só existe graças ao apoio de uma ampla variedade de atores”, disse o secretário-geral do Centro Europeu para os Direitos Constitucionais e Humanos, Wolfgang Kaleck.

“Com o julgamento [de Mousa], o papel dos hospitais militares e das equipas médicas neste sistema pode ser abordado pela primeira vez”, disse, acrescentando: “A violência sexual está a ser usada como arma contra a oposição na Síria”.

Taísa Pagno //

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