Médico que defende remédio para piolhos contra a covid recebeu 224 mil euros da farmacêutica

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(cv) saudeonline.pt

António Pedro Machado é um dos maiores defensores do uso de ivermectina para tratar a covid-19. O médico recebeu, desde 2014, 224 mil euros da farmacêutica.

Em dezembro de 2020, um grupo de médicos norte-americanos fez um apelo ao Senado para que se começasse a dar uso à ivermectina — um medicamento que costuma ser usado para os piolhos — no combate à pandemia. Em Portugal houve um pedido semelhante, mas o ceticismo sempre foi grande.

A ivermectina é um nome familiar para quem tem cavalos ou vacas, já que é usado como um desparasitante para animais.

A FDA não aprovou a Ivermectina no tratamento da covid-19 e o remédio não é anti-viral — ou seja, não cura vírus. “Vocês não são cavalos. Vocês não são vacas. A sério, malta. Parem”, avisou a entidade.

O Infarmed também garantiu que não há dados científicos que comprovem a eficácia deste tratamento no combate ao SARS-CoV-2.

Jair Bolsonaro também foi um dos defensores do uso do medicamento. Ainda em dezembro, o Presidente brasileiro voltou a defender o uso de ivermectina e de hidroxicloroquina contra a covid-19.

O medicamento também foi defendido por alguns médicos em Portugal, nomeadamente por António Pedro Machado. Segundo a CNN Portugal, o médico foi patrocinado e prestou consultoria à filial portuguesa do laboratório que produz o medicamento na Índia.

Ao todo, o médico internista recebeu da empresa 224.184 euros desde 2014, uma parte através de patrocínios à empresa, outra parte através da prestação de serviços de consultoria à filial portuguesa.

Contactado pela CNN Portugal, António Pedro Machado confirmou que prestou serviços de consultoria à farmacêutica, mas recusou comentar sobre um eventual conflito de interesses.

“Isto é uma campanha para me calar”, disse o presidente da comissão científica e organizadora da Update em Medicina, considerando que as acusações são “de uma desonestidade gigantesca”.

António Pedro Machado não é caso único. José Almeida Nunes, Helena Alves, Henrique Carreira e Pedro Ferreira também defenderam o uso de invermectina para tratar a covid-19.

ZAP //

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6 Comments

    • Caro leitor,
      Abstenha-se por favor de usar termos injuriosos para se dirigir aos testantes leitores, ou aos jornalistas do ZAP.
      Quando o fizer, terá perdido o seu tempo e a oportunidade de expor as suas (se calhar interessantes e pertinentes) opiniões — a troco de satisfazer essa necessidade gratuita de insultar quem faz o seu trabalho.

  1. É medicamento de uso humano em diversos países, por exemplo Brasil e EUA, para tratar outras doenças, nomeadamente diversas parasitoses: é seguro para uso humano.
    A ideia de o usar contra a Covid não é a priori um disparate sem fundamento teórico. Há ensaios clínicos a decorrer e até estarem concluídos não há avaliação fidedigna sobre a sua eficácia.
    Não é um medicamento com especial interesse económico porque a sua patente já expirou, portanto qualquer empresa o pode fabricar e comercializar e é extremamente barato.

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